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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Cine Especial: Os Melhores de 2021 e um Feliz 2022

Ataque dos Cães

2021 não foi um ano fácil. Continuamos com os mesmos problemas de 2020, onde um vírus ainda nos assombra e tirando de nós entes queridos que não precisavam terem perecido. O cinema, por sua vez, sobreviveu em meio aos percalços, mesmo quando todas as salas estavam fechadas e que, convenhamos, os streamings realmente foram uma verdadeira salva guarda. Por enquanto os cinemas estão reabertos, mas não podemos nos esquecer de continuarmos tendo cuidado e se continuarmos tendo esse pensamento o cenário, aos poucos, voltará ao normal ao longo do tempo.

O cinema estrangeiro de todo o mundo nos presenteou com ótimos títulos, onde cada um fala um pouco da nossa realidade em que vivemos e tendo gerado diversos debates ao longo do ano. Já o nosso cinema nacional, mesmo com esse desgoverno que usa de todos os meios em tentar mata-lo, continua vivo e nos brindando com boas produções para serem conferidas e debatidas. "A Última Floresta", por exemplo, é mais do que um documentário, como também um filme denúncia contra aqueles que desejam que os verdadeiros donos dessa terra sejam riscados do mapa e para assim tomarem as suas terras.

"Marighella" se tornou um filme sobre a resistência, daqueles que lutam pela sobrevivência da nossa cultura e que jamais aceitará que partes da nossa história sejam esquecidas. "Aos Olhos de Ernestos" se tornou um filme gostoso de ser assistido, ao colocar duas gerações diferentes uma da outra frente a frente, mas cujo os dilemas da vida não soam muito diferentes. Já "Nuvem Rosa" surpreende pelas suas previsões sobre o comportamento humano perante um perigo invisível e fazendo a gente se perguntar até que ponto o ser humano resiste perante o isolamento.

Em tempos de negacionismo, o mundo todo foi pego de assalto pelo filme "Não Olhe Para Cima". Embora ainda seja cedo afirmar isso, eu acho que ele se tornará um dos filmes que melhor sintetize esses tempos completamente sem nexo, onde nos deparamos com uma sociedade cada vez mais alienada, acreditando no que realmente quer acreditar e não dando crédito para a voz da razão na hora H. "Ataque dos Cães", por sua vez, é aquele filme que possui várias camadas subliminares, onde cada um tira as suas próprias conclusões após terem assistido e levando consigo o filme por um bom tempo.  

Duna

Acima de tudo, eu aprecio um cinema autoral, do qual o cineasta quer nos dizer alguma coisa com relação a sua visão pessoal que possui em referência a sua realidade em volta. Denis Villeneuve, por exemplo, não somente realizou o sonho de muitos ao fazer uma versão fiel do clássico literário "Duna", como também soube dosar e alinhar a sua visão de se fazer cinema com a proposta principal do autor Frank Herbert. Posso talvez ser criticado ao colocar "Tempo" na lista, mas aprecio a persistência de  M. Night Shyamalan em fazer cinema de sua autoria mesmo com todas as regras famigeradas da indústria hollywoodiana.

Falando nela, pelo visto esta indústria novamente voltou a obter grandes lucros, principalmente através dos filmes da Marvel que, por enquanto, mantem um bom nível. Porém, é notório que o próprio estúdio busque querer se arriscar em alguns momentos, como foi no caso de "Eternos", onde chamaram a cineasta autoral Chloé Zhao para comandar o espetáculo logo após ela surpreender o mundo com o seu indispensável "Nomadland". E embora eu não coloque na lista dos melhores do ano fico feliz que "Homem-Aranha: Sem Volta para Casa" tenha conseguido trazer o grande público para dentro das salas, pois não existe sinfonia melhor para um cinéfilo do que ouvir risos, choros e aplausos dentro do cinema e, ao menos, esse tipo de filme espetáculo consegue obter esse grande feito em trazer vida novamente dentro da sala e sendo algo que não se sentia desde que começou a pandemia.

Por fim, deixo abaixo a minha lista pessoal sobre os melhores do ano de 2021 e desejo a todos um feliz 2022. Que o ano novo que está vindo seja realizado os nossos sonhos, que tenhamos novos desafios, que derrotemos aqueles que desejam abaixar as nossas cabeças e que possamos prevalecer a nossa cultura e democracia.  

A Última Floresta


Top 10 do Cinema Estrangeiro  


 Ataque dos Cães 

2º Não Olhe Para Cima 

Duna 

Nomadland  

Meu Pai 

O Homem Que Vendeu a Sua Pele  

A Noite do Fogo 

Noite Passada em Soho 

No Ritmo do Coração 

10º Tempo 


Top 10 do Cinema Nacional  


A Última Floresta 

Marighella 

Aos Olhos de Ernesto 

Um Animal Amarelo 

A Febre 

Nuvem Rosa  

Pacarrete 

Porque Você Não Chora?  

A Menina Que Matou os Pais  

10º Vaga Carne 


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quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (30/12/21)

 Turma da Mônica: Lições

Sinopse: Em Lições, Mônica (Giulia Benitte), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) fogem da escola. Agora, terão que encarar as suas consequências, e elas não serão poucas. Nesta nova jornada, a turma descobrirá o real valor e sentido da palavra amizade. 


SING 2

Sinopse: Em breve o novo capítulo da franquia animada da Illumination retorna com grandes sonhos e canções de sucesso espetaculares, enquanto o coala Buster Moon e seu elenco de estrelas se preparam para lançar sua performance de palco mais deslumbrante até então... na radiante capital mundial do entretenimento. Há apenas um obstáculo: eles primeiro precisam convencer o astro do rock mais recluso do mundo - interpretado na versão original pelo lendário ícone da música, Bono, em sua estreia no cinema de animação - a se juntar a eles.


O FESTIVAL DO AMOR

Sinopse: Em O Festival do Amor, acompanhamos Mort Rifkin (Wallace Shawn), um crítico de cinema que viaja para Espanha, com sua esposa Sue (Gina Gershon), para acompanhar o festival de San Sebastian. Rifkin sente ciúmes da relação de sua esposa com um diretor francês e desconfia que os dois tem um caso. Porém, ele mesmo se vê interessado em uma jovem espanhola. Esses relacionamentos extraconjugais acabam influenciando consideravelmente o casamento dos dois.


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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Cine Dica: Streaming: ' Star Wars - Vision'

 Sinopse: Nove curtas que exploram novas histórias do universo expandido.



Desde que George Lucas lançou em 1977 "Star War - Uma Nova Esperança" não houve somente três trilogias, como também filmes derivados, séries, desenhos, HQ, games, livros e diversos outros meios para explorar esse universo vasto. Chamamos isso de "o universo expandido", mas do qual é preciso ser muito fã para acompanhar tudo o que já foi lançado desde o final dos anos setenta. Infelizmente nem tudo foram flores ao longo desse percurso.

Desse universo expandido algumas coisas vieram a nos surpreender como "Rogue One: Uma História Star Wars" (2016), que embora seja uma trama que se passe antes dos eventos do episódio IV, ao mesmo tempo, ele pode ser visto independente de ser ou não fã da saga como um todo. E se por um lado "Han Solo" (2018) tenha desapontado alguns, por outro lado, "O Mandaloriano" (2019) se tornou uma das melhores coisas já realizadas para o universo expandido. Mas eis que surge agora "Star Wars - Vision" (2021), que não só nos apresenta novas histórias, como também nos leva para outros terrenos ainda desconhecidos com relação a mitologia dos Jedis.

"Visions"  é uma série de antologia que celebra a franquia "Star Wars" a partir de diferentes curtas no estilo anime. A cada episódio, um animador ou estúdio de animação japonês coloca sua lente sobre o universo criado por George Lucas, compartilhando o resultado com o público. Ao todo, são 10 visões fantásticas que, juntas, trazem uma perspectiva nova e multicultural para a Galáxia tão, tão distante.

Ao longo de sua vida George Lucas sempre deixou claro que bebeu da fonte da mitologia japonesa para a construção do seu universo. Em alguns curtas, por exemplo, se vê uma clara referência ao cinema samurai e para aqueles que conhecem a filmografia do mestre Akira Kurosawa verá ali elementos já vistos nos clássicos "Yojimbo - O Guarda-Costas" (1961) e "A Fortaleza Escondida" (1958). Por outro, principalmente pelo fato de as tramas serem feitas por desenhistas japoneses, há claras referências aos animes clássicos, como no caso de "Astro Boy".

Mas talvez o maior feito desses animes é saber explorar elementos até antes nunca vistos com relação a figura dos Jedis e com relação a sua principal arma que é o sabre de luz. Além de conhecermos novos personagens dos dois lados da força ficamos sabendo também como é feito um sabre de luz e dos motivos que levam os Jedis terem sabres coloridos enquanto os Sith possuírem sabres vermelhos. Curiosamente, tudo é muito bem explicado, onde os seus protagonistas são muito bem construídos e todo esse feito em curtas dos quais possuem no máximo quinze minutos.

"Star Wars - Vision" é uma grata surpresa para os amantes desse universo criado por George Lucas e provando que há ainda muito ser explorado nesta galáxia tão distante.  


Onde Assistir: Diney+


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 30 DE DEZEMBRO DE 2021 A 5 DE JANEIRO DE 2022 na Cinemateca Paulo Amorim

 SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

DEVIDO AO FERIADO DE ANO NOVO, NÃO HAVERÁ SESSÃO NOS DIAS 31/12/21 E 01/01/22 (SEXTA E SÁBADO).


SALA 1 / PAULO AMORIM


15h – AZOR Assista o trailer aqui.

(Suíça-Argentina-França, 2021, 100min). Direção de Andreas Fontana, com Fabrizio Rongione, Stéphanie Cléo, Carmen Iriondo. Vitrine Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: Ambientado nos anos 1980, durante a ditadura argentina, a trama acompanha Yvan, um banqueiro de Genebra que desembarca em Buenos Aires com uma missão complicada: substituir seu sócio, que desapareceu. Aos poucos, Yvan vai conhecendo os bastidores das transações de milionários argentinos que mandavam dinheiro para contas na Suíça, ao mesmo tempo em que investiga as condições em que seu colega sumiu.


17h – YALDA – UMA NOITE DE PERDÃO Assista o trailer aqui.

(Yalda – França/Bélgica/Alemanha/ Suíça/Luxemburgo/Líbano/Irã, 2020, 90min). Direção de Massoud Bakhsh, com Sadaf Asgari, Behnaz Jafari, Babak Karimi. Imovision, 12 anos. Drama.

Sinopse: Maryam e Mona cresceram no Irã e se tornaram grandes amigas – até o dia em que o pai de Mona resolve se casar com Maryam, 40 anos mais jovem que ele. Quando Maryam mata o marido acidentalmente, as leis do país a condenam à morte. E Mona é a única que pode salvá-la – mas o perdão (ou não) será ao vivo, em um reality show da TV. O filme foi o vencedor do grande prêmio do júri no Festival de Sundance 2020.


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 – UMA VEZ EM VENEZA Assista o trailer aqui.

(When in Venice - Brasil/Colômbia/Alemanha/Itália, 2020, 75min) Direção de Juan Zapata, com Peter Ketnath e Bella Carrijo. Zapata Filmes, 14 anos. Romance.

Sinopse: O alemão Maximilian e a brasileira Maria se conhecem por acaso em um hotel no norte da Itália. Mesmo com visões distintas em relação ao que é o amor, eles decidem se juntar para realizar um sonho em comum: visitar Veneza, uma das cidades mais românticas do mundo.


16h30 – CONTOS DO AMANHÃ Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 85min). Direção de Pedro de Lima Marques, com Bruno Barcelos, Duda Andreazza, Anderson Vieira, Bruno Krieger, Daiane Oliveira. Bactéria Filmes, 14 anos. Aventura/Ficção Científica.

Sinopse: Em 2165, o sequestro de uma garota chamada Michele coloca a cidade-estado Porto 01, o último reduto humano, em guerra. Jeferson, um adolescente que vive em 1999, na véspera do bug do milênio, recebe misteriosos áudios do futuro. Com uma Internet muito lenta, ele precisará encontrar uma forma de salvar a humanidade. Produção gaúcha que se destaca pelos cenários e efeitos visuais, o filme une passado e futuro com computadores 486 e uma visão do século XXII a partir de naves e aparatos high-tech.


18h30 – FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS 2021

ÚLTIMAS SESSÕES

Tabela com sinopses abaixo.


QUINTA, DIA 30 DE DEZEMBRO ÀS 18h30

ADEUS, IDIOTAS

(Adieu les cons, 90min). Direção de Albert Dupontel.

Sinopse: Aos 43 anos, Suze Trappet descobre que está seriamente doente e decide ir procurar a criança que abandonou quando tinha 15 anos. Nesta busca, ela conhece JB, um quinquagenário em pleno esgotamento mental, e Mr. Blin, um arquivista cego de um entusiasmo impressionante.


DOMINGO, DIA 02 DE JANEIRO ÀS 18h30

ILUSÕES PERDIDAS

(Illusions Perdues - 150min). Direção de Xavier Giannoli.

Sinopse: Adaptado da obra de Honoré de Balzac, o filme é ambientado no século XIX e segue o jovem poeta Lucien na sua busca pela fama. Ele sai de um pequeno vilarejo do interior da França e vai viver em Paris, onde conta com ajuda de sua amante para encontrar um editor. Mas ele logo percebe que o mundo da arte é pautado por mentiras e subornos e, apesar de ser contra este sistema, decide jogar com as regras. O longa concorreu no Festival de Veneza 2021.


TERÇA, DIA 04 DE JANEIRO ÀS 18h30

MENTES EXTRAORDINÁRIAS

(Presque, 91min). Direção de Bernard Campan.

Sinopse: Dois homens dirigem-se de Lausanne para o sul da França num carro funerário. Se conhecem pouco e têm pouco em comum - ou pelo menos é o que acham.


QUARTA, DIA 05 DE JANEIRO ÀS 18h30

AS COISAS DA VIDA

(Les Choses de la Vie, 90min). Direção de Claude Sautet.

Sinopse: Pierre (Michel Picolli) sofre um grave acidente de carro e, enquanto espera por socorro, tem lembranças do passado e das duas mulheres de sua vida: a ex Catherine (Léa Massari), com quem tem um filho, e Hélène (Romy Schneider), com quem vive um conturbado relacionamento. Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes 1970, é o título clássico desta edição do Festival Varilux.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores tem direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional.

Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


Acesse nossas plataformas sociais:

https://linktr.ee/cinematecapauloamorim

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Cine Dica: Streaming: 'The Beatles: Get Back'

Sinopse: O documentário apresenta o material da gravação do álbum Get Back, que mostrava músicas mais separadas dos membros, além de exibir os acontecimentos que geraram a última apresentação pública deles em conjunto. 

Peter Jackson abraça determinados projetos com os olhos fechados, mesmo correndo sério risco de se tornar um grande fracasso. Quando ele lançou a trilogia "O Senhor dos Anéis" (2001 - 2003) ele provou que ao querer se arriscar um cineasta pode sim nos brindar com algo novo, criativo e ao mesmo tempo inesquecível. "The Beatles: Get Back" não é somente uma homenagem a uma das melhores bandas do rock de todos os tempos, como também um grande presente para todos os fãs e um dos projetos mais corajosos do ano.

Dividido em três partes, o documentário narra o processo de gravação do 12º e último álbum da banda, "Let It Be", anteriormente conhecido como "Get Back". A produção traz, na verdade, um compilado restaurado a partir de mais de 60 horas de imagens inéditas (captadas pelo cineasta Michael Lindsay-Hogg em janeiro de 1969), além de mais de 150 horas de áudio nunca antes ouvidas. Por fim, a docusérie apresenta, pela primeira vez na íntegra, a última apresentação ao vivo dos Beatles como um grupo: o inesquecível show no telhado de um prédio de Savile Row, em Londres.

Diferente do que se imagina o documentário não resgata os primeiros anos do grupo, mas sim focando os últimos dias dos mesmos ensaiando por quase um mês no estúdio. Com grande material farto em mãos, Peter Jackson aproveita ao máximo para focar não somente no modo como eles criaram determinadas músicas de sucesso, como também o lado mais humano do quarteto como um todo. Não deixa de ser interessante, por exemplo, a interatividade entre Paul McCartney e John Lennon em cena e provando que um era mente do grupo enquanto o outro era o coração pulsante a todo momento.

Curiosamente, é surpreendente a força presente de Paul McCartney em cena, pois além de ser um grande gênio da música ele conseguia saber liderar a banda a cada momento durante o trabalho, mesmo em situações em que os ânimos ficavam aflorados. Neste caso, por exemplo, é notório que George Harrison se sente várias vezes incomodado ao não conseguir inserir as suas ideias para o trabalho, ao ponto de quase desistir do projeto para o último disco. É neste cruzamento de paz e turbulência que Ringo Starr, talvez, tenha sido o único que soube jogar entre eles e não permitindo que o seu ego o dominasse a sua pessoa naqueles tempos.

O grande charme do projeto fica também por conta da presença das esposas e namoradas durante as gravações, sendo que Yoko Ono é quase uma presença constante em cena e jamais se afastando de John Lennon. Essa presença, aliás, é o que torna o documentário mais familiar, ao vermos Paul McCartney, por exemplo, brincar com a sua filha adotiva, ou quando Linda McCartney, esposa na Paul na época, tirando inúmeras fotos do grupo para ser publicada na revista Rolling Stone Magazine. O trabalho no estúdio se torna ainda mais divertido com a participações ilustres como no caso de Billy Preston, grande fã da banda e fazendo parte dessa história.

Embora longo, com mais de oito horas projeção, Peter Jackson capricha em uma edição ágil, capitando os melhores momentos do quarteto e revelando momentos até mesmo tocantes em vários momentos. Não deixa de ser emocionante, por exemplo, o olhar de tristeza de Paul McCartney ao ver George Harrison quase desistindo, ou da não presença de John Lennon em uma determinada parte do documentário. É neste ponto que Peter Jackson nos fisga emocionalmente, já que os sentimentos de Paul naquele momento pareciam um prenuncio sobre destino da banda e dos seus integrantes em um futuro próximo.

Tristezas a parte, o documentário também revela o lado provocador da banda, principalmente com relação a letra "Get Back", da qual seria a música principal do último disco. Curiosamente, alguns acharam ao longo dos anos que a música era contra os imigrantes dentro do território inglês, quando na verdade ela foi criada contra os políticos conservadores daqueles tempos. O resultado é um clássico com várias camadas subliminares e onde cada um tira as suas próprias conclusões sobre o que a banda queria falar naquele momento.

Mas o ápice do documentário se encontra em seu ato final, onde o quarteto grava as suas músicas e fazendo um grande show no telhado de um prédio de Savile Row, em Londres. Logicamente diversas pessoas começam a parar nas ruas para escutar os seus ídolos e ao mesmo tempo despertando a ira dos conservadores daqueles tempos. A tensão aumenta quando as autoridades entram no prédio querendo parar com o evento, mas nada podia ser feito, pois aquele dia acabaria se tornando histórico.

Esse seria, enfim, o último show ao vivo da banda naquele momento. Os Beatles já haviam entrado para a história naqueles tempos, mas foi nesta reta final que eles provaram que eram realmente artistas de grande talento e cuja as suas mentes criativas não poderiam ser preservadas dentro de suas cabeças, mas sim compartilhadas para o todo o mundo. Nós, os fãs em geral, agradecemos a você Peter Jackson.

"The Beatles: Get Back" é um grande presente para todos os fãs e para aqueles que apreciam músicas provocadoras e que falam mais sobre o nosso próprio mundo. 

Onde Assistir: Disney+ 

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Cine Dica: Streaming: 'Não Olhe para Cima'

Sinopse: Dois astrônomos descobrem que em poucos meses um meteorito destruirá o planeta Terra. A partir desse momento, eles devem alertar a humanidade por meio da imprensa sobre o perigo que se aproxima. 


Na análise especial que eu havia feito tempos atrás para o clássico "Dr. Fantástico ou Como Aprendi a Parar de Me Preocupar e Amar a Bomba" (1964) do mestre Stanley Kubrick eu havia destacado que o filme envelheceu muito bem, pois ainda hoje, infelizmente, somos governados por imbecis. Nos últimos tempos esses mesmos imbecis usaram todos os artifícios, principalmente as redes sociais, para alimentar os negacionistas e negar a gravidade da situação que foi e ainda é o Coronavírus. Pois bem, "Não Olhe para Cima" (2021) não é somente uma mera comédia apocalíptica, como também uma metáfora sobre esses tempos alienados e que nos encontramos completamente perdidos.

Com um elenco estelar, incluindo atrizes como Cate Blanchett, "Não Olhe Para Cima" conta a história de Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) e Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence), dois astrônomos que fazem uma descoberta surpreendente de um cometa orbitando dentro do sistema solar que está em rota de colisão direta com a Terra. Com a ajuda do doutor Oglethorpe (Rob Morgan), Kate e Randall embarcam em um tour pela mídia que os leva ao escritório da Presidente Orlean (Meryl Streep) e de seu filho, Jason (Jonah Hill). Com apenas seis meses até o cometa fazer o impacto, gerenciar o ciclo de notícias de 24 horas e ganhar a atenção do público obcecado pelas mídias sociais antes que seja tarde demais se mostra chocantemente cômico.

Adam McKay surpreendeu em 2015 com o filme "A Grande Aposta" (2015), ao criar uma comédia criativa que mostrava as engrenagens que resultou na crise financeira mundial em 2008. Portanto, era questão de tempo do cineasta em criar algo similar sobre os tempos em que vivemos, mas como a questão do coronavirus ainda é muito fresca no nosso dia a dia ele usa, portanto, a figura de um cometa como uma espécie de metáfora sobre todo esse circo de horrores em que estamos passando. Acima de tudo, ele fala das grandes  potências do mundo, como no caso dos EUA, que deveriam ter se mobilizado antecipadamente, o que não aconteceu e desencadeando assim um cenário de horror e uma divisão dentro da sociedade que se estendeu por todo o globo.

Neste último caso, essa divisão é bastante destacada no filme, principalmente quando os dois protagonistas gritam aos quatro ventos que o fim do mundo irá acontecer daqui a seis meses. Mas ao invés disso, a sociedade se encontra alienada, mais preocupada com a vida amorosa das celebridades, com os reality shows medíocres e dando mais ouvidos as opiniões de pessoas sem noção do youtube. Isso dá direito ao cineasta criar uma edição quase frenética, com o direito de nos mostrar o quadro atual da humanidade e da qual a mesma é controlada pelos simples aparelhos celulares.

O filme também faz uma grande piada sobre toda a gestão de Donald Trump, assim como todas as gestões Presidenciáveis da extrema Direita do mundo recente, que desmereceram a ciência e colocando em risco a a vida humana. Crítica ferrenha contra o Trumpismo, Meryl Streep está a vontade como uma Presidente que ela cria de acordo com a visão que ela tinha com relação ao ex-presidente Trump e fazendo de sua personagem um retrato dos líderes imbecis dos tempos hoje. Já Mark Rylance surpreende como um grande empresário da tecnologia, cuja a sua figura é uma visão sombria e pretensiosa do que era Steve Jobs e não muito diferente do que irá ser um dia Mark Zuckerberg e cujo o mesmo nos obriga a ficarmos presos ao projeto futuro da "Meta".

Tanto Leonardo DiCaprio como Jennifer Lawrence estão ótimos em seus respectivos papeis, sendo que Lawrence nos faz rir de suas atitudes após saber que a vida humana está prestes a deixar de existir e fica refletindo sobre as atitudes peculiares daqueles que se encontram no poder. Já DiCaprio nos surpreende cada vez mais em papeis em que se exige tanto o seu lado dramático como também humorístico e cuja a sua veia cômica ele já havia provado que tinha em títulos como "O Lobo de Wall Street" (2013) e "Era uma Vez em... Hollywood" (2019). Por outro lado, embora conhecido por diversas outras comédias, Jonah Hill até se esforça, mas o seu personagem se torna meio apagado em meio a tantas estrelas e cujo o seu destino final acaba se tornando uma grande ironia.

O ato final com certeza irá dividir a opinião de muitos, principalmente os negacionistas que irão se enxergar ali como pessoas imbecis e que foram enganadas pelo governo e fake news a todo momento. Mas se é para tocar na ferida não poderia ser de outra maneira, pois a mensagem final é a que fica, de que nós retrocedemos através de recursos que criamos e cujos os mesmos estão nos levando para o fundo do poço. Se uma pandemia não é o suficiente para nos despertar tão pouco será um cometa que fará as pessoas aceitarem sobre o quanto somos frágeis perante a força iminente vinda da  natureza e que sempre dará a sua última palavra.

"Não Olhe Para Cima" é um retrato da imbecilidade humana dos dias de hoje, da qual se encontra presa em seus aparelhos celulares, dividida pelos seus próprios interesses e não prestando atenção ao que realmente acontece.

Onde Assistir: Netflix 

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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Homem-Aranha: Sem Volta para Casa'

Sinopse: O Homem-Aranha precisa lidar com as consequências da sua verdadeira identidade ter sido descoberta. 

Com "Vingadores - Ultimato" (2019) se abriu a possibilidade do “Multiverso”, onde os personagens principais poderiam ter a chance de se cruzar com outras realidades e até mesmo com suas outras versões. Quando surgiu essa possibilidade muitos sonhavam com a chance do Homem Aranha atual se encontrar com as suas outras versões cinematográficas anteriores. Pois bem, eis que chega "Homem-Aranha: Sem Volta para Casa" (2021), filme que corresponde com as nossas expectativas, mas acima de tudo nos brindando com uma história digna do amigo da vizinhança.

Peter Parker (Tom Holland) precisará lidar com as consequências da sua identidade como o herói mais querido do mundo após ter sido revelada pela reportagem do Clarim Diário, com uma gravação feita por Mysterio (Jake Gyllenhaal) no filme anterior. Incapaz de separar sua vida normal das aventuras de ser um super-herói, além de ter sua reputação arruinada por acharem que foi ele quem matou Mysterio e pondo em risco seus entes mais queridos, Parker pede ao Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) para que todos esqueçam sua verdadeira identidade. Entretanto, o feitiço não sai como planejado e a situação torna-se ainda mais perigosa quando vilões de outras versões de Homem-Aranha de outros universos acabam indo para seu mundo. Agora, Peter não só deter vilões de suas outras versões e fazer com que eles voltem para seu universo original, mas também aprender que, com grandes poderes vem grandes responsabilidades como herói.

Antes de mais nada é preciso reconhecer que o filme é carregado de pura nostalgia e que fará muitos fãs dos filmes anteriores se deleitarem pelas inúmeras referências, principalmente por aqueles estrelados por Tobey Maguire. Portanto, a ideia do protagonista em querer que o mundo esqueça a sua real identidade acaba se tornando uma mera desculpa para que as portas de outras realidades se abram e saiam delas personagens queridos pelo público, como no caso dos vilões Doutor Octopus (Alfred Molina) e Duende Verde (Willem Dafoe). Esse, por sua vez, supera todas as nossas expectativas, ao tornar o seu personagem ainda mais ameaçador e afetando a vida do protagonista profundamente.

O nascimento do herói é através de tragédias, da perda de entes queridos e cujo os mesmos lhe deram ensinamentos para praticarem o bem acima de tudo. Talvez a perda seja algo que estava faltando para esse Peter Parker (Tom Holland), cuja as suas ações como herói nunca o haviam lhe afetado, até agora, e por conta disso precisará amadurecer para poder sobreviver e proteger aqueles que ele ama. Tom Holland finalmente encontra o tom certo que os seus antecessores haviam obtido e agradando o fã mais exigente que sempre reclamava de sua atuação... até agora.

Tecnicamente o filme possui um belíssimo visual, não somente de efeitos visuais caprichados, mas cuja a fotografia e edição de arte se combinam como um todo. Vale salientar a participação mais do que especial de Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), cuja a sua pessoa tem um papel fundamental em cena e graças a ele que novamente viajamos na realidade espelhada. É neste ponto, aliás, que os efeitos visuais impressionam, mesmo quando sentimos uma certa artificialidade em alguns momentos.

Logicamente estamos falando de uma aventura baseada em uma HQ e que por conta disso certas regras básicas da nossa realidade são jogadas para o lado. Se você se desligar um pouco irá se deleitar do começo ao fim do filme, mesmo quando sentimos alguns erros não explicados, como no caso da mudança do visual de Electro. Porém, isso é compensado pela boa atuação do ator James Foxx e que consegue obter a sua redenção com o personagem após o mesmo ter sido mal aproveitado em "O Espetacular Homem Aranha 2 - Ameaça do Electro" (2014).

Por fim, nesta altura do campeonato, não é preciso mais esconder de ninguém que tanto Tobey Maguire como Andrew Garfield surgem em cena. Se por um lado isso parecia uma exigência dos fãs fanáticos, do outro, a aparição dos dois é mais do que justificável, principalmente pelo fato deles surgirem após um momento traumático para Peter (Holland) e cabe os Homens Aranhas veteranos ensinarem ao mais novo de que a dor surge sempre quando a gente não quer, mas que é preciso senti-la para então conseguir prosseguir na vida.

Com a união do trio já pode-se imaginar um ato final cheio de ação, efeitos visuais mirabolantes e cuja cena de ambos juntos irá fazer inúmeros fãs gritarem nas salas do cinema ao redor do mundo. Porém, o grande acerto do seu final é possuir uma coragem necessária para que o filme não se torne previsível e com isso selando com chave de ouro os destinos de Peter, MJ (Zendaya) e Ned Leeds (Jacob Batalon) em um momento que fará os fãs rirem, chorarem e desejarem que esse Homem Aranha consiga, enfim, fazer o que estava predestinado a ser desde o princípio, um herói falho, porém, humano e que conseguimos nos identificarmos sempre quando vamos revisita-lo.

"Homem-Aranha: Sem Volta para Casa" é um filme feito de coração para os fãs do personagem e para aqueles que apreciam uma boa aventura cheia de impacto e sentimentos.


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