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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Cine Dica: Streaming: 'A Menina que Matou os Pais/O Menino que Matou Meus Pais'

Sinopse: Em 2002, Suzane Von Richthofen e Daniel Cravinhos chocaram o Brasil por serem os responsáveis pelo brutal assassinato dos pais de Richthofen. Acompanhando o julgamento dos dois, o famoso caso é recontado, buscando respostas sobre o que levou os jovens a cometerem esse crime. 

Crimes hediondos chocam as pessoas e despertam nelas o desejo de verem os criminosos serem punidos a todo custo. Porém, a sociedade se esquece que os criminosos também são seres humanos, cheio de falhas e sempre correndo o risco de escolherem um caminho sem volta. O cinema, ao menos nas últimas décadas, começou a explorar os dois lados da mesma moeda para que a gente compreendesse o que leva uma pessoa a despertar o seu Diabo no corpo.

No ótimo "Lobo Atrás da Porta" (2013), por exemplo, assistimos há duas versões diferentes de um mesmo crime, sendo que a primeira versão é apresentada no primeiro ato, mas logo a seguir os verdadeiros fatos são revelados. Já "Herói" (2003) vemos três versões diferentes de uma trama da qual leva o protagonista conseguir chegar ao imperador da China com a intenção de assassina-lo. "A Menina que Matou os Pais/O Menino que Matou Meus Pais" (2021) são dois filmes que contam a mesma história, mas cujo os seus prelúdios se diferem um do outro e fazendo a gente se perguntar qual é o verdadeiro.

Dirigido por Mauricio Eça, o filme conta a história de um crime cometido em São Paulo que chocou o Brasil. A jovem Suzane von Richthofen (Carla Diaz), junto ao seu namorado Daniel Cravinhos (Leonardo Bittencourt) e seu irmão Cristian (Allan Souza Lima), assassinaram seu pai Manfred von Richthofen (Leonardo Medeiros) e sua mãe Marísia (Vera Zimmerman). Dezoito anos depois, o caso é revisitado em ambos os filmes com perspectivas diferentes.

Não é de hoje que o cinema nos apresenta dois filmes lançados ao mesmo tempo e que mostram os dois lados da mesma história. Clint Eastwood, por exemplo, havia lançado em 2006 "Cartas de Iwo Jima" e "A Conquista da Honra", cuja a trama se passa durante uma missão na Segunda Guerra Mundial e que mostra os dois lados do conflito. No caso dos dois filmes de Mauricio Eça há uma diferença, já que assistimos a mesma trama, mas cujo os atos que desencadeou as consequências se diferem uma da outra.

Em comum ambos possuem uma edição ágil que nos prende do começo ao final de ambas as obras, assim como uma reconstituição cuidadosa sobre o início do século 21, mas cujo os costumes não são muito diferentes do que se vê hoje em dia. Em comum, ambos falam sobre a divisão de classe que ainda se encontra encravada em nossa sociedade brasileira e cujo o desejo pela posse revela o pior da pessoa ao longo de sua história. Em ambas as versões se encontram as falhas do ser humano que se acha intocável, mas que logo se percebe o quanto é falho uma vez que dá o seu derradeiro passo em falso.

Independentemente de quem foi o culpado que levou a Suzane Von Richthofen a participar desse crime, ambos os filmes revelam que ela não nasceu dessa maneira, mas sim que ela foi construída. Se na versão em que ela era abusava pelo pai soa verossímil, por outro lado, a versão em que ela foi moldada pelas atitudes do seu namorado não ficam muito distantes da possibilidade de que isso realmente ter acontecido. Pelo fato de os filmes serem somente baseados nos depoimentos de ambas as partes, ou seja, de Suzane e Daniel, ambos os projetos nasceram para colocar a gente na dúvida sobre a real origem do crime e cabe cada um tirar as suas próprias conclusões após assistirem ambas as obras.

Mas independente de qual filme é o mais coerente, Carla Diaz é o coração e alma do projeto. Depois de pagar o maior mico na última edição do BBB, atriz se reencontra consigo mesma para nos brindar com uma das grandes atuações do ano, onde ela interpreta a mesma personagem em ambas as obras, mas cuja a sua queda possui duas visões distintas uma da outra. Não importa qual foi o ponto de partida para a inevitável queda, pois em ambos os casos Suzane von Richthofen estava condenada a ser abusada, viciada e despertando o pior do seu interior e nisso Carla Diaz nos surpreende em cada cena.

Embora sejam ótimos filmes com relação a esse crime, porém, solto aqui uma opinião pessoal sobre aquela época. Ao meu ver deveria ter um terceiro filme, só que dessa vez explorando a visão dos fatos pela perspectiva da imprensa da época, sendo que essa última, em boa parte dela, sugou até a última gota sobre um crime que chocou a sociedade brasileira, mas que convenhamos, crimes hediondos como esse ocorrem no Brasil desde sempre, mas cuja a maioria nunca é acolhida pela grande imprensa por não achar de grande interesse para os donos da audiência. Tudo o que a mídia midiática faz talvez não seja realmente procurar os verdadeiros fatos, mas sim transformar tudo em um verdadeiro circo e dominar as emoções e os desejos de uma sociedade cada vez mais dominada por um jornalismo sensacionalista.

"A Menina que Matou os Pais/O Menino que Matou Meus Pais" é sobre os dois lados da mesma moeda, mas cujo os atos que moldaram a história cabe cada um tirar as suas próprias conclusões após assistirem as duas obras.     


Onde Assistir: Amazon Prime. 

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