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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: ‘Um Animal Amarelo’

Sinopse: Fernando, um cineasta falido, mergulha em uma jornada entre Brasil, Portugal e Moçambique em busca de pistas sobre o passado violento de seu avô. 

O Brasil não era um país desabitado quando foi descoberto, mas sim ele foi invadido por Portugueses que, por sua vez, roubaram a terra dos índios e sendo que esses últimos foram mortos, escravizados ou se refugiando no coração da floresta. Após isso, os poderosos começaram a invadir o continente africano, para escravizar o povo negro e traze-lo para cá como gado e servir ao homem branco. Terras invadidas e raízes misturadas, pois não temos um sangue do qual podemos dizer que é brasileiro, mas sim misturado, um cruzamento de ancestrais estrangeiros que buscavam, infelizmente, poder em outros países, nem que para isso tivesse que matar em busca de sua riqueza e glória.

Devido a essa ambição que perdura até bem recentemente, o Brasil de hoje vive em transe continuo desde o segundo golpe (político dessa vez) ocorrido em 2016, sendo que golpe após golpe perdemos cada vez mais a nossa identidade e fazendo com que não mais saibamos para onde ir. Por conta desse cenário, viver através da cultura neste país atual é o mesmo que pedir esmolas, pois vivemos em terra em que o cinema, por exemplo, está definhando e fazendo com que os realizadores reflitam em que pé estarão amanhã ou no mês próximo. "Um Animal Amarelo" (2021) retrata o indivíduo brasileiro perdendo a sua identidade ao abraçar o que os nossos antepassados faziam e se colocando em um retrocesso continuo.

Dirigido por Felipe Bragança, o filme conta a história de Fernando (Higor Campagnaro), um cineasta brasileiro que está falido. Ele cresceu assombrado pelas lembranças de seu avô e também sempre foi assombrado por um espírito moçambicano que prometia grandes riquezas. Perseguido pelo estado político e cultural do Brasil, Fernando vai a fundo em sua jornada de aventuras e milagres para descobrir seu passado.

Dividido em atos, o filme pode ser interpretado como uma metáfora sobre o Brasil de ontem e hoje, onde individuo brasileiro em busca de riquezas se perdia em sua própria busca e se vendendo em nome de um sistema que diz que não há vida bem sucedida se não se tornar um homem de seu próprio negócio. Por conta disso ficamos conhecendo o avô do protagonista no início da projeção, assim como um misterioso osso que ele vive carregando e de uma presença misteriosa que seria essa o monstro amarelo. A figura em si pode ser interpretada de diversas formas, sendo ela uma figura folclórica, ou uma entidade que faz com que os personagens centrais se lembrem do que tiraram dela.

O filme é cheio de simbolismo, sendo que os navios encalhados em uma praia distante simbolizam a vinda do homem branco a terras desconhecidas, para sim adquirir riquezas e escravizar aqueles que achavam inferiores e descartáveis. Curiosamente, Fernando sai de um Brasil à beira de mudanças após o golpe de 2016, sendo que no passado foi um país invadido, redemocratizado e voltando, portanto, à estaca zero. Ao tentar conseguir a sorte em terras estrangeiras, indo direção as suas raízes portuguesas, constatamos uma similaridade vista no filme "Terra Estrangeira" (1995), de Walter Salles, sendo que ambos os filmes falam sobre a incerteza e do desejo de viver de uma riqueza e glória, mas que se encontra muito mais distante do que se imagina.

Nos últimos capítulos da trama se constata também que a imprevisibilidade é o que domina o protagonista, ao ponto de se encontrar em um beco sem saída e sendo obrigado a rever o que havia ficado de lado em um passado que havia abandonado. O ato final é simbólico, ao vermos Fernando retornando ao Brasil forçadamente e cujo o discurso conservador e hipócrita do novo Presidente do Brasil ecoa ao fundo e tornando tudo muito mais sombrio do que imaginamos. Ao menos ele retorna ao fazer o seu filme, mesmo em um país que se encontra ainda em transe e não valorizando o seu patrimônio cultural e do qual o mesmo é jogado a própria sorte.

"Um Animal Amarelo" confronta de frente com o Brasil de hoje, que não consegue ser uma nação independente e ficando em transe diante da destruição de tudo que nos pertence.

Nota: O filme também se encontra em locação pelo Youtube. 

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