Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Cine Especial: Clube de Cinema - 'Acossado'

 SESSÃO DE SÁBADO CLUBE DE CINEMA 

Local: Cinemateca Capitólio

Data: 29/07/2022, sábado, às 10:15 da manhã

"Acossado" (À bout de souffle)

França, 1960, 90 min, 14 anos

Direção: Jean-Luc Godard

Elenco: Jean-Paul Belmondo, Jean Seberg, Daniel Boulanger


Sinopse: Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo) é um criminoso, obcecado por Humphrey Bogart. Após roubar um carro e atirar em um policial, ele vai para Paris, onde conhece Patricia Franchini (Jean Seberg), uma garota americana que vende jornais na Champs-Élysées. Poiccard tenta persuadi-la a fugir com ele para a Itália, sem lhe contar que é um foragido. Longa de estreia de Godard, marco inaugural da Nouvelle Vague francesa.


Sobre o clássico: Quando Acossado estreou no ano de 1959, atingiu o mundo do cinema como um verdadeiro choque elétrico que é sentido até mesmo nos dias de hoje. Pode-se dizer que foi o filme que deu a largada para o movimento da Nouvelle Vague, cujo o movimento tinha a intenção de passar uma vontade de renovar e de quebrar regras, e por isso atingiu em cheio os jovens agitados e politizados da época. O fim dos anos de 1950 e o inicio dos anos de 1960 representou o principio em que os jovens de todo o mundo ganharam voz alta dentro da sociedade – o nascimento do rock’n’roll, a queima de sutiãs e os protestos de maio de 1968 são reflexos diretos disso tudo. E o filme de Godard representou, principalmente nos aspectos técnicos, a chegada dessa juventude ao cinema com um frescor até então inédito.

De certa forma, não é errado enxergar em “Acossado” o elo perdido de ligação entre o cinema clássico dos anos 1950 e os filmes transgressores da década seguinte. O raciocínio é o seguinte: os críticos franceses da revista Cahiers du Cinema (Godard incluído) admiravam os diretores proscritos como Nicholas Ray que, nos EUA, dirigiam sob fortes amarras de estilo, contrabandeando para dentro dos filmes temas ousados, mas sempre de forma dissimulada. Godard não estava em Hollywood e não tinha dinheiro, mas em compensação não precisava dissimular nada. Fez “Acossado” com US$ 90 mil, do jeito que quis, e mudou o cinema para sempre de uma forma jamais vista.

Alguns anos antes, Hollywood já havia percebido que filmes sobre jovens eram um grande filão, mas sempre os fez de forma conservadora como se exigia na época . “Acossado” rompeu esse paradigma e eletrizou a juventude em todo o mundo. Até então, ninguém jamais havia visto, em filme, um personagem virar para a câmera e se dirigir diretamente ao espectador. Michael Poiccard (Jean-Paul Belmondo), o herói de “Acossado”, não só fazia isso como mandava a platéia se f… A própria personalidade do rapaz era transgressora, uma espécie de James Dean de celulóide: um ladrão de carros que roubava apenas pelo prazer da velocidade. Um jovem que gostava de se vestir bem e fumar cigarros caros. Alguém cuja única preocupação era viver o momento, sem dar bola para o futuro; alguém para quem o amanhã é sempre longe demais. A filosofia “viva aqui e agora”, sempre tão sedutora para os jovens, acabava de ganhar um ícone cinematográfico.

“Acossado” possui apenas um fiapo de história; o que importa no filme de Godard é menos o enredo e mais a forma de contá-lo. Trata-se da história de um rapaz francês, o já citado Poiccard, que está apaixonado por uma garota norte-americana (Jean Seberg). A moça, que passa uma temporada em Paris, gosta dele – e de muitos outros rapazes. Ela dorme a cada noite com um homem diferente, e encara essa atitude com uma naturalidade que deve ter chocado os puritanos da época. Patricia Franchisi (nome dela) também virou ícone para as garotas. O corte de cabelo curto, as minissaias e o comportamento libertário viraram uma coqueluche entre as jovens francesas do começo dos anos 1960.

Quando o filme começa, Poiccard acabou de roubar um carro em Marselha e dirige para Paris em alta velocidade. Ele é seguido por um policial e acaba tendo que matá-lo para não ser preso. O resto do filme trata dos esforços do rapaz para fugir da polícia e, ao mesmo tempo, conquistar o coração de Patricia. Godard filma tudo isso com um senso de urgência impressionante, um ritmo nervoso acentuado pela montagem inovadora, que pula no meio das cenas como um disco de vinil arranhado. “Acossado” foi o primeiro filme a apresentar uma técnica chamada de “jump cut”, em que os cortes quebram a sensação de continuidade e surgem nos momentos mais inesperados, apenas para acelerar o ritmo geral. Observe, por exemplo, como os cortes rápidos dão à perseguição de carro que abre o filme uma sensação alucinante.

O longa-metragem surgiu de uma idéia de François Truffaut, que escreveu o roteiro a partir de uma notícia de jornal e o entregou ao amigo Godard. Nos anos seguintes, os dois diretores foram se afastando, tanto em termos de temática quanto na parte técnica (Godard sempre gostou de experimentar novidades, enquanto Truffaut preferia mergulhar no personagem em detrimento da técnica). Juntos, porém, os dois foram capazes de criar um clássico instantâneo, um filme de transição entre dois períodos difíceis do cinema. “Acossado” fez Hollywood acelerar a montagem dos seus filmes, introduziu novas modas entre os jovens e foi, por isso, influência básica para diretores como Arthur Penn e William Friedkin, gente que renovaria o combalido cinema norte-americano do pós-guerra, alguns anos depois. Por isso é um filme que todos os cinéfilos deveriam ter em casa.

    Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  
Instagram: @ccpa1948 

Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin e Instagram.  

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (28/07/2023)

 MANSÃO MAL-ASSOMBRADA

Sinopse: Inspirado na atração clássica do parque temático, Mansão Mal-Assombrada é sobre uma mulher e seu filho que alistam uma equipe heterogênea dos chamados especialistas espirituais para ajudar a livrar sua casa de invasores sobrenaturais. 



MISSÃO DE SOBREVIVÊNCIA

Sinopse: Tom Harris (Gerard Butler) é um agente secreto da CIA que está em uma ação no Oriente Médio. Depois de ter sua explosiva missão e identidade reveladas, Harris se vê encurralado no coração de um território hostil. 



O CONVENTO

Sinopse: Após a misteriosa morte do Padre Miguel (Steffan Cennydd), sua irmã, Grace (Jena Malone), decide viajar até o convento onde ele vivia na Escócia para descobrir o que realmente aconteceu. Sem confiar na versão oficial da Igreja, ela investiga por conta própria e descobre uma trama envolvendo assassinatos, sacrilégios e a verdade sobre seu próprio passado.



VAN GOGH – ENTRE O TRIGO E O CÉU

Sinopse: m novo olhar sobre Van Gogh através do legado da maior colecionadora do artista, Helene Kröller-Müller que, no início do século XX, acabou por comprar quase 300 das suas obras, pinturas e desenhos.


    Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  
Instagram: @ccpa1948 

Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin e Instagram.  

Cine Dica: CINEMATECA PAULO AMORIM - PROGRAMAÇÃO DE 27 DE JULHO A 2 DE AGOSTO DE 2023

Alma Viva


 SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES

A nova semana da Cinemateca Paulo Amorim traz duas estreias em nossas salas: a fábula portuguesa ALMA VIVA e o drama histórico britânico BLUE JEAN. Também teremos a pré-estreia do longa gaúcho DEPOIS DE SER CINZA, do diretor Eduardo Wannmacher.

Seguem em cartaz o documentário MÁQUINA DO DESEJO, festejado pelo público fã do Teatro Oficina; O CRIME É MEU, uma adaptação de François Ozon; A SINDICALISTA, em que Isabelle Huppert vive uma personagem inspirada em fatos reais; e A NOITE DO DIA 12, um filme de investigação sobre feminicídios.

A semana traz duas sessões especiais, incluindo o lançamento da websérie MISTURADOS com uma homenagem a Bebeto Alves, e a estreia do documentário RIO DOS SINOS – O CAMINHO DAS ÁGUAS.


Confira nossa programação e o portal do cinema gaúcho em www.cinematecapauloamorim.com.br


SALA PAULO AMORIM


14h45 – O CRIME É MEU Assista o trailer aqui.

(Mon Crime - França, 2023, 102min). Direção de François Ozon, com Nadia Tereszkiewicz, Rebecca Marder, Fabrice Luchini, Isabelle Huppert. Imovision, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Madeleine é uma jovem atriz que assume o assassinato de um famoso produtor na tentativa de ficar famosa. Sua melhor amiga, a advogada Pauline, resolve defendê-la nos tribunais com a perspectiva de ganhar algum dinheiro. Elas se saem bem no suposto golpe, mas não demora muito para a verdade vir à tona. A peça que inspirou o filme estreou em 1934 na França e já foi adaptada duas vezes para o cinema: “Confissão de Mulher” (1937) e “A Mentirosa” (1946).  


16h45 – A NOITE DO DIA 12 Assista o trailer aqui.

(La nuit du 12 - Bélgica/França, 2022, 115min). Direção de Dominik Moll, com Bastien Bouillon, Bouli Lanners, Théo Cholbi. Pandora Filmes, 14 anos. Drama policial.

Sinopse: Foi na noite de 12 de outubro que Clara, uma garota de 21 anos, foi assassinada. Aparentemente, ela não tinha inimigos - apenas se apaixonava facilmente. O detetive Yohan assume o caso e começa a se envolver emocionalmente com a vida da vítima, ampliando os interrogatórios e as suspeitas sobre o crime. Vencedor de quatro prêmios César (incluindo filme e direção), o filme é baseado em um capítulo do livro de Pauline Guéna, que acompanhou durante um ano uma equipe de polícia em Versalhes.


19h – O CRIME É MEU

(Mon Crime - França, 2023, 102min). Direção de François Ozon, com Nadia Tereszkiewicz, Rebecca Marder, Fabrice Luchini, Isabelle Huppert. Imovision, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Madeleine é uma jovem atriz que assume o assassinato de um famoso produtor na tentativa de ficar famosa. Sua melhor amiga, a advogada Pauline, resolve defendê-la nos tribunais com a perspectiva de ganhar algum dinheiro. Elas se saem bem no suposto golpe, mas não demora muito para a verdade vir à tona. A peça que inspirou o filme estreou em 1934 na França e já foi adaptada duas vezes para o cinema: “Confissão de Mulher” (1937) e “A Mentirosa” (1946).  

SEXTA, DIA 28, ÀS 19h – ENTRADA FRANCA

MISTURADOS

(Brasil, 2021, 24min). Direção de Luiz Alberto Cassol, Ricardo Almeida e Richard Serraria. Livre.

Sinopse: Exibição do primeiro episódio da websérie MISTURADOS, dedicado ao músico Bebeto Alves (1954 - 2022). A série, que estreia em breve na TVE-RS, destaca a trajetória de sete artistas gaúchos e propõe uma reflexão sobre questões contemporâneas da nossa cultura. 

Seguida de debate com os diretores.


QUARTA, DIA 2, ÀS 19h

DEPOIS DE SER CINZA – PRÉ-ESTREIA

(Brasil, 2019, 92min). Direção de Eduardo Wannmacher, com João Campos, Elisa Volpatto, Suzy Messina. Boulevard Filmes, 16 anos. Drama.

Sinopse: Isabel, Suzy e Manuela são três mulheres que se envolveram com Raul em momentos e lugares distintos e têm opiniões bem diversas sobre ele. A história, que transita entre cidades do Brasil e da Croácia, faz um retrato dos relacionamentos contemporâneos, em um mundo onde as fronteiras estão cada vez mais esmaecidas. O filme marca a estreia de Wannmacher na direção de longas.

Seguida de debate com o diretor e convidados.


SALA EDUARDO HIRTZ


15h15 – O ÚLTIMO ÔNIBUS Assista o trailer aqui.

(The Last Bus – Reino Unido, 2022, 92min). Direção de Gillies MacKinnon, com Timothy Spall, Phyllis Logan, Grace Calder. Pandora Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: Depois da morte da esposa, Tom Harper sai do lugarejo onde viviam, no norte da Escócia, decidido a cumprir uma promessa. Para isso, ele vai fazer uma viagem de ônibus por 1.400 quilômetros até o sul da Inglaterra, usando seu passe gratuito de idoso. No percurso, enfrenta percalços, conhece pessoas gentis e desafia as limitações da idade – ao mesmo tempo em que revisita o seu passado e se depara com um país diverso e multicultural.


17h – MÁQUINA DO DESEJO – OS 60 ANOS DO TEATRO OFICINA Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 109min). Documentário de Joaquim Castro e Lucas Weglinski. Descoloniza Filmes, 16 anos.

Sinopse: Em homenagem à trajetória do Zé Celso Martinez Corrêa (1937 – 2023), o documentário mostra a revolução provocada pelo Teatro Oficina na cena cultural do país desde os anos tropicalistas. Os dois diretores mergulharam no precioso acervo audiovisual da Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona para revisitar uma história que envolve personalidades como Caetano Veloso, Glauber Rocha, Lina Bo Bardi, Chico Buarque e Zé do Caixão e mistura arte e vida na busca de uma linguagem verdadeiramente brasileira sob o comando de Zé Celso. O filme foi visto em 10 festivais no Brasil e exterior, com vários destaques – incluindo o prêmio especial do júri no Festival de Cinema da Fronteira em 2021.


19h15 – BLUE JEAN

(Reino Unido, 2022, 97min). Direção de Georgia Oakley, com Rosy McEwen, Kerrie Hayes, Lucy Halliday. Synapse Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Inglaterra, final dos anos 1980. O governo conservador de Margaret Thatcher realiza uma campanha contra a população LGBT, incentivando a discriminação em locais públicos e ambientes de trabalho. Jean, uma professora de educação física lésbica, não se sente confortável com sua orientação sexual e prefere levar uma vida dupla – enquanto vários de seus amigos e amigas preferem confrontar o sistema. O filme foi o vencedor do prêmio do público no Festival de Veneza 2022. 


(NÃO HAVERÁ SESSÃO NA QUARTA, DIA 2)


QUARTA, DIA 2, ÀS 19h30 – ENTRADA FRANCA

RIO DOS SINOS – O CAMINHO DAS ÁGUAS

(Brasil, 2022, 50min). Documentário de Pedro Zimmermann.

Sinopse: O filme investiga os contextos histórico, sociocultural e ambiental de um dos rios mais importantes do Rio Grande do Sul. O Rio dos Sinos nasce na região de Caraá e percorre 190 km até desembocar no Delta do Rio Jacuí, em Canoas. Ao longo do percurso, conhecemos moradores e profissionais que atuam na região.


SALA NORBERTO LUBISCO


14h30 – ALMA VIVA - ESTREIA Assista o trailer aqui.

(Portugal, 2022, 85min). Direção de Cristèle Alves Meira, com Lua Michel, Ana Padrão, Jacqueline Corado. Imovision, 12 anos. Drama.

Sinopse: A cada verão, a pequena Salomé, filha de imigrantes portugueses que vivem na França, vai passar férias em um vilarejo no interior de Portugal. Lá vive sua avó, com quem Salomé tem uma relação muito próxima e que é considerada bruxa pelos outros habitantes da aldeia.


16h15 – A SINDICALISTA Assista o trailer aqui.

(La Syndicaliste - França, 2022, 121min). Direção de Jean-Paul Salomé, com Isabelle Huppert, Grégory Gadebois, François-Xavier Demaison. Synapse Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: O filme mostra a trajetória de Maureen Kearney, uma representante sindical francesa que denunciou acordos secretos da França com a China e abalou a potente indústria nuclear em seu país no início dos anos 2000. Maureen viveu tempos difíceis, já que sua denúncia resultou em episódios de intimidação, uma agressão em sua própria casa e até o rótulo de vilã dos fatos.  O filme é baseado em um livro-reportagem escrito pela jornalista francesa Caroline Michel-Aguirre, da revista Le Nouvel Observateur.


18h30 – ALMA VIVA - ESTREIA

(Portugal, 2022, 85min). Direção de Cristèle Alves Meira, com Lua Michel, Ana Padrão, Jacqueline Corado. Imovision, 12 anos. Drama.

Sinopse: A cada verão, a pequena Salomé, filha de imigrantes portugueses que vivem na França, vai passar férias em um vilarejo no interior de Portugal. Lá vive sua avó, com quem Salomé tem uma relação muito próxima e que é considerada bruxa pelos outros habitantes da aldeia.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 14,00 (R$ 7,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 16,00 (R$ 8,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTE BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES MEDIANTE PAGAMENTO COM O CARTÃO DO BANCO.

Estudantes devem apresentar Carteira de Identidade Estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


Acesse nossas plataformas sociais:

https://linktr.ee/cinematecapauloamorim

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Cine Especial: Sessão de Domingo Clube de Cinema - 'O Crime é Meu'

Local: Sala Paulo Amorim, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana


Data: 30/07/2023, domingo, às 10:15 da manhã

"O Crime é Meu" (Mon Crime)

França, 2023, 102min, 14 anos

Direção: François Ozon

Elenco: Nadia Tereszkiewicz, Rebecca Marder, Fabrice Luchini, Isabelle Huppert


Sinopse: Madeleine é uma jovem atriz que assume o assassinato de um conhecido produtor na tentativa de ficar famosa. Sua melhor amiga, a advogada Pauline, resolve defendê-la nos tribunais com a perspectiva de ganhar algum dinheiro. Elas se saem bem no suposto golpe, mas não demora muito para a verdade vir à tona. A peça que inspirou o filme estreou em 1934 na França e já foi adaptada duas vezes para o cinema: “Confissão de Mulher” (1937) e “A Mentirosa” (1946).  

Sobre o Filme: François Ozon é um diretor autoral versátil, sabendo muito bem realizar tanto obras dramáticas, como também a mais pura comédia. Portanto, é interessante observar as diferenças gritantes entre o recente "Está Tudo Bem" (2021) da sua clássica comédia "8 Mulheres" (2002). Em "O Crime é Meu" (2023) ele novamente retorna para uma comédia ácida e puramente divertida.

Na trama, Madeleine (Nadia Tereszkiewicz) é uma atriz jovem, pobre e sem talento, acusada em 1930 de assassinar um famoso produtor. Sua melhor amiga, Pauline (Rebecca Marder), uma advogada desempregada, a defende, e a jovem é absolvida por legítima defesa. Então uma nova vida de fama e sucesso começa para Madeleine, mas os dias de glória rapidamente chegam ao fim. Quando a verdade por trás do crime é finalmente revelada, Madeleine pode perder toda a notoriedade que alcançou. O filme é uma adaptação livre da peça francesa de 1934, Mon crime, de Georges Berr e Louis Verneuil.

Com uma belíssima fotografia, alinhado com uma edição de arte caprichada, a Paris vista aqui no filme é quase caricata daqueles tempos, mas que não se difere muito da realidade, pois a própria atualmente já é um tanto que absurda em alguns momentos. Na realidade, o filme toca em alguns pontos que são discutidos hoje em dia, desde a celebridades instantâneas, como também as mesmas ganharem notoriedade graças aos crimes que cometem. Qualquer semelhança com o clássico americano "Chicago" (2002] não é mera coincidência, já que ambos os filmes tocam nas mesmas questões espinhosas.

Com um ritmo dinâmico, o filme possui um tom cartunesco, quase como um desenho animado e que remete aos bons tempos em que se fazia comédias inteligentes e nunca descartáveis para dizer o mínimo. Além disso, o filme presta uma bela homenagem ao cinema mudo, principalmente nos momentos em que a história volta para a cena do crime em diversas versões e cujo atores se saem bem até mesmo no modo em que se movimentavam os intérpretes de antigamente. Nunca é demais homenagear como se fazia cinema daqueles tempos e dos quais ainda são os melhores para dizer o mínimo.

De elenco destaco a dupla principal da trama, sendo que tanto Nadia Tereszkiewicz como Rebecca Marder nos brindam com atuações cheia de energia e cuja personagens possuem uma carga de ambiguidade com relação as suas reais intenções dentro da história. Curiosamente, os reais sentimentos da última não são exatamente bem explorados, porém, fica aquela sensação subliminar que somente entendemos quando nós assistimos. Além disso, o filme possui um teor crítico sobre a forma como a Justiça julgava as mulheres em tempos não tão distantes, mas tudo em um tom debochado, para não dizer trágico.

Vale destacar a curta, porém, poderosa participação de Isabelle Huppert. Dona de uma vasta filmografia na França, atriz se diverte em cena toda vez que aparece, ao interpretar uma atriz em decadência e que vê no famoso crime uma chance de voltar para os holofotes. Não chega ser uma figura trágica como a personagem principal do clássico "Crepúsculo dos Deuses" (1950), mas que me lembrou bastante.

Debochado e irônico, "O Crime é Meu" é um divertido filme policial a moda antiga, do qual nos diverte e nos contagia na medida em que a trama avança. 


    Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  
Instagram: @ccpa1948 

Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin e Instagram.  

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS 27 DE JULHO a 02 DE AGOSTO

 ESTREIA:

CAPITÚ E O CAPÍTULO

Brasil/ drama/2021 /75min.

Direção: Julio Bressane

Classificação Indicativa:

Sinopse: Capitu e o Capítulo aborda de forma livre a obra de Machado de Assis, Dom Casmurro. Com a proposta de ser um ensaio, o longa apresenta a personalidade complexa de Capitu, em contraste com os diálogos inventivos de Bentinho, e o amor profundo que ele sente pela moça. A paixão visceral vista através de uma nova perspectiva. O enredo também trabalha com a inquietação dos sentimentos humanos, tal qual o ciúme primitivo de Bentinho, e todas as intrigas desenvolvidas por suas paranoias.

Elenco:Mariana Ximenes,,Vladimir Brichta,Enrique Diaz

EM CARTAZ:


BRICHOS 3 MEGAVÍRUS

Brasil/ Animação/ 74min/

Direção: Paulo Munhoz

Classificação indicativa:

Sinopse: Vozes: Diegho Kozievitch, Jeff Franco, Renet Lyon, Fabiane Gouvêa, Paulo Munhoz, Tales Munhoz, Caroline Roehrig, Nana Vendruscolo e Wellington Wella

#EAGORAOQUE

Brasil/Documentário /2020/70min.

Direção: Jean-Claude Bernardet / Rubens Rewald

Sinopse: Como agir hoje politicamente? É possível mudar as coisas, as pessoas, a sociedade? E agora, o que fazer? Um intelectual e suas contradições.

HORÁRIOS DE 27 DE JULHO a 02 DE AGOSTO (não há sessões nas segundas-feiras):


15h: BRICHOS 3 MEGAVÍRUS

17h: #EAGORAOQUE

19h: CAPITÚ E O CAPÍTULO


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.


ATENÇÃO: NAS QUINTAS-FEIRAS TODOS PAGAM MEIA ENTRADA EM TODAS AS SESSÕES! CINEBANCÁRIOS :Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email:cinebancarios@sindbancarios.org.br


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405

terça-feira, 25 de julho de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Barbie'

 Sinopse: Barbie parte para o mundo humano em busca da verdadeira felicidade. 

Greta Gerwig é uma cineasta autoral e da qual fez o mundo enxergar novamente o cinema independente norte-americano a partir de sua atuação e roteiro com o longa "Frances Ha" (2012). De lá pra cá se tornou uma realizadora premiada e sendo convidada até mesmo a dirigir superproduções como "Adoráveis Mulheres" (2020), mas nunca deixando de dizer alguma coisa em suas obras e que falasse um pouco sobre o papel da mulher atual dentro de nossa sociedade. Portanto, engana-se quem acha que Greta tenha se vendido ao capitalismo desenfreado a partir do momento em que foi comandar "Barbie" (2023), pois o filme é uma crítica aos diversos assuntos e fala sobre qual é a verdadeira cruzada que as mulheres têm que trilhar atualmente como um todo.

Na trama, acompanhamos o dia a dia em Barbieland - o mundo mágico das Barbies, onde todas as versões da boneca vivem em completa harmonia. Uma das bonecas (interpretada por Margot Robbie) começa a perceber que talvez sua vida não seja tão perfeita assim, questionando-se sobre o sentido de sua existência e alarmando suas companheiras. Isso acontece quando ela começa obter as visões sobre uma menina e é então que ela decide procurá-la no mundo real para saber o que realmente está acontecendo. Porém, ela obtém a companhia de Ken (Ryan Gosling), mas mal sabendo que isso poderá gerar um sério problema.

Na abertura já temos uma vaga ideia do que estará por vir neste filme, pois Greta Gerwig presta uma bela homenagem ao clássico "2001 - Uma Odisseia no Espaço" (1968), e ao mesmo tempo, não deixa de fazer uma análise crítica sobre o mundo Patriarcado de antigamente, onde colocava as mulheres no lugar em que eles achavam no seu direito e com pensamento retrógrado. Porém, se por um lado a boneca foi criada para dizer que as jovens poderiam ser o que quiser na vida, do outro, atualmente vivemos em tempos em que nem todas são enganadas assim tão facilmente, pois a busca pelos sonhos é árdua e nem todas acabam sendo tão gloriosas. Ao mesmo tempo, o filme vem para dizer que basta ser você mesma para ser feliz e não seguir a moda que o mundo tenta ditar.

Com toda essa bagagem de mensagens na trama é obvio que muitas crianças que irão ao cinema para assistir algo que se case com as suas inocentes perspectiva não entendam tudo de forma imediata, mas cujo os pais ficaram surpresos com tamanho conteúdo adulto nas entrelinhas. Ao mesmo tempo, o filme possui um dos visuais mais interessantes do ano, principalmente com relação ao universo de  Barbieland, todo colorido, perfeito, mas ao mesmo tempo plástico e completamente bizarro. Curiosamente, isso é o que talvez o poderio norte-americano quisesse passar para a sociedade durante os anos cinquenta, cuja perfeição não escondia o seu lado falsamente real.

Em tempos atuais ninguém vive mais dessa perfeição, pois as pessoas buscam novos horizontes e não cabe mais alguém, ou o sistema governamental e religioso dizer o que você realmente ter o que fazer ou ser. É com esse pensamento em que o filme realmente engrena, principalmente quando Barbie encara o mundo real e se dando conta que as jovens não precisam mais dela e cabe ela própria procurar ser algo que no fundo ela desejou ser um dia. É então que Margot Robbie mostra porque é uma das melhores atrizes atualmente. 

É interessante observar como ela constrói para a sua Barbie um ser genuinamente inocente, mas que não esconde dentro de si algo que está batendo forte e querendo sair para finalmente conseguir respirar. A partir do momento em que a personagem enxerga o mundo real em sua volta, além da maneira de como as meninas realmente se comportam em suas vidas, é quando Margot Robbie consegue descascar a sua personagem como um todo e fazendo com que quando ela solta uma lagrima não soe algo inverossímil. Não é à toa que alguns críticos andam dizendo que ela pode sim ser indicada a diversos prêmios e que com certeza irá levar alguns consigo.

Porém, é com a personagem Glória, interpretada por América Ferrera, que o filme possui o discurso mais forte da obra sobre como é impossível ser mulher. Ela reclama sobre como as mulheres nunca são suficientemente boas, ou suficientemente magras, ou suficientemente mães, entre outras demandas inalcançáveis. Nem mesmo Barbie, que é uma boneca teoricamente perfeita, está imune a isso e o que faz a mensagem principal do filme obter um peso maior como um todo.

Esse discurso, aliás, acontece justamente quando Ken vê no mundo real uma espécie de paraíso para os homens, onde a ideia do Patriarcado lhe seduz e decidindo mudar a realidade de  Barbieland  a sua maneira. Fica até mesmo difícil de imaginar se é possível tirar algo de construtivo através de um personagem como Ken, mas Ryan Gosling consegue construir para ele um ser tragicômico que desejava somente atenção, quando na verdade poderia ser somente feliz com o que tem ao invés de forçar a Barbie a gostar dele a qualquer custo. Uma representação mais do que genuína sobre o homem Alfa atual que não sabe mais para onde ir uma vez que não sabe mais como controlar a mulher, quando na verdade deveria somente em se preocupar em ser alguém melhor para si.

Mas talvez os minutos finais seja onde se encontra a mensagem principal da obra e cuja cena fará com que diversas pessoas de todas as idades soltem uma lagrima. Ao final, constatamos que as meninas não precisam serem perfeitas, mas sim elas precisam serem humanas e desfrutarem desta vida ao máximo ao serem elas mesmas. Um discurso que fará muitos setores da sociedade se enfurecerem, mas não cabe a eles dizer o que fazer, mas sim cada um de nós.

Com uma participação curta, porém, poderosa de Kate McKinnon como a Barbie Estranha, "Barbie" é um filme que vai muito mais além do que a gente imagina, ao nos colocar frente a frente com vários questionamentos sobre o mundo real em que vivemos é só temos mais do que agradecer por isso. 

    Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  
Instagram: @ccpa1948 

Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin e Instagram.  

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 25 a 30 de julho de 2023

HISTÓRIA(S) DO CINEMA DE JEAN-LUC GODARD EM EXIBIÇÃO

Nos dias 29 e 30 de julho, a Cinemateca Capitólio e a Aliança Francesa Porto Alegre exibem a versão integral da cultuada série História(s) do Cinema, criada por Jean-Luc Godard entre 1988 e 1998. O valor do ingresso (que pode ser usado para os dois programas exibidos no mesmo dia) é R$ 10,00. A mostra Godard! apresenta novas reprises dos cinco clássicos que o diretor francês realizou nos anos 1960 até o dia 30 de julho.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6481/godard/


PROJETO RAROS CELEBRA CENTENÁRIO DE SEIJUN SUZUKI

Nesta sexta-feira, 28 de julho, às 19h30, O Projeto Raros celebra o centenário de Seijun Suzuki, um dos nomes incontornáveis da Nouvelle Vague Japonesa, com a sessão de O Vagabundo de Kanto (Kanto mushushu, 1963), na Cinemateca Capitólio. A sessão conta com apresentação do crítico e professor Sérgio Alpendre. Entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6453/projeto-raros-celebra-centenario-de-mestres-asiaticos/


GRADE DE HORÁRIOS

25 a 30 de julho de 2023


25 de julho (terça-feira)

15h – O Desprezo

17h – Por Trás da Linha de Escudos

19h – Caleidoscópio: História LGBTQIA+


26 de julho (quarta-feira)

15h – O Demônio das Onze Horas

17h – Por Trás da Linha de Escudos

19h – Goj tej goj ror, as águas são nossas irmãs


27 de julho (quinta-feira)

15h – Acossado

17h – Alphaville

19h – O Desprezo


28 de julho (sexta-feira)

15h – Alphaville

17h – A Chinesa

19h30 – Projeto Raros: O Vagabundo de Kanto


29 de julho (sábado)

15h – O Demônio das Onze Horas

17h – História(s) do Cinema – Programa 1

19h – História(s) do Cinema – Programa 2


30 de julho (domingo)

15h – A Chinesa

17h – História(s) do Cinema – Programa 3

19h – História(s) do Cinema – Programa 4

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Oppenheimer'

Sinopse: O físico J. Robert Oppenheimer trabalha com uma equipe de cientistas durante o Projeto Manhattan, levando ao desenvolvimento da bomba atômica. 

Christopher Nolan se tornou o tema do meu primeiro curso que eu ministrei pelo Cine Um não somente pela sua curiosa filmografia, como também pela sua obsessão pela verossimilhança. Pelo fato de elaborar tramas que podem muito bem acontecer no mundo real isso faz com que cada ação testemunhada na tela tenha as suas consequências e por vezes irreversíveis. "Oppenheimer" (2023) é sobre atos e consequências orquestradas por um homem, que tinha a intenção de evitar uma guerra, mas deu início ao que pode provocar a extinção humana.

Baseado no livro biográfico vencedor do Prêmio Pulitzer, Prometeu Americano: O Triunfo e a Tragédia de J. Robert Oppenheimer, a trama é ambientada na Segunda Guerra Mundial, onde acompanhamos a vida de J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), físico teórico da Universidade da Califórnia e diretor do Laboratório de Los Alamos durante o Projeto Manhattan - que tinha a missão de projetar e construir as primeiras bombas atômicas. A trama acompanha o físico e um grupo formado por outros cientistas ao longo do processo de desenvolvimento da arma nuclear que foi responsável pelas tragédias nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945.

A destruição de Hiroshima e Nagasaki é com certeza um dos maiores crimes contra a humanidade e dos quais os EUA quase nunca quiseram debater, seja por medo ou até mesmo vergonha. Portanto, sempre quando um filme é lançado sobre esse assunto rende diversos debates, principalmente quando o próprio cinema norte americano levanta a questão e fazendo a gente questionar se irão ou não fazer uma autocrítica. Christopher Nolan, por sua vez, compreende a magnitude sobre o tema e procura adentrar na alma humana do criador da bomba e para isso filma como ninguém.

Defensor ferrenho do IMAX, Nolan filma com esse recurso não somente para sentirmos maiores detalhes do cenário dos eventos da trama, como também cada expressão e olhar que a gente testemunha em seus respectivos personagens principais, principalmente com relação Robert Oppenheimer. Se no passado Sergio Leone, mesmo com poucos recursos, adentrava ao máximo na mente dos seus protagonistas através de um zoom até então inédito, aqui Nolan usa a tecnologia de ponta ao seu favor para tentarmos compreender sobre o que está pensando o homem realizador da bomba do fim do mundo. Cillian Murphy entrega uma atuação poderosa, ao construir um personagem complexo, que deseja ir além de suas capacidades, mas tendo consciência do erro que estaria cometendo e sobre aqueles que se aproveitariam disso.

Com três horas de duração ao seu favor, Christopher Nolan cria um verdadeiro filme de ação, mas não com explosões ou perseguição, mas sim com diversos diálogos afiados e onde cada passagem nos explica as engrenagens sobre a criação da bomba que mudaria os rumos do mundo. Com uma edição poderosa, o filme ainda obtém maior ritmo graças a sua trilha sonora composta pelo compositor sueco Ludwig Göransson, cuja suas notas disparam em momentos em que o cineasta pede para prestarmos atenção sobre o que está acontecendo enquanto a trilha sonora vai nos acompanhando. Algo similar ao que foi visto em "A Rede Social" (2010), onde aparentemente nada acontece, mas cuja trilha aumenta a carga dramática em sua total magnitude.

Além disso, é surpreendente quando a fotografia transita entre as cores tradicionais para momentos em preto e branco, sendo que neste último caso ela sintetiza o lado frio e calculista de homens poderosos e sem nenhum escrúpulo com relação aos seus atos. É um filme político, mas ao mesmo tempo transitando entre o subgênero tribunal e destacando o momento em que os EUA estava fazendo o seu Caça às Bruxas contra o comunismo e jugando até mesmo aqueles que um dia haviam ajudado o país no passado.

Neste cenário se encontra o homem do gabinete do Presidente, Lewis Strauss, interpretado por Robert Downey Jr e cuja suas intenções transitam entre o bom senso e ambição que o alimenta. Strauss vê no protagonista alguém para ser usado a todo custo, mas uma vez sendo inútil decide destruí-lo através de investigações e julgamento. Downey está ótimo em seu personagem, ao destacar uma pessoa complexa, que sabe jogar no universo político, mas conhecendo os seus limites de perto e se dando conta que não é exatamente intocável.

Emily Blunt, por sua vez, nos brinda com uma atuação poderosa, cuja sua personagem gerará polêmicas, mas cuja sua expressão final perante a hipocrisia da política norte-americana nos faz esquecer de qualquer passo em falso vindo dela. Já Jean Tatlock, interpretada por Florence Pugh, não só representa a ala comunista perseguida dentro da trama, como também o outro lado do protagonista que o próprio não sabe controlar e se sentindo nu em determinado ponto da história. Curiosamente, Nolan faz deste momento uma forma de se desprender de qualquer regra narrativa e fazendo criar dentro de nós uma sensação desconfortante, mas que é preciso ser sentida.

Desconforto é palavra-chave para o filme como um todo, já que estamos diante de uma obra que fala passo a passo da construção da bomba da morte. Por conta disso não há glamour no momento em que ela explode, pois ela é silenciosa para desfrutarmos da beleza de algo até então inédito, para logo depois sentirmos o barulho da explosão e nos darmos conta do horror que estará por vir. Após   Hiroshima e Nagasaki, o protagonista se encontra diante de uma sociedade norte americana radiante, mas tentando conter dentro de si o peso de tal gravidade.

O filme, portanto, nos mostra que estamos impotentes perante a força de poderes que podem nos destruir a qualquer momento e cujo cientistas que ajudaram na realização de certos inventos se tornarem apenas peças que são controladas por homens poderosos. Ao fim, ao vermos a cena final do protagonista ao lado de Albert Einstein testemunhamos as suas expressões de horror por terem total juízo de que o homem se extinguira devido as suas ambições e que não haverá nenhum poder para conter infelizmente. A bomba foi disparada no final da Segunda Guerra, mas ela ainda se alastra.

"Oppenheimer" não é somente sobre a origem da bomba atômica como também o ponto inicial da extinção da raça humana. 

    Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  
Instagram: @ccpa1948 

Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin e Instagram.  

Cine Dica: Ciclo sobre vanguardas no cinema estreia na Sala Redenção

De 25 de julho a 12 de setembro, a Sala Redenção apresenta uma programação de obras cinematográficas que representam diferentes vanguardas artísticas. O ciclo “A Vanguarda no Cinema” apresenta oito sessões comentadas, realizadas às terças-feiras, às 19h, com entrada franca e aberta à comunidade em geral.

Em diálogo com as ideias de vanguarda da historiadora francesa Nicole Brenez e do belga Thierry de Duve, a programação se dedica àquelas obras que se expõem ao risco de não serem percebidas como arte, e que rompem com os limites do previsível. São filmes que trazem inovações na linguagem e no formato cinematográficos.

“A Vanguarda no Cinema” reúne representantes do movimento surrealista (“A Concha e o Clérigo”), do expressionismo (“M, O vampiro de Düsseldorf” e “Paula Modersohn-Becker – Retrato”) e da montagem russa (“Um homem com uma câmera” e “Outubro”). Além disso, a programação apresenta obras de dois diretores que inovaram na produção de documentários: o alemão Harun Farocki (“Videogramas de uma revolução” e “Imagens do mundo e inscrições da guerra”) e o francês Chris Marker (“Sem Sol”).

O ciclo está vinculado à disciplina “Seminários de Tópicos Especiais: Cinema de Vanguarda e Vanguardas Artísticas”, do bacharelado em Artes Visuais da UFRGS, ministrada pelo professor Luís Edegar de Oliveira Costa. Os alunos da disciplina, juntamente com Luís Edegar, são os responsáveis pela curadoria do ciclo e participam dos debates após cada sessão. Algumas exibições contam ainda com a correalização do Instituto Goethe Porto Alegre e da Aliança Francesa Porto Alegre.

O cinema da UFRGS está localizado no campus central da universidade, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333. Confira a programação completa no site oficial clicando aqui.