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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Cine Dica: Streaming: 'Ataque dos Cães'

Sinopse: Um fazendeiro durão trava uma guerra de ameaças contra a nova esposa do irmão e seu filho adolescente, até que antigos segredos vêm à tona. 

O lado sutil de cenas de determinados filmes pode falar muito mais do que palavras ditas ao longo da história. Pegamos como exemplo "Gosto de Cereja" (1997) do mestre Abbas Kiarostami, onde vemos um protagonista lutando contra os seus desejos e querendo por fim através do suicídio. Para o olhar mais atento se percebe que o personagem é gay, mas o assunto nunca é tratado de uma forma explicita, principalmente pelo fato de o filme ser feito no Irã e cuja as questões LGBT ainda hoje é um grande tabu por lá.

Embora aja direitos e liberdade de expressão, essa questão ainda é vista como preconceito em alguns setores dos EUA, principalmente em estados como Texas. "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005), veio para nos mostrar que essas pessoas já existiam há muito tempo, mesmo em território conservador e opressor. É então que chegamos ao filme "Ataque dos Cães" (2021), onde o lado sutil desvenda muito mais sobre a pessoa do que meras palavras ditas.

Dirigido por Jane Campion, do filme "O Piano" (1993), o filme conta a história de Phil (Benedict Cumberbatch) e George (Jesse Plemons), dois irmãos ricos e proprietários da maior fazenda de Montana. Enquanto o primeiro é brilhante, mas cruel, o segundo é a gentileza em pessoa. A relação dos dois vai do céu ao inferno quando George se casa secretamente com a viúva local Rose (Kirsten Dunst). O invejoso Phil fará de tudo para atrapalhá-los, porém, o filho de Rose chamado Peter (Kodi Smit-McPhee) se torna uma peça misteriosa neste tabuleiro.

Jane Campion procura não fazer um prologo contando as raízes daquele cenário, mas sim logo nos apresentando os personagens e cuja as suas origens são reveladas através dos diálogos dos mesmos. Ao mesmo tempo ela nos revela um cenário que não é muito diferente daqueles vistos nos faroestes de antigamente, porém, aqui não há o embate entre o mocinho e bandido, mas sim seres humanos que duelam contra os seus próprios desejos reprimidos além de serem assombrados por lembranças do passado.

Falando nisso, é notório que os principais personagens da trama sejam atraidos por lembranças do passado, mais precisamente por pessoas que marcaram as suas vidas e mesmo depois de mortas afetam a vida dos personagens centrais da trama. Phil, por exemplo, é o que é graças ao Bronco Henry, personagem citado pelo mesmo quase a exaustão, mas nunca vemos o mesmo nem ao menos em flashback, mas a sua presença é sentida graças ao que Phil conta ao longo da história. Um artificio muito bem usado no clássico "Rebecca, a Mulher Inesquecível" (1940) e provando que fantasmas não precisam ser exibidos na tela, pois as lembranças por si só já afetam e assombram as pessoas.

Falando nisso, Rose é afetada pela presença machista de Phil, do qual o mesmo faz com que ela se lembre de um passado complexo com o seu falecido marido, mas cuja essa questão jamais é explicada, porém, faz com que levantemos a nossa própria teoria. Ela, por sua vez, não deseja que o seu filho Peter siga os passos do pai, ao ponto que a aproximação dele com Phil começa a se tornar um verdadeiro pesadelo para ela. Porém, Peter é um personagem enigmático, cujo os seus objetivos já são ditos nos primeiros minutos de projeção, mas quase nos esquecemos disso, pois acreditamos que haverá um novo percurso no momento em que ele se torna mais próximo ao Phil.

Todo esse jogo de personalidades se chocando um contra os outros somente funciona graças a um elenco impecável e disso o filme tem em abundancia. Benedict Cumberbatch nos brinda com a melhor atuação de sua carreira e cujo o lado machista do seu personagem não esconde um personagem complexo e cujo os seus desejos reprimidos o levam para um novo cenário quando o mesmo se aproxima de Peter. Esse, por sua vez, é construído de uma forma calculada pelo jovem ator  Kodi Smit-McPhee e cuja a imagem frágil de seu personagem não esconde um ar misterioso e que joga ao seu favor desde que isso ajude no bem estar de sua mãe. Falando nela, Kirsten Dunst nos brinda aqui com um dos seus personagens mais complexos de sua carreira e sendo algo que não se via desde a sua atuação em "Melancolia" (2011).

O ato final, por si só, pegará muitas pessoas desprevenidas, mas somente aquelas que não notaram as sementes que foram plantadas ao longo da história.  Jane Campion criou um filme em que a sugestão é a palavra de ordem dentro da trama e da qual move os personagens do começo ao final dessa jornada. Com cenas bem detalhas, cuja a câmera sempre foca as ações e expressões dos seus protagonistas, o filme se torna rico visualmente e complexo em seus simbolismos e cujo os mesmos estão quase sempre presentes em volta desses personagens.

"Ataque dos Cães" é um faroeste psicológico, do qual os seus personagens são movidos por suas emoções reprimidas e cujo os fantasmas do passado os empurram para serem colocados em um caminho sem volta.  

Onde Assistir: Netflix. 

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