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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 22 de abril de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Guerra Civil'

Sinopse: Um grupo de repórteres luta pela sobrevivência para atravessar uma guerra civil na américa.  

Alex Garland já era conhecido no mundo do cinema através de trabalhos como roteirista em "A Praia" (1999) e "Não Me Abandone Jamais" (2010). Porém, foi através da direção que ele demonstrou um uma visão autoral curiosa, independente de qual gênero e do qual destacam-se "Ex_Machina: Instinto Artificial" (2014), "Aniquilação" (2018) e "Men" (2022).  "Guerra Civil" (2024) vem para consolidar de forma definitiva a carreira como diretor, pois o filme é assustador pelo seu realismo mesmo sendo uma ficção, ou não.

A trama é ambientada em um possível futuro próximo, onde uma guerra civil explode nos EUA. Neste ambiente, uma equipe de jornalistas, formada por Joel (Wagner Moura), Sammy (Stephen McKinley Henderson) e as fotografas Lee (Kirsten Dunst) e Jassie (Cailee Spaeny) se unem para atravessar o país e chegar em Washington para entrevistar o Presidente. Porém, existe a possibilidade do mesmo ser morto antes disso pelos separatistas.

Nos últimos tempos o que era ficção se tornou realidade e qualquer mera fantasia se torna irrelevante perto do que já acontece no nosso mundo real. Em tempos de polarização política, principalmente vindo de uma extrema direita, cada vez mais o mundo se vê a beira de uma possível Terceira Guerra Mundial, ou simplesmente de uma guerra Civil de um determinado país. Os EUA é um que a polarização se tornou tão desenfreada que as chances de Donald Trump voltar a ser Presidente novamente se tornam tão grandes que atravessa qualquer ficção e fazendo a gente até mesmo perder a fé pela humanidade.

Alex Garland, por sua vez, não constrói uma trama que nos dê uma explicação plausível sobre o porquê da origem dessa Guerra, sendo que as próprias grandes guerras da nossa história acontecem e se alastram de tal ponto que as suas raízes se tornam irrelevantes. O que vemos aqui é um cenário já pronto, de um país dividido e cuja palavras "em nome de Deus" se tornam meras desculpas para as pessoas cometerem certas barbaridades. Portanto esse mundo molda as perspectivas dos protagonistas principais, ao ponto de que alguns já se encontram preparados pelo que está por vir enquanto outros ainda não encararam o verdadeiro horror que já aconteceu e que se estenderá ao longo do percurso.

A personagem Lee de Kirsten Dunst possui uma expressão dura, onde ela carrega todos os horrores que já presenciou e por conta disso mantém uma frieza constante para não enlouquecer durante essa viagem. Porém, uma vez que se vê obrigada a cuidar da futura fotografa Jassie eis que ela em algumas ocasiões baixa a sua guarda e revelando que é ainda um ser humano mesmo quando demonstra ao contrário. Revelada ao mundo quando pequena em "Entrevista com um Vampiro" (1994) ela nos apresenta aqui o seu papel mais maduro de sua carreira e sendo um dos melhores desde Melancolia (2011).

Já Cailee Spaeny tenta provar desde cedo que possui uma versatilidade que quer colocar a prova desde "Priscila" (2024) e realmente a sua personagem muda conforme vai encarando aos poucos horror da guerra. Mas se por um lado Sammy é alguém que procura não se aventurar em meio ao inferno, por outro lado, o personagem Joel de Wagner Moura não esconde uma certa obsessão em obter uma entrevista com o Presidente antes que a capital caia, nem que para isso arrisque a sua própria vida. Curiosamente, alguns elementos remetem "O Coração das Trevas", obra literária de Joseph Conrad e que já serviu como base na criação de clássicos como "Apocalypse Now" (1979).

Tecnicamente Alex Garland dirige como ninguém, ao saber transitar elementos de ficção com ares quase documentais, principalmente nas cenas em que as imagens congelam e revelando um registro não identificado ao olho nu. Além disso, é interessante observar que novamente ele nos traz uma fotografia, por vezes, colorida, como se fossem manchas que se espalham pela realidade dos protagonistas e que ele já havia usado em "Aniquilação". Mas se lá existe uma explicação plausível, aqui tudo fica em aberto, muito embora o horror que os protagonistas testemunham desmontam qualquer realidade que eles vão encontrando.

O ato final, por sua vez, nos guarda momentos de tensão acalorados e dos quais nos soam verossímeis e nenhum pouco artificiais. Em tempos em que o CGI anda perdendo o seu espaço é bom ver os realizadores cada vez mais querendo algo com maior peso e que sintamos um impacto maior do que estamos testemunhamos. Impacto esse que faz com que saiamos da sala com um peso nas costas, pois o futuro está há poucos metros de nós e cabe estarmos preparados para o que está por vir.

"Guerra Civil" é uma ficção muito próxima de nossa realidade, pois o que nos separa dela é apenas uma linha fina e fazendo a gente temer pelo nosso amanhã. 


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