O início dos anos noventa foi crucial para que os efeitos visuais feitos por computador dessem o seu passo à frente. A Industrial Light & Magic, por exemplo, começou aquela década surpreendendo com "O Exterminador do Futuro 2" (1991) e mudando para sempre a indústria quando trouxe os dinossauros para as telas de uma forma realista em "Parque dos Dinossauros" (1993). Porém, um pequeno estúdio mudaria o mercado das animações, ou seja, o estúdio Pixar.
Pixar Animation Studios é um estúdio americano de animação por computador com sede em Emeryville, Califórnia, uma subsidiária da Disney Studios Content de propriedade da The Walt Disney Company. A Pixar começou em 1986 como parte da divisão de computadores Lucasfilm, conhecida como Graphics Group, antes de sua cisão como uma corporação em 3 de fevereiro de 1986, com financiamento do cofundador da Apple, Steve Jobs, que se tornou seu acionista majoritário.
No decorrer dos anos oitenta o estúdio foi lançado curtas experimentais em que os desenhos eram feitos pelos primeiros recursos de computação gráfica. "Luxo Jr" (1986) era um simples curta mostrando a relação de uma luminária com uma pequena e suas interações com uma pequena bola. O curta foi o suficiente para que os técnicos do estúdio pensassem mais para frente e abrissem a possibilidade de lançar um primeiro longa de animação em computador da história. Isso levou quase dez anos para acontecer com o lançamento de "Toy Story" (1995).
O filme foi dirigido pelo estreante John Lasseter, que na época foi um dos fundadores da Pixar e que supervisionava os primeiros curtas metragens. O longa conta a história de Andy que vive brincando com os seus brinquedos, em especial com o Cowboy Woody, dublado pelo ator Tom Hanks. Certo dia, porém, Andy ganha de aniversário o boneco Buzz Lightyear, dublado por Tim Allen, e fazendo despertar ciúmes de Woody. Porém, da rivalidade surge amizade entre os dois, principalmente quando precisam unir forças para retornarem para casa de Andy após se perderem devido aos diversos eventos no decorrer da trama.
Mesmo já se passando três décadas, o filme ainda impressiona pelo seu visual rico em detalhes, desde as sombras como os reflexos dos personagens muito bem trabalhados e detalhados. É claro que algumas coisas envelheceram mal, como no caso dos movimentos dos personagens humanos como de Andy, mas isso acaba se tornando um mero detalhe que acaba passando despercebido. Embora revolucionário visualmente, o que nos chama atenção é pela sua rica história sobre amizade e como o filme desperta uma grande nostalgia com relação a nossa infância.
Assistir a "Toy Story" é como abrir uma máquina do tempo para mim, em uma época da qual não tinha que me preocupar com nada, a não ser brincar no meu quarto e soltar a minha imaginação ao máximo. A cena dos soldados de plástico, por exemplo, remete aos meus tempos em que brincava despreocupado com os meus bonequinhos do meio da sala e criava diversas histórias de acordo com que surgia na minha imaginação. O maior trunfo, portanto, do estúdio foi ter criado um longa em que todas as crianças e até mesmo os adultos se identificavam e fazendo com que até mesmo a revolução da animação ficasse em segundo plano.
Os personagens principais são o coração do filme, principalmente a dupla central Woody e Buzz. Tom Hanks e Tim Allen se entregaram por completo ao dar as vozes para os protagonistas, sendo que hoje fica até mesmo difícil de imaginar outras vocês que fizesse com que esses personagens se tornassem tão carismáticos e queridos pelo público. Vale destacar também a ótima dublagem brasileira, da qual Woody foi dublado pelo já falecido Alexandre Lippiani, enquanto Buzz foi dublado por Guilherme Briggs e sendo apontado desde então como um dos melhores dubladores do nosso país.
Outro charme do filme está nas passagens da trama em que remete alguns clássicos do cinema, como no caso do já citado "Parque dos Dinossauros, como também "Star Wars" (1977), "Os Caçadores da Arca Perdida" (1981) e "O Vingador do Futuro" (1990). Curiosamente, é interessante observar que o longa contém os mesmos elementos de até mesmo um filme de terror, devido a passagem da dupla central na casa do menino malvado Sid e cujo seus brinquedos se tornaram visualmente peculiares devido aos maus tratos causados pelo dono. Essa passagem, por exemplo, para aqueles que gostam de filmes de horror clássico, acaba se tornando um deleite para dizer o mínimo.
Com um ato final cheio de aventura e emoção, o filme acabou ganhando críticas bastante positivas para época, atraindo um grande público e se tornando um enorme sucesso. O filme deu até mesmo origem a uma franquia, sendo que acabou obtendo quatro continuações, curtas e séries de tv. Na noite do Oscar de 1996 John Lasseter recebeu o Óscar de Contribuição Especial, além de três indicações ao Óscar de 1996, duas para Randy Newman por Melhor Canção Original ("You've Got a Friend in Me") e Melhor Trilha Sonora em Comédia e Melhor Roteiro Original pelo trabalho de Joel Cohen, Pete Docter, John Lasseter, Joe Ranft, Alec Sokolow, Andrew Stanton e Joss Whedon, tornando-o o primeiro filme animado a ser nomeado nesta categoria.
Não é preciso ser gênio que após todo esse sucesso vários estúdios quiseram repetir o mesmo feito ao lançarem longas de animação em computação gráfica. Porém, esse recurso se torna vazio quando não cria uma boa história e é exatamente isso que o estúdio Pixar sempre colocou em primeiro lugar, ao criar uma trama caprichada, humana e da qual qualquer um se identifica mesmo com todos os elementos fantásticos vistos na tela. Pode-se dizer que atualmente o estúdio não está no mesmo patamar do passado, mas o seu legado continua irretocável.
"Toy Story" é um marco da história do cinema e mudando o mercado de animações de uma forma jamais vista.
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