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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Duna'

Sinopse: Paul Atreides é um jovem brilhante, dono de um destino além de sua compreensão. Ele deve viajar para o planeta mais perigoso do universo para garantir o futuro de seu povo.

Durante muito tempo muitos clássicos literários foram considerados impossíveis para serem adaptados para o cinema, ao menos na opinião de determinados fãs dos contos. Alguns consideraram impossível levar para as telas, por exemplo, "O Senhor dos Anéis" de J. R. R. Tolkien, mas foi em 2001 que Peter Jackson provou ao contrário e nos brindando com uma trilogia que respeita, tantos os fãs da obra literária, como também atrair um público que nem sabia da riqueza vinda da terra média. O sucesso da trilogia reacendeu a possibilidade de levar novos clássicos literários para o cinema, mas ao mesmo tempo despertando a desconfiança ferrenha dos fãs de determinadas obras.

Se por um lado nos últimos tempos os efeitos visuais romperam as fronteiras entre o realismo e o artificial, do outro, é muito difícil as vezes levar para o cinema uma linguagem que somente funcione nas páginas de um livro. Portanto se torna uma missão ingrata para um realizador manter em harmonia uma linguagem extraída das páginas com as regras impostas da sétima arte e que perdura até os dias de hoje. Eis então que chegamos a "Duna" (2021), a mais nova versão da obra literária do escritor Frank Herbert, da qual pode se tornar revolucionaria, ou então a sua última tentativa de ser levada as telas.

Dirigido por Denis Villeneuve, o mesmo de "Blade Runner - 2049" (2017), "Duna" se passa em um futuro longínquo. O Duque Leto Atreides administra o planeta desértico Arrakis, também conhecido como Duna, lugar de única fonte da substância rara chamada de "melange", usada para estender a vida humana, chegar a velocidade da luz e garantir poderes sobre-humanos. Para isso ele manda seu filho, Paul Atreides (Timothée Chalamet), um jovem brilhante e talentoso que nasceu para ter um grande destino além de sua imaginação, e seus servos e concubina Lady Jessica (Rebecca Fergunson), que também é uma Bene Gesserit. Eles vão para Duna, afim de garantir o futuro de sua família e seu povo. Porém, uma traição amarga pela posse da melange faz com que Paul e Jessica fujam para os Fremen, nativos do planeta que vivem nos cantos mais longes do deserto.

Essa não é a primeira vez que Denis Villeneuve tem a árdua tarefa de adaptar para o cinema uma obra literária complexa como essa, pois basta pegarmos como exemplo a sua adaptação de "O Homem Duplicado" (2013) de José Saramago para termos uma vaga ideia. Porém, desafios como esse que o cineasta soube superar ao longo dos anos, pois o mesmo soube conduzir com maestria, não somente uma continuação digna de nota do cultuado "Blade Runner" (1982), como também nos surpreendendo com a ficção "A Chegada"(2019). Em ambos os casos o cineasta criou uma visão própria, onde os cenários não eram somente grandiosos, como também poéticos e cheios de simbolismos.

Por conta disso, não só veremos uma adaptação fiel de "Duna" para o cinema, como também uma visão particular do cineasta com relação aquele universo literário. Contudo, é curioso observar que a visão do cineasta se assemelha quase perfeitamente com a visão do escritor Frank Herbert, mas somente obtendo esse feito graças aos efeitos visuais de ponta de hoje em dia. Vale destacar que a edição de arte e fotografia andam aqui de mãos dadas e fazendo do visual da obra uma das mais significativas do ano.

Ao mesmo tempo, o lado técnico da produção é todo orquestrado para que aquele universo soe verossímil, familiar e dando a entender que Denis Villeneuve captou a a ideia principal do escritor, do qual o mesmo criou a sua obra literária como uma espécie de reflexo sobre as guerras e as lutas dos povos em busca de poder e energia. Assuntos como esses que perduram até os dias de hoje e fazendo com que a adaptação não soe atrasada, mas sim contemporânea e podendo atrair até mesmo aqueles que nunca leram uma página da obra. Curiosamente, Villeneuve manteve fiel a linguagem, costumes, religião e nomes complexos vindos de sua fonte, o que talvez não assuste um marinheiro de primeira viagem, desde que esse último abra a sua mente.

Com um elenco estelar, destaco o próprio protagonista, interpretado com certa intensidade pelo jovem ator Timothée Chalamet e que soube passar para nós a dúvida e o peso que o personagem carrega ao longo da história. O mesmo vale para Oscar Isaac e Rebecca Ferguson, sendo que o primeiro possui uma última cena merecedora de aplausos. E se por um lado Zendaya não teve ainda o espaço necessário para explorar a sua personagem (quem sabe no segundo filme), do outro, Javier Bardem surpreende em seus poucos momentos de cena.

A grande frustração dessa adaptação fica por conta que não há um final conclusivo, já que o filme somente adapta metade da obra literária. Com uma linguagem complexa, além de um visual incomum, o filme corre o risco de afastar uma boa parcela do público que talvez não esteja interessado em adentrar em algo desconhecido, que faça pensar e que foge do cenário convencional da indústria cinematográfica. Com uma trilha majestosa de Hans Zimmer, concluo que só o tempo dirá se o investimento valeu a pena ou se o público de hoje ainda não está pronto para "Duna". 

 


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