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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 14 de setembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Por que Você Não Chora?'

Sinopse: Jéssica tem origem humilde e se depara com um novo mundo no estágio de psicologia. Ao atender Bárbara, diagnosticada com Transtorno de Personalidade Borderline, um contraste de visões surge.  

Não é de hoje que o cinema brasileiro adverte que é preciso discutir sobre a questão do suicídio, do qual cada vez mais se encontra encravado em nossa sociedade, mas cujo os poderes conservadores censuram qualquer coisa com relação ao assunto. O documentário "Helena" (2012), por exemplo, é um estudo quase investigativo sobre os motivos que levaram uma jovem de grande talento a tirar a sua própria vida. "Por que Você Não Chora?" (2021) é um filme fictício, mas também um retrato real sobre várias pessoas que escondem as suas dores e que acabam cometendo um crime consigo mesmo.

Dirigido por Cibele Amaral, o filme explora a delicada temática do suicídio. No longa, Jéssica (Carolina Monte Rosa) é uma pessoa introspectiva, enquanto Bárbara (Barbara Paz) é explosiva. Ambas se encontram em um estágio da faculdade de psicologia, onde Jéssica é a psicoterapeuta de Bárbara. A convivência leva as duas a questionarem suas vidas, procurando mudar suas perspectivas.

Ao retratar a vida dessas duas mulheres, a cineasta Cibele Amaral cria os dois lados da mesma moeda dentro da trama, onde as duas protagonistas aparentam serem diferentes uma da outra, mas tendo mais em comum do que se imagina. Enquanto Barbara extravasa qualquer coisa que não lhe agrade a cada instante, por outro lado, Jéssica parece querer se distanciar de qualquer laço sentimental com a primeira, como se isso fosse uma espécie de proteção e para não liberar algo que guarda dentro de si mesma. Na medida em que a trama avança ficamos com apreensão do que pode acontecer, não somente com relação as atitudes de Barbara, como também a forma que Jéssica irá se corresponder a elas.

Tecnicamente o filme nos chama atenção, principalmente com a sua fotografia azulada, nenhum pouco acolhedora e fazendo daquela realidade muito mais opressora. Cibele Amaral procura criar um cenário cujo o miolo do problema se encontra nas relações familiares de hoje, onde cada uma se encontra cada vez mais em seu piloto automático e não se dando conta quando o seu ente querido pede socorro. Neste último caso, isso pesa mais com relação a Jéssica, sendo que suas lembranças são jogadas na tela em determinado momento da trama, mas nunca explicando com total clareza o que significa.

Porém, as respostas podem estar em volta de Barbara, sendo uma pessoa moldada através de um passado dolorido e fazendo com que não consiga administrar os seus próprios sentimentos. Como sempre, Barbara Paz dá um show de interpretação, principalmente pelo fato que sua personagem em si seja uma manifestação de sua própria pessoa, mas vindo de um passado do qual a própria artista soube controlar o longo de sua história. Mas é Carolina Monte Rosa que realmente nos surpreende, pois a sua personagem é apresentada no início como uma pessoa controlada, porém, aos poucos vai se revelando como alguém não muito diferente de Barbara, sendo em alguns momentos até de forma mais trágica, principalmente em um terceiro lado que se encaminha por um caminho sem volta.

Mais do que um filme dramático, a obra vem em um momento em que nos encontramos em tempos indefinidos, onde as pessoas cada vez mais se encontram no seu piloto automático, Incrustado cada vez mais em seus celulares e não enxergando mais os problemas do seu próximo. Em tempos de governos conservadores, dos quais os mesmos não levantam nenhum dedo com relação ao assunto, cabe nós mesmos despertarmos e darmos a mão para aqueles que pedem socorro mesmo quando não pedem para isso.  "Por que Você Não Chora?" nos traz um assunto do qual ninguém gosta, mas que é preciso se manifestar antes que seja tarde demais para muitas pessoas. 



Nota: O filme pode também pode ser locado pelo Youtube 

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