Sinopse: O Homem-Aranha precisa lidar com as consequências da sua verdadeira identidade ter sido descoberta.
Com "Vingadores - Ultimato" (2019) se abriu a possibilidade do “Multiverso”, onde os personagens principais poderiam ter a chance de se cruzar com outras realidades e até mesmo com suas outras versões. Quando surgiu essa possibilidade muitos sonhavam com a chance do Homem Aranha atual se encontrar com as suas outras versões cinematográficas anteriores. Pois bem, eis que chega "Homem-Aranha: Sem Volta para Casa" (2021), filme que corresponde com as nossas expectativas, mas acima de tudo nos brindando com uma história digna do amigo da vizinhança.
Peter Parker (Tom Holland) precisará lidar com as consequências da sua identidade como o herói mais querido do mundo após ter sido revelada pela reportagem do Clarim Diário, com uma gravação feita por Mysterio (Jake Gyllenhaal) no filme anterior. Incapaz de separar sua vida normal das aventuras de ser um super-herói, além de ter sua reputação arruinada por acharem que foi ele quem matou Mysterio e pondo em risco seus entes mais queridos, Parker pede ao Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) para que todos esqueçam sua verdadeira identidade. Entretanto, o feitiço não sai como planejado e a situação torna-se ainda mais perigosa quando vilões de outras versões de Homem-Aranha de outros universos acabam indo para seu mundo. Agora, Peter não só deter vilões de suas outras versões e fazer com que eles voltem para seu universo original, mas também aprender que, com grandes poderes vem grandes responsabilidades como herói.
Antes de mais nada é preciso reconhecer que o filme é carregado de pura nostalgia e que fará muitos fãs dos filmes anteriores se deleitarem pelas inúmeras referências, principalmente por aqueles estrelados por Tobey Maguire. Portanto, a ideia do protagonista em querer que o mundo esqueça a sua real identidade acaba se tornando uma mera desculpa para que as portas de outras realidades se abram e saiam delas personagens queridos pelo público, como no caso dos vilões Doutor Octopus (Alfred Molina) e Duende Verde (Willem Dafoe). Esse, por sua vez, supera todas as nossas expectativas, ao tornar o seu personagem ainda mais ameaçador e afetando a vida do protagonista profundamente.
O nascimento do herói é através de tragédias, da perda de entes queridos e cujo os mesmos lhe deram ensinamentos para praticarem o bem acima de tudo. Talvez a perda seja algo que estava faltando para esse Peter Parker (Tom Holland), cuja as suas ações como herói nunca o haviam lhe afetado, até agora, e por conta disso precisará amadurecer para poder sobreviver e proteger aqueles que ele ama. Tom Holland finalmente encontra o tom certo que os seus antecessores haviam obtido e agradando o fã mais exigente que sempre reclamava de sua atuação... até agora.
Tecnicamente o filme possui um belíssimo visual, não somente de efeitos visuais caprichados, mas cuja a fotografia e edição de arte se combinam como um todo. Vale salientar a participação mais do que especial de Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), cuja a sua pessoa tem um papel fundamental em cena e graças a ele que novamente viajamos na realidade espelhada. É neste ponto, aliás, que os efeitos visuais impressionam, mesmo quando sentimos uma certa artificialidade em alguns momentos.
Logicamente estamos falando de uma aventura baseada em uma HQ e que por conta disso certas regras básicas da nossa realidade são jogadas para o lado. Se você se desligar um pouco irá se deleitar do começo ao fim do filme, mesmo quando sentimos alguns erros não explicados, como no caso da mudança do visual de Electro. Porém, isso é compensado pela boa atuação do ator James Foxx e que consegue obter a sua redenção com o personagem após o mesmo ter sido mal aproveitado em "O Espetacular Homem Aranha 2 - Ameaça do Electro" (2014).
Por fim, nesta altura do campeonato, não é preciso mais esconder de ninguém que tanto Tobey Maguire como Andrew Garfield surgem em cena. Se por um lado isso parecia uma exigência dos fãs fanáticos, do outro, a aparição dos dois é mais do que justificável, principalmente pelo fato deles surgirem após um momento traumático para Peter (Holland) e cabe os Homens Aranhas veteranos ensinarem ao mais novo de que a dor surge sempre quando a gente não quer, mas que é preciso senti-la para então conseguir prosseguir na vida.
Com a união do trio já pode-se imaginar um ato final cheio de ação, efeitos visuais mirabolantes e cuja cena de ambos juntos irá fazer inúmeros fãs gritarem nas salas do cinema ao redor do mundo. Porém, o grande acerto do seu final é possuir uma coragem necessária para que o filme não se torne previsível e com isso selando com chave de ouro os destinos de Peter, MJ (Zendaya) e Ned Leeds (Jacob Batalon) em um momento que fará os fãs rirem, chorarem e desejarem que esse Homem Aranha consiga, enfim, fazer o que estava predestinado a ser desde o princípio, um herói falho, porém, humano e que conseguimos nos identificarmos sempre quando vamos revisita-lo.
"Homem-Aranha: Sem Volta para Casa" é um filme feito de coração para os fãs do personagem e para aqueles que apreciam uma boa aventura cheia de impacto e sentimentos.