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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 30 de junho de 2020

Cine Especial: 'Perfect Blue' - Uma Fonte de Inspiração

Sinopse: Mima Kirigoe é membro de uma banda de música pop japonesa (j-pop), chamada "CHAM!", que decide deixar a banda para se dedicar à carreira de atriz. Alguns fãs ficam descontentes com a repentina mudança de carreira, pois Mima, sendo um ídolo pop, é vista como uma menina inocente e angelical. 
Alguns ótimos filmes acabam se tornando uma forte fonte de influência para elaboração de outros ótimos filmes que vieram a nascer mais adiante. O clássico longa de animação japonesa "O Fantasma do Futuro" (1995), por exemplo, serviu como uma verdadeira fonte de ideias para que as irmãs  Wachowski criassem alguns anos depois "Matrix" (1999). "Perfect Blue" (1997) segue esse meu raciocínio, pois ao assisti-lo se percebe que o filme serviu de base para a realização de, ao menos, dois ótimos filmes do diretor Darren Aronofsky.
Dirigido por  Satoshi Kon, do filme "Paprika" (2008), o filme conta a história de Mima Kirigoe, uma cantora pop de uma banda CHAM!, mas decide se tornar uma atriz, tendo como primeiro projeto uma série de crime dramática. Muitos de seus fãs ficam chateados com sua decisão e uns deles, obcecado por Mima, começa a persegui-la e a enviar mensagens a chamando de traidora. Decidida a ignorar tais fatos, ela se preocupa com sua personagem na série que sofrerá um sequestro em um dos episódios. Sem ter noção da possibilidade de ser afetada pela cena, Mima fica traumatizada e começa a não saber distinguir a realidade da ficção. Seu problema maior começa quando seus colegas de trabalho são assassinados e as provas apontam para ela mesma.
Tendo criado um universo rico de detalhes em seu filme "Paprika", o diretor Satoshi Kon novamente nos surpreende com o seu traço simples, mas cheio de detalhes em diversas cenas e que servem até mesmo de pistas sobre o que irá acontecer mais pra frente no decorrer da trama. Embora seja uma animação japonesa o filme não é para todos, já que ele transita para momentos de suspense psicológico, cenas fortes de violência e das quais deixaram muitas pessoas chocadas. Ao mesmo tempo, o filme é uma dura crítica sobre a máquina do sistema que faz celebridades instantâneas, mas que nunca se pergunta se a mesma realmente desejava essa vida.
Como dito acima, o filme serviu de forte inspiração para que Darren Aronofsky criasse seus filmes como, por exemplo, "Réquiem para um Sonho" (2000) e, principalmente, "Cisne Negro" (2009). Aliás, a situação de Mima é extremamente semelhante com a situação da personagem de Natalie Portman, já que ambas começam a ter crises de identidade, mania de perseguição e fazendo elas duvidarem de suas próprias realidades. Se alguns achavam que "Cisne Negro" lembrava o clássico "A Repulsa do Sexo" (1965) é porque não conhecia a real paixão de  Darren Aronofsky.
Além disso, o filme é um verdadeiro quebra cabeça, sendo rico em diversas situações que nos faz perguntar quando é real e quando é fantasia da protagonista. Em alguns casos, por exemplo, temos a sensação de estarmos assistindo a um filme dentro de um filme, já que a personagem deseja se tornar uma atriz, mas não separando para nós quando está sendo ela mesma ou a sua personagem. Por essa observação, não me surpreenderia se o filme tivesse também servido de fonte de inspiração ao realizador David Lynch ao criar o seu filme "Império dos Sonhos" (2006).
Com diversos momentos de pura tensão, o filme nos prende na cadeira e fazendo com que aflição da protagonista se torne a nossa. Em sua reta final, o filme pode até entregar algumas respostas, mas fazendo levantar inúmeras outras perguntas e fazendo com que tenhamos o desejo de revisita-lo novamente. "Perfect  Blue" é uma viagem extra-sensorial cinematográfica, a frente de sua época e sendo até hoje uma forte fonte de inspiração. 

Onde assistir: Youtube. 

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segunda-feira, 29 de junho de 2020

Cine Dica: Live Seriada #1 - "François Truffaut Revisitado"


Série especial de Lives que vai analisar a filmografia do cineasta francês.
A cada Live dois filmes do realizador serão analisados pela curadora de cinema e pesquisadora da obra de Truffaut, TÂNIA CARDOSO.

NÃO PERCA!
PARTICIPE. É GRÁTIS. ACESSO LIVRE.
Live Seriada #1: "FRANÇOIS TRUFFAUT REVISITADO" com TÂNIA CARDOSO

* Filmes: 
"OS PIVETES" (Les mistons, 1957)

Curta-metragem.
Durante um verão fervoroso, cinco garotos se dedicam a espiar Bernadette e Gérard, um casal de amantes. Aproveitando que o homem vai em uma expedição alpinista, os jovens enviam para a moça um cartão provocante.

"OS INCOMPREENDIDOS" (Les quatre cents coups, 1959)
O filme narra a história do jovem parisiense Antoine Doinel, um garoto de 14 anos que se rebela contra o autoritarismo na escola e o desprezo de sua mãe e de padrasto (Gilberte e Julien Doinel). Rejeitado, Antoine passa a faltar as aulas para frequentar cinemas ou brincar com os amigos, principalmente René. Com o passar do tempo, vivenciará algumas descobertas e cometerá pequenos delitos em busca de atenção até ser aprisionado em um reformatório, levado pelos próprios pais

* QUANDO: Terça-feira - Dia 30 / Junho
* HORÁRIO: 20 horas
* ONDE: Instagram - @cardoso.taniac

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Cine Especial: 'TUBARÃO' - 45 ANOS DEPOIS


Se um filme sobrevive ao longo do tempo muito se deve ao empenho e perfeccionismo dos envolvidos. Muito disso, claro, se deve ao cineasta que se dedica de corpo e alma ao projeto, não para obter somente o lucro, mas sim para a obra ser lembrado conforme o tempo vai passando. Quarenta e cinco anos já se passaram, mas "Tubarão" (1975) continua sendo uma obra criada pelo esforço e determinação e isso muito se deve a Steven Spielberg.
Contratado pelos produtores Richard D. Zanuck e David Brown, Steven Spielberg estava vindo do sucesso que colheu pela sua realização do telefilme "Encurralado" (1971), do qual contava a história de um cidadão comum sendo perseguido sem motivo algum por um caminhão controlado por um motorista que jamais vimos o seu rosto ao longo da história. Com planos-sequências mirabolantes, além de pitadas de suspense bem ao estilo Alfred Hitchcock, Spielberg chamou atenção dos produtores logo de cara e recebendo carta branca para fazer da sua maneira o filme baseado no livro "Tubarão" escrito por Peter Benchley. Porém, mal sabia ele dos percalços que teria para realizar a sua primeira grande obra prima.
Além das dificuldades de se filmar em alto mar, os realizadores tiveram um grande problema de controle do tubarão mecânico em alto-mar, pois a água salgada fazia com que ele não funcionasse direito durante as filmagens. A solução para contornar esse problema foi criar uma verdadeira aura de suspense, onde no primeiro ato da trama quase não se vê a imagem da criatura, mas sim somente a sua barbatana e suas terríveis consequências. Dentre outras soluções também foi o uso dos barris amarelos dentro da trama e substituindo o uso do tubarão mecânico em muitas tomadas.
Basicamente o filme é dividido em dois atos, onde no primeiro é apresentado o cenário dos acontecimentos, seus personagens principais e a situação até então inédita na fictícia praia  Amity. Já o segundo ato é onde começa a caçada iminente, onde os três protagonistas, o xerife Martin (Roy Scheider), o pesquisador Hooper (Richard Dreyfyss) e o caçador Quint (Robert Shaw) vão a caça do tubarão em alto-mar. Em ambos os casos há cenas inesquecíveis, onde se há uma construção de suspense caprichada e fazendo a gente temer pelo próximo ataque que irá ocorrer.
Cinéfilo como ninguém, Steven Spielberg não esconde o seu carinho pela forma como Alfred Hitchcock filmava os seus filmes que se tornaram verdadeiros clássicos, principalmente com relação a sua obra prima "Vertigo" (1959). É por esse filme, por exemplo, que Spielberg se inspirou ao usar o mesmo recurso que o mestre do suspense havia usado, em sequência de zooms e afastamento da câmera, que dá ao público a sensação profundidade. Isso pode é visto na sequência em que uma criança se torna a segunda vítima do tubarão durante a trama.
Mas sem sombra de dúvida, em termos técnicos, o maior trunfo do filme se encontra em sua trilha sonora composta pelo mestre John Williams. Com apenas duas notas sinistras, Williams criou mais do que uma trilha sonora, como também uma espécie de alerta para toda vez que o tubarão se aproxima e fazendo com que o público fique a frente dos protagonistas com relação a sua aproximação. Em várias ocasiões Steven Spielberg sempre deixou muito claro que metade do sucesso do filme se deve ao trabalho de Williams e do qual ganhou um Oscar pela categoria merecidamente.
Mas é claro que nenhum grande filme não se sustenta se não houver um bom elenco e é isso que esse grande clássico possui através do seu trio central de protagonistas. Tanto Roy Scheider como Richard Dreyfyss estão ótimos em seus respectivos personagens, sendo ambos os dois lados da mesma moeda com relação a uma situação que testa os seus próprios limites no segundo ato da trama. Porém, Robert Shaw rouba a cena toda vez que seu personagem Quint abre a boca e seu discurso sobre o seu passado no navio USS Indianapolis é disparado o meu momento favorito da trama.
Lançado em 20 de junho de 1975 nos EUA, o filme foi contra todas as expectativas daqueles que achavam que ele se tornaria um verdadeiro fracasso. Fora o fato dos inúmeros problemas que o filme havia passado durante a sua realização, para muitos, lançar um filme na época de férias, em que muitos americanos iriam para as praias seria um tremendo tiro no pé. Ao invés disso o filme se tornou um grande sucesso, tanto de público como de crítica, se tornando o primeiro filme a chegar a marca de cem milhões de dólares de bilheteria nos EUA e inaugurando a era dos Blockbuster do verão americano.
Durante quarenta e cinco anos houve continuações, imitações, mas nenhuma superou o brilho de "Tubarão", filme que tinha tudo para dar errado, mas que acabou se tornando um grande marco cinematográfico. 

Assistir aonde: Youtube, Google Play filmes e Netflix. 

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Cine Dica: O Cine Drive-In Porto Alegre - Sessão: Casablanca


Quando? 26 de junho, 19h
Onde? Estacionamento da ADVB - Rua Edvaldo Pereira Paiva, 1505 - Acesso pela entrada na frente do Anfiteatro Pôr do Sol - Porto Alegre

Onde eu compro? No LINK NA BIO ❤️ ou se preferir https://uhuu.com/v/driveinpoa-49

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Cine Dica: O Cine Drive-In - Porto Alegre: Sessão: Whiplash: Em Busca da Perfeição

Confira a minha crítica sobre o filme na época do seu lançamento clicando aqui. 

Mais um queridinho da última semana de drive-in. Whiplash é sobre arte, sobre música, sobre superação. atuações impecáveis, temos orgulho de tê-lo conosco!

O Cine Drive-In - Sessão: Whiplash: Em Busca da Perfeição
Quando? 25 de junho, 19h
Onde? Estacionamento da ADVB - Rua Edvaldo Pereira Paiva, 1505 - Acesso pela entrada na frente do Anfiteatro Pôr do Sol - Porto Alegre

Onde eu compro? No LINK NA BIO ❤️ ou se preferir: https://uhuu.com/v/driveinpoa-49

terça-feira, 23 de junho de 2020

Cine Especial: ‘PSICOSE’ - 60 ANOS DEPOIS



O cinema muda de acordo com o seu mundo envolta, mesmo tendo alguns que demoraram algum tempo para entenderem isso. Durante décadas, o cinema americano sofria com as regras morais do Código Hays (1930 – 1968), do qual havia uma censura que não permitia que muitos realizadores pudessem praticar a sua total liberdade artística e tão pouco mostrando na tela uma realidade que realmente existia fora das telas. Porém, ao final dos anos sessenta a situação mudou, já que as guerras, crise econômica e liberdade de expressão bateram nas portas de hollywood e fazendo com que os seus engravatados de plantão encarasse finalmente o mundo real para realizar, enfim, filmes que falassem um pouco sobre o que realmente acontecia do lado de fora.
Antes disso, o cinema norte americano se sustentava com os seus gêneros de entretenimento, desde aos filmes de faroeste como musicais, mas dos quais alguns não venceram ao teste do tempo. O gênero de terror, por exemplo, foi um que teve diversas mutações, desde aos monstros em preto e branco da Universal dos anos trinta, para os monstros mais violentos e coloridos dos estúdios da Hammer no final dos anos cinquenta. Em meio essas mutações houve um cineasta que lutou por manter a sua visão autoral com relação ao suspense, mas mantendo os pés firmes no chão, pois o horror psicológico era muito mais interessante e esse feito só foi adquirido por Alfred Hitchcock.
Enquanto os outros estúdios sempre brincavam em usar diversos monstros, Alfred Hitchcock, por sua vez, sempre optou em captar o lado mais sombrio do ser humano e para assim criar filmes de suspense que entraram para história do cinema. Antes do final dos anos cinquenta ele já havia criado diversas pérolas, desde ao filme "Interlúdio" (1946), para o "Festim Diabólico" (1948), "Janela Indiscreta" (1954) e "Um Corpo que Cai" (1958) que, aliás, é considerado para muitos atualmente o melhor filme de todos os tempos. Eis que chega então o ano de 1960, época em que alguns duvidavam se a genialidade de Hitchcock ainda estava intacta, mas eis que o mesmo surpreende o mundo com a sua obra prima "Psicose" (1960).
Baseado no livro de Robert Bloch, o filme conta a história de Marion Crane (Janet Leigh) uma secretária que rouba 40 mil dólares da imobiliária onde trabalha para se casar e começar uma nova vida. Durante a fuga à carro, ela enfrenta uma forte tempestade, erra o caminho e chega em um velho hotel. O estabelecimento é administrado por um sujeito atencioso chamado Norman Bates (Anthony Perkins), que nutre um forte respeito e temor por sua mãe. Marion decide passar a noite no local, sem saber o perigo que a cerca.
Alfred Hitchcock fez questão de usar todos os recursos possíveis para que a sua história não vazasse, já que o efeito surpresa seria o seu maior trunfo durante a projeção do filme. Basicamente a obra possui dois atos, sendo que o primeiro termina de uma das maneiras mais imprevisíveis da história do cinema, enquanto o segundo explora as suas consequências. Mesmo que alguém deste mundo ainda não tenha visto o filme por completo, a cena do assassinato no chuveiro é conhecida por todos, entrando para a história como um dos momentos mais chocantes do cinema e dali em diante nada mais seria o mesmo.
Com uma aterrorizante trilha sonora de Bernard Herrmann, a cena do chuveiro teve cada frame criado de uma forma muito bem pensada, onde o perfeccionismo do diretor quase levou atriz Janet Leigh a temer a presença do próprio no set de filmagem. Por possuir um alto-grau de violência nesta cena chave, o filme foi rodado inteiramente em preto e branco para amenizar esse grande momento, mas a trilha de Herrmann fez com que ela se tornasse muito mais angustiante e inesquecível. A cereja do bolo é a sua conclusão, onde a câmera do cineasta faz um giro de trezentos e sessenta graus no olhar sem vida da protagonista e deixando toda a plateia atônica.
O filme inaugurou a nova era do horror, mais precisamente aquele que melhor explorasse o terror psicológico e tornando a presença de um psicopata muito mais aterrorizante do que um Frankenstein e Drácula daqueles tempos. hollywood percebendo o que estava ocorrendo logo correu para elaborar inúmeros filmes que exploram isso e nascendo assim obras como, por exemplo, “O Que Terá Acontecido a Baby Jane?” (1962). Mas, curiosamente, a tendência para esse tipo de terror talvez já estivesse acontecendo até mesmo fora dos EUA, já que em abril do mesmo ano havia sido lançado o filme inglês "A Tortura do Medo" de Michael Powell, mas tendo desempenho ofuscado pelo filme americano e tendo assim reconhecimento somente tardio.
Com relação ao elenco, se Janet Leigh conseguiu criar uma atmosfera interessante sobre as reais atitudes conflituosas de sua Marion, por outro lado, Anthony Perkins nos brinda com um dos personagens mais inesquecíveis da história do cinema que é o seu Norman Bates. Uma vez entrando em cena, Perkins cria para o seu personagem um ar de inocência, mas que não esconde certa ambiguidade e um olhar confuso com relação a sua própria realidade. Mesmo assim, ficamos até mesmo torcendo por ele quando ele toma uma decisão bastante questionável em proteger a sua mãe, mas logo sendo revelado a sua trágica realidade e que deixou os cinéfilos da época estupefatos para o resto de suas vidas.
Houve continuações, refilmagens e até mesmo uma ótima série recente intitulada "Bates Motel". Porém, sessenta anos depois, "Psicose" continua sendo um filme insuperável, ao nos dizer que horror não precisa vir de uma mansão mal assombrada, mas sim de uma mente fragmentada e muito perigosa.  

Onde Assistir: DVD, Blu-Ray e Netflix. 

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Cine Dica: Doc 'Trinta Povos' de Zeca Brito estreia no Canal Curta!

Sétimo longa do cineasta gaúcho investiga as missões jesuíticas

Estreia no dia 23 de junho (terça-feira), às 18h, no Canal Curta!, o documentário “Trinta Povos”. Escrito, produzido e dirigido por Zeca Brito (“Legalidade”), tem produção da Anti Filmes e Boulevard Filmes. Sétimo longa-metragem do diretor bajeense, aborda o legado das missões jesuíticas na América Latina. “Trinta Povos” investiga a história do Brasil, Argentina e Paraguai através de ruínas e reminiscências de arquitetura, pintura e mitologias. 
O trabalho de pesquisa reunido para o filme analisa os três países separados por águas e linhas imaginárias, porém unidos pela cultura e por uma história comum: um passado jesuítico, barroco e guarani. Também assinam a produção Frederico Ruas, Letícia Friedrich, Lourenço Sant’Anna, e Zuleika Borges Torrealba (1933-2019). O financiamento é do Fundo Setorial do Audiovisual através da ANCINE e BRDE. A produção teve sua première no Festival de Cine de Punta del Este, em fevereiro, no Uruguai.
“A proposta de ‘Trinta Povos’ é a de resgatar o legado artístico, arquitetônico, pictórico e simbólico do processo de colonização jesuítico-guaraní”, resume o cineasta Zeca Brito. “O grande desafio do trabalho foi costurar uma história fragmentada geopoliticamente, um passado comum entre três países que hoje se encontram separados, divididos por questões distintas, mas com elementos culturais, históricos e etnográficos que os ligam”, explica Zeca, que divide o roteiro com Jardel Machado Hermes e Maria Elisa Dantas. 
Com duração de 78 minutos, o documentário reúne e contrapõe diversos depoimentos de nativos e pesquisadores sobre arte, religião, política territorial, entre outros assuntos. “É um filme que faz uma visão crítica sobre a história e traz questões políticas acerca da ocupação territorial que começa em 1606 com a chegada do jesuíta e chega aos dias atuais com os conflitos agrários nesse território”, conclui. A produção foi rodada no Rio Grande do Sul e em cidades da Argentina e Paraguai em 2019.

Documentário 'Trinta Povos'
Onde: Canal Curta! (verifique o canal na operadora de TV por assinatura)
Estreia: 23/06 (ter),  às 18h;
Reprises: 24/06 (qua), às 4h e às 12h; 25/06 (qui), às 6h; 27/06 (sab), às 7h e 28/06 (dom), às 3h40min.

Sinopse
“Trinta Povos” aborda o tema das missões jesuíticas na América Latina. Um legado composto por ruínas, museus, povoados e costumes. Nativos e invasores discutem arte, religião e política nos territórios do Brasil, Argentina e Paraguai, unidos por um passado artístico comum, o Barroco Jesuítico Guarani.

Créditos
País: Brasil
Duração: 1h18min (78 min.)
Produção: Anti Filmes e Boulevard Filmes
Direção: Zeca Brito
Produção Executiva: Letícia Friedrich e Zeca Brito
Montagem: Jardel Machado Hermes
Produção: Frederico Ruas, Letícia Friedrich, Lourenço Sant’Anna, Zeca Brito e Zuleika Borges Torrealba
Direção de produção: Maria Elisa Dantas e Rafael Andreazza 
Produção de finalização: Laura Moglia
Roteiro: Jardel Machado Hermes, Maria Elisa Dantas e Zeca Brito
Direção de Fotografia: Pablo Escajedo
Fotografia Adicional: Bruno Polidoro, Edison Larronda e Tiago Coelho
Imagens Aéreas: Eduardo Berthier
Direção Musical: Rita Zart
Desenho de Som: Tiago Bello
Trilha Original: Clarissa Ferreira
Finalização: Post Frontier - Daniel Dode, Arthur Bovo, Gustavo Zuchowsky
Assessoria de Imprensa: Isidoro Guggiana
Design, arte e créditos: Leo Lage

Entrevistados: Alcy Cheuiche, Aldo Ferreira, Antonio Morinigo, Ariel Ortega, Bozidar Darko Sustersic, Carlos Alberto Beloye, Carlos Machado, Carolina Gross, Cesar Lucas Aguillar, Dolores de Sosa, Enrico Benites, João Miller, Lidia Britez, Lira Hein, Lorena Espinoza, Miriam Chamorro e Nelli Chamorro.

Sobre o diretor
Zeca Brito tem mestrado em Artes Visuais pela UFRGS, graduado em Realização Audiovisual pela Unisinos e Artes Visuais pela UFRGS. Dirigiu, roteirizou curtas e longas-metragens exibidos no Brasil e no exterior. Seu curta “Aos Pés” foi escolhido Melhor Filme Júri Popular no Festin Lisboa 2009, e o longa-metragem “O Guri”, exibido em festivais de Portugal e Brasil. Em 2015 lançou o longa “Glauco do Brasil” na 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e 10ª Bienal do Mercosul. Em 2016 dirigiu o longa “Em 97 Era Assim”, Prêmio de Melhor Direção e Melhor Filme Júri Popular no Festival Cinema dos Sertões (Piauí Brasil), Melhor Direção de Atores na Mostra SESC Brasil, Melhor Filme no The Best Film Fest (Seattle, EUA), Prêmio Especial do Júri no 8º Jagran Film Festival (Índia), seleção oficial no Regina International Film Festival (Regina, Canada), Los Angeles CineFest (Los Angeles, EUA), 51º International Independet Film Festival (Houston, EUA) e Prêmio de Melhor Filme Juvenil Estrangeiro no American Filmatic Arts Awards (Nova York, EUA). Em 2017 dirigiu o documentário “A Vida Extra-Ordinaria de Tarso de Castro” exibido no Festival do Rio e 41 Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Lançou em 2018 o telefilme “Grupo de Bagé”, documentário produzido para o Canal Curta. Seu longa de ficção mais recente “Legalidade” (2019) estreou no 35º Festival de Cinema Latino de Chicago. O filme foi também exibido em festivais da Espanha, Uruguai, Guatemala e Romênia. Sucesso de público no Brasil, foi exibido no 47º Festival de Gramado e recebeu diversos prêmios no 42º Festival Guarnicê de Cinema e 14º Encontro Nacional de Cinema dos Sertões, incluindo melhor direção em ambos.

Isidoro B. Guggiana
Assessoria de Imprensa
T 55 51 9 9923 4383
isidoro.guggiana@gmail.com

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Cine Dica: Próximas Atrações do Cine Drive-In Porto Alegre

O Cine Drive-In - Sessão: O Casamento do Meu Melhor Amigo

Quando? 23 de junho, 19h
Onde? Estacionamento da ADVB - Rua Edvaldo Pereira Paiva, 1505 - Acesso pela entrada na frente do Anfiteatro Pôr do Sol - Porto Alegre
 Onde eu compro? No LINK NA BIO ❤️ ou se preferir:https://uhuu.com/v/driveinpoa-49

O Cine Drive-In - Sessão: Me Chame pelo seu Nome

 Quando? 23 de junho, 21h30
Onde? Estacionamento da ADVB - Rua Edvaldo Pereira Paiva, 1505 - Acesso pela entrada na frente do Anfiteatro Pôr do Sol - Porto Alegre
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Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'DESTACAMENTO BLOOD'


Sinopse: Spike Lee conta a história de quatro veteranos de guerra afro-americanos que voltam ao Vietnã à procura dos restos mortais de seu comandante e de um tesouro enterrado. Assista o quanto quiser. 

Spike Lee faz os seus melhores filmes quando a moral do mundo se encontra em declínio e quando governos, dos quais se dizem democráticos, nos pisam a todo momento. Em "Infiltrado na Klan" (2018), por exemplo, o cineasta faz um paralelo com o passado racista norte americano com o que acontece em nosso presente e fazendo a gente do lado de cá da tela constatar que a luta pelos direitos iguais continua a perdurar até hoje. "Destacamento Blood" ele volta a nos dizer que essa guerra continua, mas adentrando ainda mais nas entranhas podres de um governo que joga pessoas comuns em um verdadeiro inferno e marcando elas como um todo.
O "Destacamento Blood" acompanha um grupo de quatro veteranos de guerra afro-americanos. Eles decidem retornar ao Vietnã com a intenção de buscar os restos mortais de um líder de seu antigo esquadrão e de um tesouro enterrado. Porém, aos poucos, se dão conta que a guerra pessoal deles ainda não havia acabado.
Assim como no encerramento do filme "Infiltrado na Klan", Spike Lee decide jogar na tela vários momentos reais sobre a guerra do Vietnã na abertura do seu novo filme, onde se destaca o fato que muitos soldados negros foram jogados em uma guerra da qual não haviam pedido para ter ocorrido. Ao mesmo tempo, discursos como de Angela Davis e de martin luther king são destacados em meio a luta dessas pessoas que buscaram, acima de tudo, os direitos iguais em um país que se diz a terra das oportunidades, mas do qual nunca escondeu o seu preconceito e do qual construiu monumentos históricos com o sangue de pessoas escravizadas ao longo dos  séculos. Após esse prólogo, parece que o filme se encaminha para um tom mais leve, mas estamos falando de Spike Lee, o homem que fez "Faça a Coisa Certa" (1989) e portanto aguardem para a virada de mesa.
No primeiro ato vamos conhecendo o quarteto principal de amigos: Paul (Delroy Lindo), Melvin (Isiah Whitlock Jr.), Otis (Clarke Peters) e Eddie (Norm Lewis). Curiosamente, há um quinto personagem importante que se chama Norman (Chadwick Boseman) - o único que conhecemos apenas devido às lembranças do quarteto principal e fazendo a gente compreender o quanto ele era importante para eles. É pelos flashbacks, por exemplo, que o cineasta muda o quadro da tela, fazendo referência a tecnologia antiga do cinema quando se filmava, tantas nas cenas fictícias, como as cenas reais vindas do conflito. 
É notório que por essas cenas Spike Lee faz uma dura crítica ao modo como Hollywood retrata as inúmeras guerras em que os norte-americanos participavam, sendo quase sempre os heróis da trama, quando na verdade as atrocidades sempre vieram de ambos os lados do conflito. Se por um lado há uma dura crítica aos filmes de ação dos anos oitenta, em que sempre retrataram um exército formado por um homem só, por outro lado, ele não esconde a sua admiração pelo clássico "Apocalypse Now" (1979), sendo que o início da jornada do quarteto principal nas entranhas da floresta vietnamita explicita muito bem isso. É por esses momentos também que começamos a perceber que os fantasmas do passado que sempre assombram os protagonistas nunca sumiram e é aí que o filme muda o tom como um todo.
Embora esses personagens tenham seguido as suas vidas após o encerramento da guerra ocorreu que, infelizmente, a guerra mental e espiritual continuou prosseguindo em suas vidas. Isso é sintetizado pelo personagem Paul, brilhantemente interpretado por Delroy Lindo, do qual compreendemos toda a sua dor e ódio, ao ponto de até perdoamos o fato dele ter votado em Donald Trump e fazendo a gente compreender que o horror nos faz nublar a nossa visão com relação ao que é certo e errado. Embora a sua relação com o seu filho Melvin (Isiah Whitlock. Jr) seja um tanto que descartável em alguns momentos, ela acaba se tornando essencial na reta final da trama, principalmente quando o personagem quebra a quarta parede e nos brindando com um dos melhores momentos do filme.
Curiosamente, embora o filme se envereda mais para lado dramático da coisa, Spike Lee surpreende até mesmo nas cenas de ação e fazendo com que o filme não deva a nada a outros realizados com relação ao Vietnã. Porém, se por um lado houve clássicos que tentaram suavizar o conflito, aqui é tudo voltado para o lado do imprevisível e fazendo a gente constatar que nenhum deles estará seguro quando eles estiverem naquele inferno. Em sua reta final, Spike Lee nos bombardeia com o lado cru dessa guerra entre homem e governo que perdura até hoje e que cabe cada um de nós continuarmos com essa luta indo sempre em frente.
"Destacamento Blood" fala sobre como as guerras de ontem e hoje são inúteis e tudo que resta é somente salvar o irmão que está em perigo logo a frente. 

Onde assistir: Netflix

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sexta-feira, 19 de junho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Longa Jornada Noite Adentro'

Sinopse: Luo Hongwu retorna a Kaili, sua cidade natal. Enquanto as lembranças de uma mulher enigmática e bonita ressurgem - uma mulher que ele amava e que ele nunca foi capaz de esquecer - Luo Hongwu começa sua busca por ela

O curso de cinema "Sonho, Cinema e Psicanálise", criado pelo Cine Um e ministrado pelo psicanalista Leonardo Della Pasqua, fez tanto sucesso na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre que a atividade acabou rendendo no total três versões entre anos 2017 e 2018. Atividade foi tão boa que me serviu de inspiração até mesmo para eu construir a minha análise sobre o filme "Blade Runner 2049" (2017) que estreou logo em seguida.
Do filme "Sonhos" (1990) para animação "Coraline" (2009), Leonardo Bella fez uma análise profunda sobre diversos filmes, onde cada um deles explorava de tudo um pouco, desde questões de Freud, para a arte de Salvador Dalí e como esses elementos se encaixam dentro do universo da sétima arte. De lá pra cá, muitos filmes vieram e que dariam para render também outras boas aulas sobre sonhos e seus significados. "A Longa Jornada Noite Adentro" (2018) é um desses casos e cuja a sua proposta nos proporciona uma viagem extra sensorial inesquecível.
Dirigido por Bi Gan, o filme conta a história de Luo Hongwu que volta para sua cidade natal depois ter ficado impune por um assassinato que cometeu há 12 anos. As memórias da mulher que matou voltam à tona. O passado, o presente, a realidade e a imaginação começam a se confrontar e fazendo a gente se perguntar aonde tudo isso irá parar.
Bi Gan nos apresenta o início de sua narrativa sem nos dar muitas explicações sobre o que acontece na tela. Porém, as informações chegam, mas não de uma forma mastigada, mas sim de uma forma gradual para que possamos entender aos poucos qual é verdadeira jornada que o protagonista adentra. Quando temos total entendimento sobre os objetivos dele, é então que o cineasta abraça as diversas formas de fazer um cinema autoral e isso é perceptível ao longo de mais duas horas de projeção.
Diferente de outros filmes, Bi Gan cria uma China fora do convencional, como se o passado, presente e o futuro compartilhassem o mesmo território e formando assim um cenário que, por vezes, mais parece algo do tipo pós-apocalíptico. Esse pensamento se solidifica ainda mais graças a sua edição de arte, que mais parece saída do grande clássico "Blade Runner" (1982), ou até mesmo de animações japonesas das quais se explora os significados do termo cyberpunk. Em contrapartida, o filme é carregado também de vários elementos do gênero "noir", já que em alguns casos Luo Hongwu mais parece um detetive que investiga um estranho caso e sempre ao encalço de sua dama fatal que se encontra sempre no escuro.
Curiosamente, o primeiro e o início do segundo ato do longa possuem uma trama fragmentada, onde o presente e o passado se entre cruzam a todo momento e fazendo com que se exija total atenção sobre o que está acontecendo. Além disso, há muitos elementos que se tornam simbólicos, desde um livro verde, como também uma maçã que acabam se tornando peças chaves. Vale destacar a sua ótima fotografia, cujas cores verde e vermelho surgem a todo momento e fazendo a gente levantar inúmeras teorias sobre os seus significados.
Se até aqui o filme acaba fazendo nenhum sentido para nós, por outro lado, o final do segundo ato adiante adentra em uma incrível narrativa linear, mas toda moldada em um impressionante Plano-sequência e que não deve nada a outros filmes recentes que usaram  a mesma técnica, como no caso, por exemplo, de "1917" (2019). O que mais impressiona é que nos damos conta que essa parte em diante do filme é na realidade um sonho que o protagonista está participando, mas que acaba fazendo muito mais sentido se for comparado com relação a tudo o que estávamos testemunhando até aquele ponto. Cenários são trocados a todo momento, personagens entram e saem em instantes, como se estivéssemos em um sonho dentro de um sonho, mas revelando inúmeras pistas sobre o quebra cabeça que o protagonista estava investigando.
Em sua reta final, o realizador não nos entrega todas as respostas, mas isso é o que menos importa, pois quando chegamos a esse ponto da narrativa nós desejamos que a obra não acabe de uma forma tão facilmente. Mesmo com poucos recursos, Bi Gan nos brinda com uma experiência extra sensorial em grande estilo e que vale muito a pena ser conferido.  "A Longa Jornada Noite Adentro" é prato cheio para os amantes do universo dos sonhos e cujo o debate nos leva desde a Freud e seus estudos psicológicos mais profundos.  

Onde assistir: Netflix.

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quinta-feira, 18 de junho de 2020

Cine Dica: Cine Drive- In Poa: 'Sessão: 'Vicky Cristina Barcelona'


tá, não consegui esperar e fazer suspense. tá aqui gente, Vicky Cristina Barcelona no nosso drive-in! EU AMOOOOOOOOO. dono de um roteiro maravilhoso, uma trilha sonora impecável, scarlett, penélope, javier, rebecca, oviedo, barcelona. não sei mais o que dizer apenas sentir. corram e garantam esses ingressos! 

 Cine Drive-In - Sessão: Vicky Cristina Barcelona
 Quando? 18 de junho, 19h
 Onde? Estacionamento da ADVB - Rua Edvaldo Pereira Paiva, 1505 - Acesso pela entrada na frente do Anfiteatro Pôr do Sol - Porto Alegre
 Onde eu compro? No LINK NA BIO ❤️ ou se preferir: ocinedrivein.uhuu.com
Prestenção na classificação indicativa, tá? .
Curadoria: @lora.movie

Mais informações sobre o Cine Drive-In Poa clique aqui. 

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Ya No Estoy Aqui'

Sinopse: Ulises, líder de um grupo apaixonado pelo ritmo da cúmbia, é forçado a fugir do México para salvar sua vida após um mal-entendido com uma gangue local.

“Odisseia”, uma das maiores obras primas da literatura escrita por Homero, já rendeu diversas adaptações para outras mídias como no caso do cinema e rendendo clássicos como aquele estrelado por Kirk Douglas intitulado “Ulysses” (1954). Porém, ao longo das décadas, surgiram também filmes que somente se inspiraram na ideia do conto como, por exemplo, “E Aí Meu Irmão Cadê Você?” (2000) dos Irmãos Coen. Mas porque ocorre esse fascínio pela obra até nos dias de hoje?
No meu entendimento, ‘Odisseia’ é uma de inúmeras histórias que falam sempre sobre a jornada do herói, ou seja, sobre a nossa própria jornada com relação as inúmeras encruzilhadas da vida que a gente enfrenta. Em sua conclusão, Ulysses percebe que o mundo a havia lhe mudado, assim como o seu próprio lar que havia prosseguido e continuado sem ele ao longo dos anos. “Ya No Estoy Aqui’ segue a premissa da “Odisseia” mas falando sobre a jornada do indivíduo atual perante uma realidade de mudanças bruscas e sem retorno.
Dirigido por Fernando Frias, o filme se passa em Monterrey, México. Ulises Samperio é um jovem de 17 anos que ama a cumbia, ritmo colombiano o qual dança desde quando era pequeno. Líder de uma gangue local chamada Terkos, ele vive no limiar da criminalidade devido à proximidade do cartel local. Quando um atentado o aponta como suspeito, ele é obrigado a fugir do local onde cresceu.
Se por um lado aquele Ulysses do livro “Odisseia” ele embarcava em uma longa jornada cheia de guerras como, por exemplo, “A Guerra de Troia”, por outro lado, esse Ulysses enfrenta uma guerra não declarada, independente se for guerra de gangues ou de divisão de classes. Esse Ulysses é um sobrevivente em meio a pobreza, falta de recursos, mas que se mantem vivo pelo seu amor da dança e da música. A sua arte se torna a sua arma para manter a sua sanidade, mas a violência, por sua vez, lhe alcança e lhe fazendo encarar a triste a realidade que o próprio ainda não enxergava.
O cineasta Fernando Frias cria um retrato universal sobre o nosso mundo atual, independente da trama se passar no México ou não, pois ela é facilmente identificável por todos nós e começamos a simpatizar pelo protagonista de tal forma que desejamos estar sempre ao lado dele nesta jornada. Diferente dos filmes americanos, onde sempre há o famigerado filtro amarelado quando retrata um país latino, aqui a fotografia é a mesma em todos os cenários e fazendo a gente se perguntar por alguns segundos onde Ulysses se encontra naquele determinado momento. Não demora muito para descobrirmos que, ao menos no primeiro ato, a trama é não linear, onde o tempo vem e volta e mostra tanto o passado do protagonista no México, como também os dias atuais dele em uma cidade dos EUA.
Uma vez que descobrimos os motivos que o levaram a abandonar a sua terra, é então que a trama engrena de vez e fazendo a gente compreender as escolhas de sua jornada. Juan Daniel Garcia Treviño nos brinda com uma grande atuação em cena, onde ele constrói para o seu personagem um ser que aparenta um certo desligamento com relação as emoções, mas não esconde elas quando ele prática a sua arte e tenta compartilhar para as pessoas e ao mundo em sua volta. Porém, devido a falta de comunicação e culturas diferentes, Ulysses começa a perder a sua própria identidade a partir do momento que tenta se inserir em solo estrangeiro, mas se dando conta que as suas raízes falam mais alto.
Simplificando, o filme fala sobre os nossos dilemas que carregamos nestes tempos atuais, onde os problemas sociais estão cada vez mais transbordando e fazendo a gente se perguntar aonde devemos fugir para nos sentirmos seguros. Porém, por mais que tentamos fugir em território que nos diz “bem-vindo”, nos damos conta que, ou enfrentamos uma guerra física de frente, ou aquela interna dentro de nós e da qual pode ser ainda muito mais mortal quando nos faz a gente se perguntar quem somos nós nesse mundo atual vertiginoso e com um futuro indefinido. Não há escapatória, a não ser abraçar aquilo que a gente realmente se identifica e seguir em frente com o pouco que nos resta.
“Ya No Estoy Aqui’ fala sobre os nossos tempos atuais perdidos e dos quais a nossa jornada pela sobrevivência está somente começando.

Onde Assistir: Netflix. 

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terça-feira, 16 de junho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Apollo 11'

Sinopse: Documentário  que mostra a chegada do homem à Lua. “Um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a humanidade”. A frase proferida por Neil Armstrong no momento em que pisava na Lua pela primeira vez é, sem dúvida, o momento mais memorável da Missão.

Com o advento da internet, graças aos vídeos do youtube principalmente, se levantou muitas teorias conspiratórias com relação a viagem a lua de 20 de julho do ano de 1969 e que muitos começaram acreditar que tudo não passava de uma grande mentira. Motivos que muitos levam a crer nisso é o que não faltam, já que se havia naqueles tempos de Guerra Fria uma corrida desenfreada entre os EUA e a União Soviética para ver quem chegasse primeiro ao satélite natural da terra. Fica registrado, portanto, que o americano chegou primeiro na lua, mas cada um tendo a sua opinião sobre esse fato histórico e levantando inúmeros debates acalorados após isso.
Claro que o cinema não ficou atrás com relação em retratar aqueles tempos na cruzada espacial do homem em busca pelo desconhecido. Um ano antes, por exemplo, Stanley Kubrick havia lançado a sua obra prima "2001 - Uma Odisseia no Espaço" (1968), filme que retratava com realismo sobre como seriam as viagens espaciais em um futuro próximo. Curiosamente, o próprio Kubrick caiu nas inúmeras teorias sobre a viagem a lua, sendo que uma delas diz que a NASA o havia contratado para filmar as cenas dos astronautas pisando no satélite lunar dentro de um estúdio.
Com relação a reconstituição sobre o grande feito não houve tantos filmes que retratassem aqueles dias históricos. Embora o feito esteja apenas em pano de fundo, "Apollo 13" (1995) se concentrou mais na viagem da Apollo 13 e da qual quase terminou em tragédia. E embora retrate com um alto grau de verossimilhança a missão, o filme "O Primeiro Homem" (2018) se envereda mais sobre a vida pessoal de Neil Armstrong e dos motivos que o levaram a querer embarcar nessa missão inesquecível. Porém, é através do documentário "Apollo '11" que obtivemos um retrato mais minucioso sobre aqueles dias que entraram para a história.
Dirigido por Todd Douglas Miller, o documentário mostra os planos de desembarcar dois astronautas na superfície lunar e regressar para a Terra em segurança, com a missão Apollo 11 e que até hoje é uma grande referência quando se trata de momentos importantes na humanidade. Durante décadas, trechos dos bastidores permaneceram guardados e apenas recentemente foram liberados para visualização do público no geral.
Durante vários anos muitas pessoas somente tinham acesso as cenas dos astronautas pisando na lua e o que fazia com que as teorias de conspiração se fortificassem ainda mais ao longo da história. Porém, se tudo foi uma grande armação, os EUA sem dúvida alguma gastaram bilhões de dólares para isso, já que o início do filme já nos passa a dimensão da grandiosidade para que fosse conquistado esse grande feito de pisar no satélite natural da terra. Abertura, por exemplo, é colossal, já que mostra todo um aparato para instalar o enorme foguete que seria usado para a missão.
A partir daí, o documentário transita entre as cenas dos astronautas dentro da nave com os técnicos da NASA que acompanham passo a passo essa jornada. O primeiro ato já é simbólico, já que mostra todos os preparativos para a grande jornada, desde o lado técnico, como também focar em toda a expectativa vista através das expressões das pessoas que acompanharam tudo de perto. O lançamento se torna ainda muito mais simbólico através das reações das pessoas que testemunharam e isso realmente não tem preço.
A edição, por sua vez, se torna dinâmica e muito bem caprichada, onde se divide de forma equilibrada entre as cenas dos astronautas dentro da nave com as cenas dos técnicos da NASA. Gradualmente, testemunhamos a chegada dos astronautas em solo lunar e nos brindando com cenas grandiosas daquele lugar. Embora alguns momentos vistos do local nós já conhecíamos ao longo das décadas, não deixa também de ser impressionante o fato de que algumas cenas estarem muito bem preservadas, principalmente devido algumas fotos coloridas que são jogadas na tela.
O ato final é tudo propositalmente feito para se casar com as palavras do presidente kennedy no início da década de sessenta, sendo que o próprio havia prometido que o homem iria pousar na lua antes do final da década. Independente de questões políticas, não deixa de ser prazeroso rever um feito desses em tempos passados, mesmo quando ele nos deixa livre para também questioná-lo. "Apollo 11" é um retrato de tempos sobre a corrida para abraçar o desconhecido, mesmo quando esse sonho não nos levou exatamente em chegarmos ao além do infinito.

Onde assistir: Por locação no Google Play Filmes e Youtube. 

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segunda-feira, 15 de junho de 2020

Cine Dica: ‘Bicho de Sete Cabeças’, com Rodrigo Santoro, volta à grade do Curta!


Um jovem é pego com um cigarro de maconha e é internado por seu próprio pai em um hospital psiquiátrico. Esse é o triste enredo de “Bicho de Sete Cabeças”, filme de Laís Bodansky, com roteiro de Luiz Bolognesi, baseado no livro “Canto dos Malditos", de Austregésilo Carrano Bueno. Eleito pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, o longa volta à grade de programação do Curta!, trazendo à baila dois tabus: a existência de manicômios – e as técnicas controversas adotadas por eles - e o uso de drogas.
No filme, o jovem Neto – vivido por Rodrigo Santoro – já vinha em um relacionamento conturbado com seus pais, interpretados por Othon Bastos e Cássia Kiss Magro. Porém, a tensão piora quando é flagrado com maconha em seu casaco, e é imediatamente internado à força em um manicômio. Lá, Neto conhece uma realidade desumana e vive emoções e horrores que ele nunca imaginou que pudessem existir.
Fortemente aclamado pela crítica, “Bicho de Sete Cabeças” integrou diversos festivais de cinema do mundo todo e colecionou prêmios nacionais e internacionais. Entre eles, faturou sete estatuetas no 1º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em categorias como “Melhor Filme”, “Melhor Direção” e “Melhor Ator”; ganhou o prêmio de "Melhor Filme" no 10º Festival de Cinema e Cultura Latino Americana de Biarritz e no Festival de Creteil, na França. A exibição na Quarta de Cinema, 17 de junho, às 22h25.

Quarta de Cinema – 17/06
22h25 – “Bicho de Sete Cabeças” (Ficção)
Uma viagem ao inferno manicomial. Esta é a odisseia vivida por Neto, um adolescente de classe média baixa, que leva uma vida normal até o dia em que o pai o interna em um manicômio depois de encontrar um baseado no bolso de seu casaco. Diretor: Laís Bodanzky. Duração:88 min. Classificação: 16 anos. Horários alternativos: 18 de junho, quinta-feira, 02h25 e 16h25; 19 de junho, sexta-feira, às 10h25; 21 de junho, domingo, às 14h.


Sobre o Curta!
O canal Curta! é um dos novos canais brasileiros da TV paga que mais aprovou projetos para financiamento pelo Fundo Setorial do audiovisual. Até agora foram financiados, para estreia no CURTA!, mais de 120 longas documentais e 800 episódios de 60 séries, atendendo à grade temática do canal: música, artes cênicas, metacinema, pensamento em humanidades, história política e sociedade.

O Curta! pode ser visto nos canais 56 e 556 da NET e da Claro TV, no canal 75 da Oi TV e no canal 664 da Vivo, oferecido à la carte pela operadora. Siga o Curta! nas redes sociais: www.facebook.com/CanalCurta, https://twitter.com/canalcurta e www.youtube.com/user/canalcurta. Saiba mais em http://www.canalcurta.tv.br.

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quinta-feira, 11 de junho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'A Vastidão Da Noite'

Sinopse: Em uma cidade do interior, dois amigos começam a ouvir estranhos ruídos na rádio e fazendo com que ambos investiguem algo bem imprevisível.   

Os tempos de Guerra Fria durante os anos cinquenta fizeram com que o cinema norte-americano se rendesse aos filmes de ficção científica e que dos quais, vistos hoje, mais parecem metáforas sobre os medos que os americanos tinham com relação a uma possível invasão comunista. "Guerra dos Mundos" (1953), por exemplo, talvez seja o melhor exemplo que sintetize aqueles tempos em que todos viviam paranoicos com uma possível invasão e isso, claro, provocado pela propaganda do governo para que o norte-americano jamais participasse ou fosse um dia do partido comunista. Não é à toa que a versão narrada pelo cineasta Orson Welles pela rádio anos antes, em 1938, deixou todos desesperados, pois a paranoia já estava começando naqueles tempos.
Esse cinema de ficção dos anos cinquenta serviu de modelo para muitos cineastas que que formariam as suas carreiras se inspirando em alguns desses clássicos. George Lucas e Steven Spielberg talvez sejam os melhores representantes desse meu pensamento, sendo que esse último lançou obras primas de grande sucesso e que bebiam da fonte de conhecimento que ele havia acumulado durante a sua juventude. Suas obras como, por exemplo, " Contatos Imediatos de 3º Grau" (1978) e "ET" (1982) possuem inúmeras referências do cinema de ficção dos anos cinquenta e quem for cinéfilo de carteirinha pode muito bem pegar inúmeras homenagens em diversas cenas.
Nos últimos dez anos, tanto o cinema como a música vivem uma espécie de nostalgia, como se aquela geração dos anos oitenta, que cresceu vendo filmes como aqueles criados por Steven Spielberg, aclamassem pelo retorno dessa época. Não é à toa que filmes como "Guardiões da Galáxia" (2014), ou a série "Stranger Things" iniciada em 2016, resgatam um pouco dessa aura mais colorida, inocente e recheada de cultura pop que serviria de modelo para futuros novos talentos cinematográficos. É aí que chegamos ao filme "A Vastidão do Mundo" filme que bebe da fonte de duas épocas distintas, mas que se entrecruzam e formando assim um grande ar de nostalgia.
Dirigido pelo desconhecido Andrew Patterson, o filme se passa durante a Guerra Fria. Enquanto acontece a corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética, dois adolescentes de uma cidadezinha americana são obcecados pelo rádio. Quando eles descobrem uma estranha frequência de ondas aéreas, suas vidas e o mundo inteiro podem estar prestes a mudar drasticamente.
Assim como Steven Spielberg, Andrew Patterson parece ter uma predileção pelo plano-sequência, já que ele apresenta o primeiro ato de uma forma quase ininterrupta e fazendo com que quase nos percamos sobre o que está realmente acontecendo na tela. Isso só não acontece porque começamos a focar somente nos dois jovens protagonistas e assim começamos a compreender melhor a história. Ela, aliás, só engrena de vez quando cada um faz o seu serviço na área da comunicação e é aí que tudo começa a vir à tona.
Com um orçamento de pouco mais de um milhão de dólares, Andrew Patterson dá uma verdadeira aula de como se faz cinema de suspense com poucos recursos, pois basta uma ideia na cabeça e uma câmera na mão para nos envolver com relação ao que irá acontecer em seguida. Essa expectativa se estende em vários momentos do filme, principalmente quando ambos os protagonistas ficam ouvindo no outro lado da linha uma voz misteriosa e da qual pertence ao ator Bruce Davis.
É por sua voz, aliás, que é construída toda uma aura de suspense, pois é por ela que começamos a construir mentalmente toda a sua história, como se estivéssemos ouvindo uma novela de rádio e fazendo com que soltemos a nossa imaginação a todo momento. Curiosamente, mesmo em um pequeno espaço de tempo, não deixa de ser curioso que é por ele que há uma certeira crítica social sobre aqueles tempos longínquos, mas que soa mais atual do que nunca nestes tempos nebulosos que nós vivemos. Ponto para o realizador que soube muito bem dosar e sincronizar momentos de tensão e fazendo com que se criasse um momento de grande reflexão.
Após isso, o filme entra em uma ação frenética, mas tudo moldado de uma forma verossímil com uma edição de cenas muito bem dirigidas. Embora com uma fotografia escura, ficamos em grande tensão com relação ao que acontece na tela, mesmo quando não enxergamos o que realmente está acontecendo em determinados momentos da trama. Qualquer semelhança desses momentos com o já clássico "A Bruxa Blair" (1999) não é mera coincidência.
E as referências aos outros filmes não param por aí, pois há uma clara homenagem aos clássicos recentes como "Sinais" (2002), do diretor M. Night Shyamalan, sendo que esse último é outro que sempre se inspirou no veterano Steven Spielberg. Em sua reta final, o filme ainda nos brinda com uma intensa interpretação da atriz Gail Cronauer e cuja a história de sua personagem não só nos revela algo de surpreende, como também é carregado de uma dura crítica ao sexismo que as mulheres sofriam naqueles tempos. Novamente o realizador surpreendendo com a sua crítica social em um filme que já valeria o ingresso no cinema com toda sua bagagem cinematográfica.
Em seus minutos finais, o filme com certeza fará com que muitos se dividam, mas a maioria não ficará indiferente com relação ao fato que assistiu algo muito bem dirigido. Em tempos em que muitos optam em ficarem isolados devido ao coronavírus, é sempre bom assistir a uma obra que consegue resgatar um pouco de nossas memórias e nos lembrar de uma cultura pop mais inocente e colorida. "A Vastidão da Noite" é o filme do momento por saber exatamente o que nós queremos e para assim desfrutarmos de algo que nos deixa mais nostálgicos. 

Onde assistir: Amazon Prime. 

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