Eram os deuses os
astronautas?
Sinopse: O filme une uma equipe de cientistas e exploradores em uma
jornada que testará os limites físicos e mentais colocando-os em um mundo
distante onde eles descobrirão as respostas para nossos dilemas mais profundos
e para o grande mistério da vida.
Se
atualmente não se consegue mais criar tramas originais no cinema, então não
custa retornar ao passado e ver se ainda há algo para ser explorado. Quando foi
anunciado que Ridley Scott retornaria ao universo Alien, muitos acreditaram que
seria uma continuação ou até mesmo um reboot do primeiro filme. Nenhum dos
dois, pois Prometheus está mais para um prequel e para a surpresa de todos,
Scott cria uma historia, a partir de algo que ficou no ar no primeiro filme.
Pois até hoje, muitos se perguntam o que era aquele alienígena fossilizado numa
cadeira, dentro daquela nave espacial?
Com esse
ponto de interrogação, o clássico Alien que todos nos conhecemos, fica de lado
na trama, para então o diretor explorar as origens daquele alienígena abandonado.
E para a surpresa de todos, o cineasta usa isso como desculpa, para explorar as
possíveis origens da humanidade, que podem ter sido criadas a partir do
envolvimento de seres alienígenas (denominados aqui como os engenheiros). Os primeiros minutos do filme
são de um espetáculo aparte, pois graças a imagens panorâmicas da natureza e auxiliada
com indispensável 3D, que nos faz entrar na seqüência, o cineasta escancara uma
pequena homenagem ao clássico 2001: Uma Odisséia no Espaço, que embora curta, se
assemelha com a idéia central do clássico filme de Kubrick: Seriam as nossas
origens vindas de outro planeta?
Estabelecido
o tema central, a trama nos apresenta o grupo de personagens, cuja missão é encontrar
respostas para essa pergunta. Liderados pelo casal Elizabeth
Shaw (Rapace) e Charlie Holloway (Marshall-Green), a trupe vai para o planeta,
onde lá, a trama se encarregara de criar o cenário, onde anos mais tarde, será
encontrado pela nave Nostromo em Alien: O 8º Passageiro. Adianto que boa parte
desse grupo de personagens apresentados aqui é dispensável, sendo que nenhum deles
consegue fazer com que nos sintamos algum apego. Portanto, quando as mortes começam a acontecer,
elas simplesmente acontecem e não sentimos falta de nenhum deles, sendo
diferente do que nos sentíamos, com relação aos personagens do clássico de 79.
Felizmente, pelo menos três personagens se sobressaem, ao começar por
Elizabeth, que embora não possua mesma força e autoridade de nossa velha amiga
Ripley, nos simpatizamos com sua força de vontade, em sua busca por respostas,
mesmo que algumas delas possam mudar as suas crenças, pois a personagem se
mostra uma católica fervorosa, mesmo sendo uma cientista. Só mesmo uma boa
atriz para convencer nessa mistura e Naomi Rapace (Os Homens que não Amavam as
Mulheres) cumpre essa missão, que embora ainda não seja seu papel definitivo em
território americano, ela consegue passar toda a dor que a personagem passa em
sua jornada para o desconhecido, com o direito a uma seqüência arrepiante de
uma cirurgia em que ela é submetida. Charlize Theron, por sua vez, cria uma
curiosa personalidade, onde mistura força e certa dose de loucura disfarçada de
sua personagem, em que acabamos não tendo, aparentemente no inicio, uma base de
suas intenções. Mas se ficamos em duvida com relação a ela, o que dizer do andróide
David, que é magistralmente interpretado por Michael Fassbender? Visto
recentemente em Shame, Fassbender novamente constrói um personagem diferente
dos seus anteriores, que embora possa lembrar outros andróides dos filmes
anteriores da franquia, o seu desempenho faz com que o personagem David fale
por si, demonstrando inúmeras camadas de sua personalidade a ser destrinchadas.
Visto a primeira vez como um ser fiel as suas tarefas na nave (e um apego
incondicional ao filme Laurence da Arábia), gradualmente percebemos que o
personagem tem outros planos dentro da missão, onde facilmente percebemos suas ações,
de acordo com cada mudança de expressão do seu rosto de uma forma eficaz e convincente.
Novamente, Fassbender acerta em seu desempenho e mais cedo ou mais tarde terá
que ser reconhecido pela academia.
Mas convenhamos que o que mais chama atenção
na trama, sejam mesmo as inúmeras perguntas que surgem no decorrer do filme. E
se algumas delas são facilmente respondidas (mesmo que forçadamente), outras
novas são levantadas, mas sem se dar o trabalho de alguém responde-las. Seria a
intenção de o diretor voltar numa possível seqüência, para então preenche-las?
Em termos comerciais do cinema hoje em dia, isso soaria lógico, mas para uma
apreciação isolada, Prometheus pode decepcionar alguns, principalmente aqueles
que esperavam algo tão bom, quanto o clássico Alien de 79 ou até mesmo sua obra
prima Blade Runner.
E caso não aja seqüência, seria muito
cedo dizer se Prometheus irá se sustentar sozinho ao longo do tempo, mas já
adianto que está anos luz a frente, em termos de qualidade, se comparado a
obras dispensáveis como Alien x Predador. É um filme que você sai do cinema e
fica com o filme ainda na cabeça, muito embora sinta um leve gosto que faltou
algo na mistura. Seria a intenção de Scott fazer agente voltar à sala e analisarmos
de novo? Não sei se funcionara para todos, mas já vale o esforço!
NOTA: Assisti ao filme em 3D e já
adianto que a ferramenta aqui funciona como uma beleza (principalmente nos
primeiros minutos), algo que não se via desde A Invenção de Hugo Cabret.
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