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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: História que Nosso Cinema (Não) Contava



Sinopse: O documentário realiza uma releitura dos anos 1970 no Brasil através apenas de imagens e sons de filmes populares da época, muitos considerados "pornochanchadas", o gênero mais visto e produzido no período.

Mais do que uma retrospectiva, o documentário Cinema Novo de Eryk Rocha era uma forma de prestar, não somente uma bela homenagem para aquele movimento cinematográfico, como também para comprovar que era "o cinema resistência” perante os obstáculos que os realizadores passavam em tempos do pré-golpe de 1964. O tempo, aliás, faz com que voltemos a enxergar determinados períodos de nossa história com uma nova ótica, ao ponto de nascer um novo pensamento com relação aos fatos que antes enxergávamos de uma forma um tanto que errônea. O documentário História que Nosso Cinema (Não) Contava reacende uma nova luz para um dos períodos mais controversos do nosso cinema e constatando o quão estávamos errados em julgarmos o que era nosso.
Dirigido pela estreante Fernanda Pessoa, a obra é uma releitura do nosso cinema da década de 70, mais precisamente num tempo em que a maioria das salas era invadida pela pornochanchadas. Considerado um cinema sem vergonha para alguns ao longo do tempo, essa fase foi reconquistando novos fãs, ao ponto de existir até mesmo estudos sobre esse período. O documentário eleva esse pensamento e qualquer preconceito é então extinto.
Assim como já citado Cinema Novo, o documentário de Fernanda Pessoa é todo moldado por inúmeras cenas daqueles filmes, num total de 27 longas metragens daquele período, sendo que muitos acabaram até mesmo sendo redescobertos ao longo do tempo. Filmes como A História que as nossas babas não contavam, Super Fêmea, Noite das Taras, O Bem Dotado - O Homem de Itue e dente outros, são resgatados, jogados na tela e criando um mosaico em que mostra algo que até mesmo a gente não enxergava na época. Embora tenha surgido nos tempos da censura da ditadura, é curioso observar como esses filmes não sofreram com a tesoura.
No meu entendimento, talvez os censores, dos quais a maioria mamava nas tetas dos ditadores daquele período, acreditavam que a pornochanchada seria algo mais para distrair a massa e da qual fazia com que as pessoas ficassem distraídas e não enxergassem os males daquela época. Porém, através dessa nova abordagem vinda do documentário, se percebe que havia mensagens subliminares, ou até mesmo notórias em algumas obras. Temas como, por exemplo, o avanço desenfreado do capitalismo, a invasão cada vez maior da cultura americana, a propaganda sem vergonha em favor do consumismo e dentre outros assuntos dos quais a maioria pertencem aquele tempo, mas que continuam ainda vivos.
Claro que isso tudo ficou meio que nublado naquele período, principalmente que a principal chamariz da época era a presença de belas atrizes sem roupa alguma, como no caso das belas Adele Fatima, Vera Fischer e tantas outras em início de carreira. Aliás, o modo em que as suas respectivas personagens eram levadas para tela, dificilmente seria algo visto nos dias de hoje, já que a pornochanchada é pertencente num período em que a mulher, na visão dos homens daquele tempo pelo menos, era vistas como objeto de desejo a ser consumido e que hoje não seria nenhum pouco aceito. A violência contra a mulher, por exemplo, era outra coisa muito vista naqueles filmes, ao ponto de cenas violentas como, por exemplo, A Tortura do Sexo, do qual entrava no território sobre as torturas da ditadura, ou seriam vistas por uma nova abordagem, ou jamais seriam filmadas nos dias de hoje.
Portanto, a ponochanchada é algo que hoje não volta mais, já que ela nasceu e morreu no cenário da Boca do Lixo da cidade de São Paulo, mas com o objetivo de, talvez, rirmos das nossas próprias desgraças das quais o povo brasileiro vivia passando. Coincidentemente, após o término da ditadura, a pornochanchada foi aos poucos saindo de cena, dando lugar a um cinema mais explicito, mas que acabou perdendo o seu brilho. Assim como outros períodos de nossa história do cinema, a pornochanchada pertence numa época para ser reavaliada e o documentário História que Nosso Cinema (Não) Contava veio para fortalecer essa ideia. 

Onde assistir: Cinemateca Capitólio Petrobras. R. Demétrio Ribeiro, nº 1085, centro de Porto Alegre. Horário: 18h30min.  
 
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