Nos
dias 01 e 02 de setembro eu estarei na
Cinemateca Capitólio Petrobras de Porto Alegre, onde irei participar do
curso Pasolini: Intelectual e Cineasta Maldito, criado pelo Cine
Um e ministrado pela professora e crítica de cinema Fatimalei Lunardelli. Enquanto os dias
dessa atividade não chegam, eu estarei por aqui falando um pouco dos filmes
desse perfeccionista e polêmico cineasta.
Decameron (1971)
Sinopse: Adaptação de contos de Boccaccio, como as freiras devassas que
realizam milagres sexuais, uma esposa traiçoeira com habilidade para negócios,
um artista tuberculoso à beira da morte que tenta trapacear o Céu, jovens
amantes flagrados e outros.
Decameron
é um filme italiano de Pier Paolo Pasolini que estreou em 1971. Uma adaptação de
nove histórias do Decameron de Giovanni Boccaccio, coleção de cem novelas
escritas entre 1348 e 1353, que é considerada marco literário na ruptura entre
a moral medieval e o realismo, substituindo o divino pela natureza como móvel
da conduta humana. Lançando mão de doses de humor satírico, o filme é dividido
em nove histórias, que compõem um painel da vida social na Itália medieval.
Decameron acaba sendo uma adaptação para o cinema bem divertida, exibido sem pudores visuais,
interpretado por uma série de pessoas comuns sem formação interpretativa entre
os atores – em nome da expressão da realidade – e apresentando um contexto
peculiar cronologicamente tão distante mas, ao mesmo, ideologicamente tão
próximo da vida atual.
Os Contos de Canterbury (1972)
Sinopse:Quatro contos
eróticos de Geoffrey Chaucer são contados de forma bem-humorada através das
experiências de um grupo de viajantes. Eles mostram os padrões sociais, sexuais
e religiosos da Inglaterra do século 14.
Os Contos de Canterbury
(1971), filme do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, adaptado da obra de
Geoffrey Chaucer, é a segunda obra da chamada “trilogia da vida”; iniciada por
O Decameron (1970) e completada por As mil e uma noites (1974). Os Contos de
Canterbury nos mostram a morte como um perseguidor dessa vida: Thanatos
diretamente ligado a Eros. Os Contos de Canterbury, de Chaucer, foi escrito no
século XIV, em forma de poema. Além dos contos utilizados por Pasolini no
filme, há vários outros, além de muitos fragmentos, anotações e contos deixados
incompletos por Chaucer.
Para completar, Pasolini faz
uma magnífica representação do inferno com claras influências da pintura de
Hieronymus Bosch.
As
Mil e Uma Noites (1974)
Sinopse: Terceiro tomo da sua “Trilogia da Vida”, iniciada com “Decameron” e “Os Contos de Canterbury”, Pasolini usa os contos tradicionais do Médio Oriente, para nos trazer uma série de histórias onde o amor e o sexo estão entrelaçados e explorados em tonalidades diversas, da tragédia à traição, do encantamento à devoção, em contos de príncipes e princesas onde a busca do amor é o tema recorrente, e a história de Nur ed-Din (Franco Merli) e Zumurrùd (Ines Pellegrini) é o fio condutor, motivo para contos dentro de contos, onde cada personagem tem a sua própria história de fascinação e desilusão a contar.
Pier Paolo Pasolini completa a sua “Trilogia da Vida” com as tradições do Médio Oriente a servirem de inspiração no filme “As Mil e Uma Noites”, continuando a usar textos antigos como ponto de partida, como nos filmes citados, onde bebera em Boccaccio e Chaucer, respectivamente. Como nos dois tomos anteriores, Pasolini partiu de um argumento escrito por si, para uma representação livre dos universos coloridos narrados nos textos originais. Desta vez, a grande diferença era de orçamento, a permitir exteriores filmados no Irão, Yemen, Etiópia, Índia e Nepal, em busca de locais que melhor trouxessem imagens imaculadas de aldeias e construções antigas plenas da aridez e exotismo que associamos ao Médio Oriente. Com uma teia de histórias complexamente entrelaçada, Pasolini dá-nos, neste terceiro tomo da sua trilogia, o mais doce e inocente destes três filmes, não fosse ele baseado em histórias de encantar e não tivesse ele o amor como principal tema.
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