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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Cine Especial: Pier Paolo Pasolini: Intelectual e Cineasta Maldito: Parte 1




Nos dias 01 e 02 de setembro eu estarei na Cinemateca Capitólio Petrobras de Porto Alegre, onde irei participar do curso Pasolini: Intelectual e Cineasta Maldito, criado pelo Cine Um e ministrado pela professora e crítica de cinema Fatimalei Lunardelli. Enquanto os dias dessa atividade não chegam, eu estarei por aqui falando um pouco dos filmes desse perfeccionista e polêmico cineasta.  

Accattone - Desajuste Social (1961)


Sinopse: Ao som da musica sublime de Bach, Pasolini nos apresenta a miserável periferia de Roma, onde vive Vittorio, mais conhecido como Accattone, um jovem cafetão que explora a prostituta Maddalena. Quando ela é presa, ele fica sem rumo até se apaixonar pela ingênua Stella, que tenta fazê-lo mudar de vida.

 
Esse inesquecível retrato poético do lumpem-proletariado e primeiro filme do cineasta talvez também seja um dos seus melhores, pois é dotado por um poder vindo de suas  imagens que trai o caráter, por vezes, impulsivo e intempestivo de seu protagonista, vivido magistralmente por Citti, encontrado pelo cineasta e estreando igualmente no cinema nesse filme. O acerto do filme advém de seu agridoce retrato do meio social dos miseráveis subúrbios romanos em que se mesclam a sordidez movida pela sobrevivência a qualquer preço: Accatone não apenas entrega sem pestanejar sua mulher quando se vê pressionado quanto rouba uma pulseira do próprio filho quando lhe pede para beijá-lo e uma solidariedade entre companheiros de infortúnios igualmente repleta de pequenos golpes. Constrói um Accatone extremamente humano, expresso para além de seu cinismo nos raros momentos de carinho que demonstra para com Stella. Tudo isso  tendo como fundo sonoro a música de Bach que ajuda a construir uma moldura épica e cristã, além de irônica, a partir da marginalidade mais banal nesse retrato rumo a morte desses personagens condenados  por serem portadores de uma sensibilidade “maior que a própria vida”, tal e qual o adolescente de Mamma Roma, seu filme seguinte.

 

Mamma Roma (1962)



Sinopse: Mamma Roma (Anna Magnani), uma prostituta que se consegue libertar de Carmine, o seu chulo, e montar um posto público de vendas para poder proporcionar uma educação decente ao seu filho Ettore (Ettore Garofolo). Apesar do terrível esforço de Mamma Roma, as coisas não correm pelo melhor.

Mamma Roma é o segundo filme de Pier Paolo Pasolini, com argumento original da sua autoria e um dos primeiros filmes deste cineasta a retratar os marginais da sociedade italiana. A partir de uma história melodramática de uma prostituta de Roma que tenta dar uma vida digna ao seu filho, Pasolini constrói um filme com uma extraordinária dimensão poética e social. Na altura da sua estreia, Mamma Roma foi proibido em Portugal, ressurgindo nos circuitos comerciais apenas em 1992.Com este filme, Pasolini foi nomeado para o Leão de Ouro do Festival de Veneza de 1962.

 

O Evangelho Segundo São Mateus (1964)



Sinopse: A história de Jesus Cristo, do nascimento à ressurreição, a partir do texto de São Mateus. As parábolas, os primeiros discípulos, a revolta, a determinação, os milagres, a intolerância, a solidão e a impaciência. Assim Jesus conseguiu uma legião de seguidores e também muitos inimigos.

Certamente, o cinéfilo do Evangelho Segundo São Matheus (1964) tem grandes chances de se surpreender, mesmo quando a obra vai contra suas expectativas. Afinal, não se trata de um filme de religião convencional: o relato da vida de Cristo conforme os textos originais da bíblia poderia simplesmente significar mais uma obra que vai ao sentido de exaltar Jesus, reverenciar o cristianismo, fazer proselitismo religioso e assim por diante. O curioso é que, mesmo se valendo exclusivamente de citações do evangelho, o filme interessa menos por suas eventuais implicações religiosas e mais por suas possibilidades políticas, além de sua rara beleza plástica.
O fato é que o Evangelho, por ter sido filmado por alguém como Pasolini, é igualmente uma obra política que destaca, sem subterfúgios e por meio de uma linguagem realista e poética, aspectos dos conflitos de classe que perpassam o evangelho. Assim, mais do que implicações práticas dos enunciados religiosos, interessa notar a forma como os enunciados são igualmente o resultado de conflitos sociais entre pobres e ricos, classe dominante e classe dominada.



Mais informações sobre o curso clique aqui. 


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