Nota: sessão
exibida na Fundação Iberê Camargo neste último domingo (05/08/18).
Sinopse: A espera e o seu eterno diálogo com o
tempo, sob diferentes manifestações: filas do dia a dia, os minutos frívolos
antes da chegada do trem, os momentos que sucedem uma aguardada cirurgia de redesignação
de gênero ou, até mesmo, a expectativa pelo fim dos tempos.
Quando eu estou viajando de trem eu opto, por
exemplo, em ficar lendo um livro, ou uma HQ, enquanto as demais pessoas, de
cada dez delas que se encontram no local, oito estão navegando em seus
respectivos celulares. Sempre considerei o fato que é bem melhor ler algo mais
construtivo do que ficar preso as redes sociais durante esse percurso. Porém,
será que eu estou realmente desfrutando do meu tempo?
Embora eu esteja lendo histórias não estou, por exemplo, puxando conversa com a pessoa ao lado, sendo que essa poderia me dar novas ideias ou rumos. Ou então, quem sabe, eu poderia começar apreciar os prédios e casas enquanto o trem me leva ao meu destino. O documentário Espera nos faz refletir sobre o tempo do qual nos encontramos em determinado local, seja numa sala de espera, ou até mesmo no ambiente de trabalho, dos quais talvez não sejam momentos exatamente banais, mas sim onde possamos tirar algo de construtivo, instintivo e até mesmo reflexivo.
Dirigido por Cao Guimarães (O Homem das Multidões), o filme explora os significados das cenas encontradas em rolos de filmes que estavam conservados em uma geladeira. Ao mesmo tempo, surgem cenas de pessoas em seus respectivos momentos de espera, desde uma sala de espera no hospital como também numa fila em busca de emprego. Dentre essas esperas, se destaca Gael Benitez, transexual que faz tratamento hormonal pela mudança de sexo e para que assim possa se sentir ele mesmo.
Abertura já é curiosa desse documentário, pois Guimarães faz um plano fechado de um auditório, onde vemos as pessoas aguardando um espetáculo. Porém, ao invés de ficarem na expectativa pelo que irão assistir, as pessoas começam a conversar, comer e navegar em seus respectivos celulares. Uma vez a gente testemunhando esse momento nós percebemos que há uma inquietude das pessoas perante a espera, quando na verdade poderiam soltar as suas imaginações com relação ao que forem testemunhar em seguida.
A espera, portanto, não poderia se tornar banal, mas talvez uma pequena experiência sensorial, onde os sentidos poderiam ser colocados mais em prática. Ao vermos em uma cena, por exemplo, um recepcionista ajeitando uma cruz na parede ele está testando o seu tato, ou quando uma senhora aguarda a próxima sessão de estética ela aproveita para observar a rua pela janela e usando os seus olhos para observar algo, por vezes, ignorado no dia a dia. Momentos simplórios, mas cujos pequenos gestos podem sim fazer a diferença aos nossos próprios sentidos.
A questão da espera também explora a construção gradual de uma meta, para quando finalmente alcançá-la possa então desfrutá-la. Ao vermos, por exemplo, a mudança gradual de Gael Benitez ao longo do documentário, se vê alguém com um olhar cheio de expectativas, mas não escondendo também um olhar sereno e tendo a paciência em saber driblar os obstáculos para alcançar o seu feito tão sonhado. Sua cena final sintetiza a transformação completa, graças a uma espera que ele veio a mergulhar de cabeça e tendo a consciência sobre a nova etapa que virá em seguida.
Espera é um documentário sobre os momentos simplórios de nosso dia a dia, mas dos quais devemos começar a senti-los para voltarmos a nos lembrar sobre o que nos faz realmente humanos.
Embora eu esteja lendo histórias não estou, por exemplo, puxando conversa com a pessoa ao lado, sendo que essa poderia me dar novas ideias ou rumos. Ou então, quem sabe, eu poderia começar apreciar os prédios e casas enquanto o trem me leva ao meu destino. O documentário Espera nos faz refletir sobre o tempo do qual nos encontramos em determinado local, seja numa sala de espera, ou até mesmo no ambiente de trabalho, dos quais talvez não sejam momentos exatamente banais, mas sim onde possamos tirar algo de construtivo, instintivo e até mesmo reflexivo.
Dirigido por Cao Guimarães (O Homem das Multidões), o filme explora os significados das cenas encontradas em rolos de filmes que estavam conservados em uma geladeira. Ao mesmo tempo, surgem cenas de pessoas em seus respectivos momentos de espera, desde uma sala de espera no hospital como também numa fila em busca de emprego. Dentre essas esperas, se destaca Gael Benitez, transexual que faz tratamento hormonal pela mudança de sexo e para que assim possa se sentir ele mesmo.
Abertura já é curiosa desse documentário, pois Guimarães faz um plano fechado de um auditório, onde vemos as pessoas aguardando um espetáculo. Porém, ao invés de ficarem na expectativa pelo que irão assistir, as pessoas começam a conversar, comer e navegar em seus respectivos celulares. Uma vez a gente testemunhando esse momento nós percebemos que há uma inquietude das pessoas perante a espera, quando na verdade poderiam soltar as suas imaginações com relação ao que forem testemunhar em seguida.
A espera, portanto, não poderia se tornar banal, mas talvez uma pequena experiência sensorial, onde os sentidos poderiam ser colocados mais em prática. Ao vermos em uma cena, por exemplo, um recepcionista ajeitando uma cruz na parede ele está testando o seu tato, ou quando uma senhora aguarda a próxima sessão de estética ela aproveita para observar a rua pela janela e usando os seus olhos para observar algo, por vezes, ignorado no dia a dia. Momentos simplórios, mas cujos pequenos gestos podem sim fazer a diferença aos nossos próprios sentidos.
A questão da espera também explora a construção gradual de uma meta, para quando finalmente alcançá-la possa então desfrutá-la. Ao vermos, por exemplo, a mudança gradual de Gael Benitez ao longo do documentário, se vê alguém com um olhar cheio de expectativas, mas não escondendo também um olhar sereno e tendo a paciência em saber driblar os obstáculos para alcançar o seu feito tão sonhado. Sua cena final sintetiza a transformação completa, graças a uma espera que ele veio a mergulhar de cabeça e tendo a consciência sobre a nova etapa que virá em seguida.
Espera é um documentário sobre os momentos simplórios de nosso dia a dia, mas dos quais devemos começar a senti-los para voltarmos a nos lembrar sobre o que nos faz realmente humanos.
Cine Iberê é sempre aos domingos as 16horas.
Fundação Iberê Camargo. Av. Padre Cacique, 2000 - Cristal, Porto Alegre.
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