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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: Custódia



Nota: filme exibido para os associados no último sábado (04/08/18) na Cinemateca Paulo Amorim 



Sinopse: O casal Besson divorciou-se. Para proteger o filho do pai que acusa de violência doméstica, Miriam pede a custódia total. Mas a juíza concede ao pai direito de visita. Refém entre os pais, Julien vai fazer tudo para evitar que o pior aconteça.
Em tempos em que o cinema vive uma crise de criatividade, é sempre bom perceber que há exceções, principalmente quando surge um filme que é criado para desafiar a nossa expectativa sobre o que está realmente acontecendo na tela. Se no nosso mundo real, onde testemunhamos situações cada vez mais absurdas, porém verdadeiras, os realizadores da sétima arte, por vezes, se veem obrigados em transportar essa realidade crua para as telas e fazermos com que a gente se identifique facilmente com elas. Custódia é um dramático suspense psicológico, do qual nos assusta pela possibilidade de algo parecido estar acontecendo muito mais próximo do que nós imaginamos. 
Dirigido pelo estreante Xavier Legrand, acompanhamos a história de um casal prestes a se divorciassem. Miriam (Léa Drucker, de Melhor professor da minha vida) acusa o marido Antoine (Denis Menochet de Bastardos Inglórios) de ser um homem violento e que sempre ameaça ela e seus filhos. Após um primeiro julgamento, é decidido que ele tem o direito em visitar os seus filhos, mas o filho mais novo Julien (Thomas Gioria) é o primeiro a se dar conta que isso, talvez, seja um grande equivoco.
O grande atrativo desse filme é sermos jogados em meio a uma situação do qual conhecemos somente a superfície, quando na verdade os problemas são de muitas camadas e das quais se encontram muito mais abaixo do que a gente imagina. O cineasta Xavier Legrand já surpreende ao criar um clima claustrofóbico, principalmente em seus planos fechados, realizando situações imprevisíveis e surpreendentes diálogos num único cenário. Isso já se cria nos primeiros minutos de filme muita tensão, pois não sabemos as reais atitudes de ambas as partes, mas já fazendo a gente ter consciência de uma instabilidade notória e sufocante.
Após esses minutos nós temos a chance de conhecermos melhor esses personagens, mas assim como acontece no prólogo, não há quase nenhum momento em que a gente descubra o que realmente aconteceu no passado dessa família, mas fazendo com que tenhamos uma ideia de acordo com ação e consequência de cada um deles. Consequência, aliás, que vem mais das atitudes de Antoine e das quais começam a transbordar no momento em que tenta a todo custo dialogar com o seu filho Julien.
Denis Menochet nos brinda com uma das atuações mais assustadoras desse ano. Mesmo com poucos diálogos, o ator transmite uma instabilidade emocional de seu personagem de uma forma assombrosa e fazendo com que tememos por cada novo passo que ele dará, seja quando está com o seu filho, ou quando tenta a todo custo tentar dialogar com a sua mulher. Já o seu filho é brilhantemente interpretado pelo ator mirim Thomas Gioria, cuja suas expressões de angustia sintetizam um clima mórbido que tende somente a piorar.
Falando nisso, o ato final nos reserva momentos surpreendentes, onde Xavier Legrand faz com que a sua câmera se torne os nossos olhos e fazendo que nos tornemos observadores impotentes perante a uma situação prestes a explodir. Se na cena da festa de aniversário da filha mais velha já sinaliza o que pode acontecer, a cena do apartamento, onde nela ocorre o epilogo, é uma verdadeira aula de suspense e que remete até mesmo o clássico de horror O Iluminado. Ao final, nos damos conta que aquela realidade não é moldada pelo bem e o mal, mas sim por pessoas emocionalmente desequilibradas, cuja suas ações definem o tipo de pessoas que elas serão pelo resto de suas vidas. 
Custódia é um filme assustadoramente real, pois nos faz testemunhar uma trama que pode estar acontecendo no outro lado da rua, ou até mesmo a poucos metros de sua própria porta.


Em cartaz: Cinemateca Paulo Amorim. R. dos Andradas, 736 - Centro Histórico, Porto Alegre.Horário: 15h15min. 
 
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