Sinopse: Agora adultos, os Otários há muito tempo seguiram caminhos separados. No entanto, as crianças estão desaparecendo novamente, então Mike, o único do grupo a permanecer em sua cidade natal, chama os outros de volta para casa.
Stephen King não tem o que reclamar, já que boa parte de suas obras de sucesso foram adaptadas para o cinema e obtendo retorno, por vezes, positivo. Porém, mesmo com o sucesso de crítica, o escritor não gostou de algumas adaptações, como foi no caso de "O Iluminado" (1980), dirigido pelo mestre Stanley Kubrick, mas cujo o clássico não foi cem porcento fiel a sua fonte. Se ele vier agora reclamar será de barriga cheia, já que "It-Capítulo 2" é muito fiel a sua fonte original, ao ponto que algumas passagens da obra literária são adaptadas até mesmo nos mínimos detalhes.
Dirigido novamente por Andy Muschietti, do filme "Mama" (2013), a trama se passa 27 anos depois dos eventos originais, onde Mike (Isaiah Mustafa) percebe que o palhaço Pennywise (Bill Skarsgard) está de volta à cidade de Derry. Ele convoca os antigos amigos do Clube dos Otários para honrar a promessa de infância e acabar com o inimigo de uma vez por todas. Mas quando Bill (James McAvoy), Beverly (Jessica Chastain), Ritchie (Bill Hader), Ben (Jack Ryan) e Eddie (James Ransone) retornam às suas origens, eles precisam se confrontar a traumas nunca resolvidos de suas infâncias, e que repercutem até hoje na vida adulta.
Uma coisa que eu havia notado no filme anterior é que a história foca nos horrores em que o mundo real pode proporcionar, principalmente vindo de pessoas inconsequentes e, por vezes, tão maquiavélicas quanto o próprio vilão principal da trama. O prólogo, aliás, é definitivamente perturbador, onde dois personagens sofrem horrores vindo do preconceito e cujo esse ódio inconsequente serve para despertar o pior daquela cidade. Pode não ser tão assustador quanto abertura do filme original, mas o seu efeito faz a gente se preparar para o pior.
Devido ao retorno positivo do primeiro capítulo, Andy Muschietti não tem pressa em reapresentar a turma dos otários e cujos os personagens ganham agora interpretes adultos. Porém, é preciso dar palmas aos realizadores ao dar também espaço para os otários da maneira como havíamos conhecido, através de flashbacks e tornando esses momentos um dos grandes atrativos. Curiosamente, muitas passagens do filme original que a gente conhece é revisto através de um outro ângulo nestes momentos e revelando informações surpreendentes sobre aquele passado.
Aliás, é graças ao passado que faz mover os personagens principais para ação, mesmo quando a maioria tem muito receio de encarar lembranças até então esquecidas. Curiosamente, não é somente medo que eles sentem pelo palhaço fantasmagórico, como também devido aos problemas comuns, como abuso, preconceito e saber aceitar os erros de um passado longínquo. Mais um ponto para adaptação e do qual faz somente o filme melhorar dali em diante.
Em termos técnicos o filme é um colírio aos olhos e cuja sua fotografia consegue sintetizar, tanto as cores quentes dos anos oitenta, como também as cores frias dos dias hoje. A trilha sonora, por sua vez, anda em sincronia com cenas em que faz a gente pular das cadeiras, mesmo quando algumas a gente já imagina o que virá acontecer. As cenas, aliás, são de terror puro, onde retrata toda a maldade e fome do palhaço Pennywise.
É claro que havia um grande temor de que o novo elenco não superaria o original, mas logo esse receio é dissipado. Jessica Chastain, por exemplo, está perfeita como Bevely adulta, assim como também James Ransone como Eddie e cujo o seu rosto é assustadoramente idêntico ao do jovem ator Jack Dylan Grazer. O mesmo não pode ser dito, na minha humilde opinião, sobre atuação de James McAvoy que interpreta a versão adulta de Bill, pois mesmo sendo um dos grandes talentos do cinema atual, sua atuação aqui é apenas econômica e da qual eu esperava muito mais.
Uma outra questão a ser observada é os exageros do próprio Stephen King serem levados a tela, dos quais podem funcionar nas páginas de um livro, mas não significa que funcionem na tela do cinema como um todo. Esse exagero, aliás, o escritor se inspira e muito do universo criado pelo escritor H. P. Lovecraft e isso é bastante sentindo no ato final da trama. É neste momento, por exemplo, que o filme transita entre qualidades e defeitos, cujo os efeitos visuais em profusão meio que poluem o enredo, mas não o seu resultado emocional e cujo esse ingrediente se torna o principal trunfo da obra como um todo.
"IT – Capítulo 2" é uma ótima adaptação do clássico de Stephen King e que pode servir de modelo para as inevitáveis novas adaptações que viram logo a seguir.
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