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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'Tempo de Paz'

Sobre o Filme: 

A II Guerra já havia terminado na Europa, mas no Brasil o clima tenso e a grande precaução em relação aos imigrantes continuavam. Funcionários do governo, responsáveis pela emissão dos vistos, aguardavam por “novas diretrizes em tempos de paz”. Este é o tema e o título da peça de Bosco Brasil que deu origem ao longa “Tempos de Paz”. O filme dirigido por Daniel Filho (que também encena o Dr. Penna, personagem apenas citado na peça e mais enfatizado no filme) tem forte presença de elementos do teatro. O roteiro sofreu poucas alterações em relação à peça e a maior parte do trabalho é focado no diálogo de Segismundo (Tony Ramos) e Clausewitz (Dan Stulbach). Clausewitz é o polonês que, como tantos outros, chegou ao Brasil depois da guerra com a imagem de um país perfeito, alegre, pacífico e livre dos horrores desumanos que ele presenciou na Polônia. Aprender o português foi uma forma de ocupar a mente e esquecer o passado recente, pois agora sua vida seria como agricultor no país que “precisa de braços para a lavoura”. Segismundo é o chefe da imigração na Alfândega do Rio de Janeiro. Um ex- torturador que cumpre qualquer ordem que os superiores determinarem sem nenhum questionamento ou reflexão quanto à viabilidade das mesmas. A fase de transição pela qual o país passava atingia em cheio o oficial, pois o presidente Getúlio Vargas havia anistiado os presos políticos e Segismundo temia vinganças. Ao mesmo tempo ainda não tinha recebido novas instruções devido ao fim da guerra e ainda aplicava as mesmas regras aos imigrantes recém chegados. Neste cenário ocorre o encontro dos dois personagens e fica evidente o abismo que existe entre um homem culto, que aprendeu muito através do sofrimento pelo qual passou e outro que cresceu em um orfanato, sem contato com a família, cujo único preparo foi para obedecer ao que lhe era ordenado. Segismundo mostrou a Clausewitz que nosso país não estava sequer próximo do que era idealizado pelo polonês e que infelizmente os horrores de uma guerra não estavam restritos aos países diretamente envolvidos no conflito. A única autonomia que Segismundo demonstra é quando sugere que se Clausewitz conseguir fazê-lo chorar em dez minutos conseguirá o tão sonhado visto. Para saber se o ex-torturador que sempre demonstra extrema frieza chorou é necessário assistir ao filme, mas no cinema não faltaram lágrimas aos que assistiam. O curioso é como cenas tensas e emotivas são quebradas com repentino humor muito bem dosado, que mostra a versatilidade dos atores. Além de uma parte importante da história do Brasil e do valor dos imigrantes parcialmente retratados no filme, é curioso pensarmos a submissão dos oficiais diante de qualquer ordem emitida. "Tempos de Guerra" mostra o extremo de um comportamento cotidiano em que não importa o horror da ordem emitida, suas consequências ou seu contexto, sempre haverá um ser humano capaz de executá-la. 


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Um comentário:

Emília disse...

Marcelo, em tempos de guerra ou não há sempre os disponíveis a executar ordens sem questionar. Adorei o filme e sua potência em enaltecer o que podemos dizer e fazer a partir da fala, da arte e da nossa humanidade adoecida e brutalizada em qualquer tempo.