Sinopse: No interior do Brasil, uma família que se esforça para cuidar de seu patriarca te sua vida mudada quando uma enfermeira oferece um acordo diabólico: colocar o mais velho da família para descansar e hospedar um traficante argentino que precisa urgentemente de um lugar para se esconder.
Hoje vivemos no Brasil do absurdo, onde as pessoas agem das formas mais estranhas e que até Deus dúvida. Após as últimas eleições, por exemplo, vemos pessoas de verde amarelo agindo de formas hediondas por não aceitar os resultados e culminando em protestos que revelam a verdadeira face de alguns brasileiros. "Carvão" (2022) é um filme que revela o que há por detrás daqueles que desejam um futuro melhor, pois uma vez adquirindo determinados frutos se abre, portanto, um cenário ainda mais mórbido.
Dirigido pela premiada diretora de curtas Carolina Markowicz, o filme se passa no interior do Brasil, onde uma família que se esforça para cuidar de seu patriarca tem suas vidas mudadas quando uma enfermeira oferece um acordo diabólico: colocar o mais velho da família para descansar e hospedar um traficante argentino que precisa urgentemente de um lugar para se esconder.
O filme explora com delicadeza as mudanças graduais do comportamento de determinados personagens, dos quais os mesmos se apresentam de uma forma, mas que logo se revela uma outra faceta. Belo exemplo disso é no caso da apresentação da enfermeira, interpretada brilhantemente pela atriz Aline Marta Maia, do filme "Casa de Antiguidades" (2020), que em um primeiro momento é apresentada como uma pessoa humilde, mas que logo coloca na mesa as sus ideias peculiares para explorar aquela família. Ao mesmo tempo, isso serve para aqueles indivíduos liberarem os seus desejos de libertação, mesmo de uma forma tão fria, pois não haviam obtido uma solução nem ao menos na igreja.
Se tem então uma análise sobre o comportamento humano perante ao absurdo, onde basta um meio para adquirir uma solução para diversos problemas, mas que logo se revela uma bola de neve cada vez maior e que se torna difícil de ser contida. Não há uma simplificação sobre o bem e o mal aqui, mas sim somente o retrato de seres humanos que agem de acordo com os seus impulsos uma vez que são colocados em uma situação que, infelizmente, ocorre muito mais perto do que nós imaginamos. A personagem Irene, por exemplo, muda a partir do momento em que se tem a chance em mãos de mudar um pouco a sua vida, mas não fazendo a gente descartar a possibilidade dela ter guardado para si a sua real pessoa antes dos eventos revelados até aqui.
Maeve Jinkings obtém aqui uma de suas melhores atuações na carreira, pois desde "O Som ao Redor" (2012) ela tem demonstrado predileção por personagens complexas, onde as suas naturezas transitam entre a normalidade e selvageria. No caso aqui, sua Irene nos passa uma pessoa sofrida, cuja as cicatrizes emocionais se encontram no seu profundo olhar, mas ao mesmo tempo demonstrando cansaço perante aquela realidade que no fundo deseja desvencilhar. Aos poucos, tanto o marido como o filho, também demonstram atitudes que contrapõem sobre o que eles eram no primeiro ato da trama, muito embora talvez elas somente estivessem guardadas e esperando o momento certo para serem transbordadas.
Não é preciso ser gênio de que a situação chegará ao ponto que será impossível eles guardarem o segredo por muito tempo, ao ponto que os vizinhos em volta começam a desconfiar sobre o real destino do patriarca e sobre quem se encontra no lugar dele. A solução se revela de um modo surpreendente, desumano, mas não muito diferente da real face do brasileiro de hoje e que cada vez mais se acostumou com o absurdo vindo da própria sociedade. No geral, é um filme sobre o lado hipócrita do brasileiro atual, que se esconde através do Véu da igreja enquanto comete barbaridades do lado de fora.
"Carvão" é um filme sobre um Brasil construído pelas aparências, pois muitos escondem os seus esqueletos peculiares e que não desejam serem julgados pelos demais da sociedade.
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