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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Cine Especial: 'A Cruz de Ferro – No Outro Lado do Front'

Sinopse: Uma frente de soldados alemães luta para sobreviver aos ataques soviéticos na Segunda Guerra Mundial, contando com a liderança do novo comandante, o condecorado oficial Steiner, que busca apenas uma coisa: a Cruz de Ferro para honrar sua família. 

O recente filme alemão "Nada de Novo no Front" (2022) mostra o outro lado da 1ª Guerra Mundial, mais precisamente adentrando ao dia a dia de um grupo de soldados alemães que são jogados dentro do conflito como gado e serem abatidos ao longo do percurso. Já no outro lado do mundo, por muito tempo, o cinema norte americano sempre orquestrou em retratar os seus soldados como os grandes heróis de guerra enquanto os alemães era o puro mal vindo direto do inferno. Porém, independente de qual lado a pessoa esteja, a guerra sempre trará dor e sofrimento para ambos os lados, já que são seres humanos persuadidos em lutar por uma ideia, quando na verdade somente servem como peças descartáveis para lideres autoritários e que não possuem nenhum pingo de humanidade presente para dizer o mínimo.

Claro essa simplicidade com relação entre o bem e o mal dentro das grandes guerras é algo que foi encravado pela própria Hollywood. Na sua era de ouro dos anos 30 e 40, por exemplo, a 2ª Guerra estava a recém se alastrando pela Europa e fazendo com a própria indústria cinematográfica não tivesse tempo para debater sobre o assunto, mas sim correndo contra o tempo para endeusarem os soldados americanos e fazendo dos soldados alemães os verdadeiros agentes do Diabo. Contudo, "A Cruz de Ferro" (1977) é uma produção que se difere das outras, já que os protagonistas são soldados alemães contra os russos e revelando assim o outro lado da história tão pouco explorado.

Dirigido por Sam Peckinpah, realizador do clássico "Meu ódio será tua herança" (1969), a trama se passa em 1943, onde o líder condecorado Rolf Steiner (James Coburn) é promovido a sargento após outra missão bem sucedida, enquanto o arrogante capitão Hauptmann Stransky (Maximilian Schell) torna-se o novo comandante de sua equipe. Após uma batalha sangrenta contra as tropas russas, o covarde Stransky, que não liderou o pelotão, clama que ele comandou o grupo após a morte do verdadeiro tenente que tomou a frente, e pede a condecoração da Cruz de Ferro para satisfazer suas ambições e sua família.

Sam Peckinpah ganhou notoriedade justamente no momento em que o cinema norte americano se tornou mais contestador no período em que muitos de hoje chamam de " Nova Hollywood". Se no clássico "Meu Ódio Será Tua Herança" (1969) ele retratava um grupo de foras da lei que não sabiam fazer nada além de serem ladrões profissionais, aqui ele mostra um grupo de soldados já tendo encarado os horrores da guerra e fazendo com que os mesmos não consigam mais fazer nada, a não ser lutarem e tentarem proteger as suas vidas. Neste caso isso é muito bem representado pelo condecorado Rolf Steiner, brilhantemente interpretado por James Coburn e que começa a enxergar a guerra como uma grande piada pronta.

Para Steiner, não faz mais nenhum sentido obter medalhas, ou tão pouco lutar em nome de Hitler, mas chegando ao ponto que não tem como mais abandonar o conflito, pois o cenário de horror lhe atrai sem ao menos entender o porquê. O ápice nesta questão se encontra em um momento em que ele se vê recuperando-se em um hospital, chegando ao ponto de se relacionar com a sua enfermeira, mas logo tendo o desejo de abandonar essa luz de esperança e embarcar novamente no inferno na terra. Aliás, a cena do hospital é bastante enigmática, já que não sabemos ao certo se o protagonista se encontra em um hospital ou se ainda se vê no meio do tiroteio e sofrendo com os seus próprios delírios.

Revendo o filme hoje se percebe que Sam Peckinpah foi revolucionário na construção das cenas de ação do cinema, pois as mesmas em suas mãos se tornam um verdadeiro balé sangrento e do qual ficamos até mesmo nos perguntando como tudo foi feito. Embora com um orçamento limitado é graças a sua visão autoral que faz toda a diferença, principalmente nas cenas de tiroteio, onde cada bala nós quase vemos sendo disparadas graças a sua câmera lenta, além de testemunharmos os soldados caindo lentamente que nem folhas. Não me surpreenderia se o realizador tenha servido de modelo para o diretor Chinês John Woo, autor de filmes como "A Outra Face" (1997), já que o mesmo se tornaria famoso, tanto no ocidente como no oriente, ao orquestrar diversas cenas de ação em câmera lenta e com muito poesia.

O filme é baseado no livro "The Willing Flesh", de 1955, de Willi Heinrich, que foi rodado na Iugoslávia e teve dinheiro arrecadado de um produtor de filmes pornô. Com esse financiamento, Sam Peckinpah deu uma verdadeira aula de como se faz um verdadeiro filme de guerra e que ficou no mesmo patamar de superproduções da época como no caso de "Patton - Rebelde ou Herói?" (1970). Além de James Coburn o filme possui uma penca de astros conhecidos, como James Mason, David Warner e Santa Berger.

Lançado recentemente em DVD pela Classicline, "A Cruz de Ferro" é um filme que entra facilmente em qualquer lista dos melhores filmes de guerra da história, mas isso graças a coragem e ousadia de Sam Peckinpah ao retratar o outro lado dessa trincheira. 


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