Sinopse: 1973, Uruguai. José Mujica (Antonio de la Torre), Mauricio Rosencof (Chino Darín) e Eleuterio Fernández Huidobro (Alfonso Tort) são militantes dos Tupamaros, grupo que luta contra a ditadura militar local. Eles são presos em ações distintas e encarcerados junto a outros nove companheiros, de forma que não possam sequer falar um com o outro. Ao longo dos anos, o trio busca meios de sobreviver não só à tortura, mas também ao encarceramento que fez com que ficassem completamente alheios à sociedade, sem a menor ideia se um dia seriam soltos.
No clássico O dia que Dorival encarou a guarda (1986) de Jorge Furtado, vemos um homem preso numa delegacia militar, implorando para tomar banho, mas que tem os seus pedidos negados. Furioso, ele começa a xingar cada um dos que trabalham no local e escancarando toda a hipocrisia e burocracia que impregna aquele ambiente. Se aquele cenário ainda representava resquícios da nossa ditadura, Uma Noite de 12 Anos nos adentramos no auge do golpe contra o Uruguai, mas do qual a força de vontade de três homens se sobressai contra qualquer fascismo imposto contra eles.
Dirigido por Alvaro Brechner, o filme acompanha a história de três prisioneiros políticos, que sofrem nas mãos de militares. Pertencentes ao grupo Tupamaros, José Mujica (Antonio de la Torre), Mauricio Rosencof (Chino Darín) e Eleuterio Fernández Huidobro (Alfonso Tort) usam todos os métodos para tentar sobreviver a inúmeras torturas psicológicas e solidão ao extremo que vão contra eles. Conforme o tempo passa, eles precisam enfrentar as suas próprias insanidades e se agarrarem no que fazem deles serem homens de verdade.
Alvaro Brechner não tem pressa ao apresentar os seus principais protagonistas, mas sim nos colocando dentro do cenário tenebroso em que eles terão que enfrentar nos próximos doze anos de encarceramento. Aliás, Brechner faz um giro de 360ªgraus naquele ambiente de pouquíssimo espaço, fazendo com que tenhamos uma sensação de claustrofobia e dando um exemplo do que será o filme nas próximas duas horas. Aliás, o cenário do filme não deve em nada a um filme de terror, pois o horror vindo do próprio ser humano pode ser muito mais implacável do que qualquer vulto demoníaco.
O filme é dividido em inúmeras fases, onde cada um delas vai mudando, conforme os militares vão levando os protagonistas nos mais diversos tipos de prisão e das quais elevam um grau cada vez maior de isolamento. Na medida que a situação vai ficando cada vez pior, os três começam a usar inúmeros métodos de comunicação e para assim não perderem a razão. Não deixa de ser emocionante, por exemplo, as sequências em que vemos os três se comunicando com batidas na parede, ao ponto de chegarem a jogarem xadrez mentalmente através desse método.
Antônio de la Torre, Chino Darín e Alfonso Tort se saem bem em seus respectivos personagens, principalmente o primeiro, pois Torre não fica preso na imagem de José Mujica, mas sim conseguindo elaborar uma interpretação que fala por si e escapando da ala de grandes interpretes mas que não conseguem criar grandes performances quando interpretam personagens históricos. O filme por si só escapa também do óbvio, pois embora saibamos que há uma ditadura esmagando o Uruguai naquele tempo, os eventos do mundo de fora surgem somente como pano de fundo e dando mais destaque ao horror psicológico do qual os personagens vão passando. Porém, Alvaro Brechner não esconde aquele período por muito tempo e quando ele surge vem de forma implacável, principalmente ao ser representado pelo talento assombroso que é de César Troncoso (O Banheiro do Papa).
Nos derradeiros momentos finais da obra, percebemos que o estado ditatorial pode nos tirar tudo, mas que nunca poderá nos tirar a nossa força e tão pouco a nossa fé. Com uma edição frenética, testemunhamos três pessoas enfrentando as suas próprias mentes, mas se agarrando no que era mais precioso para eles que é o conhecimento. Ao vermos uma planta brotar num lugar mais improvável do filme, nos damos conta que a opressão não mata, mas sim só faz germinar galhos mais fortes contra ela.
Dirigido por Alvaro Brechner, o filme acompanha a história de três prisioneiros políticos, que sofrem nas mãos de militares. Pertencentes ao grupo Tupamaros, José Mujica (Antonio de la Torre), Mauricio Rosencof (Chino Darín) e Eleuterio Fernández Huidobro (Alfonso Tort) usam todos os métodos para tentar sobreviver a inúmeras torturas psicológicas e solidão ao extremo que vão contra eles. Conforme o tempo passa, eles precisam enfrentar as suas próprias insanidades e se agarrarem no que fazem deles serem homens de verdade.
Alvaro Brechner não tem pressa ao apresentar os seus principais protagonistas, mas sim nos colocando dentro do cenário tenebroso em que eles terão que enfrentar nos próximos doze anos de encarceramento. Aliás, Brechner faz um giro de 360ªgraus naquele ambiente de pouquíssimo espaço, fazendo com que tenhamos uma sensação de claustrofobia e dando um exemplo do que será o filme nas próximas duas horas. Aliás, o cenário do filme não deve em nada a um filme de terror, pois o horror vindo do próprio ser humano pode ser muito mais implacável do que qualquer vulto demoníaco.
O filme é dividido em inúmeras fases, onde cada um delas vai mudando, conforme os militares vão levando os protagonistas nos mais diversos tipos de prisão e das quais elevam um grau cada vez maior de isolamento. Na medida que a situação vai ficando cada vez pior, os três começam a usar inúmeros métodos de comunicação e para assim não perderem a razão. Não deixa de ser emocionante, por exemplo, as sequências em que vemos os três se comunicando com batidas na parede, ao ponto de chegarem a jogarem xadrez mentalmente através desse método.
Antônio de la Torre, Chino Darín e Alfonso Tort se saem bem em seus respectivos personagens, principalmente o primeiro, pois Torre não fica preso na imagem de José Mujica, mas sim conseguindo elaborar uma interpretação que fala por si e escapando da ala de grandes interpretes mas que não conseguem criar grandes performances quando interpretam personagens históricos. O filme por si só escapa também do óbvio, pois embora saibamos que há uma ditadura esmagando o Uruguai naquele tempo, os eventos do mundo de fora surgem somente como pano de fundo e dando mais destaque ao horror psicológico do qual os personagens vão passando. Porém, Alvaro Brechner não esconde aquele período por muito tempo e quando ele surge vem de forma implacável, principalmente ao ser representado pelo talento assombroso que é de César Troncoso (O Banheiro do Papa).
Nos derradeiros momentos finais da obra, percebemos que o estado ditatorial pode nos tirar tudo, mas que nunca poderá nos tirar a nossa força e tão pouco a nossa fé. Com uma edição frenética, testemunhamos três pessoas enfrentando as suas próprias mentes, mas se agarrando no que era mais precioso para eles que é o conhecimento. Ao vermos uma planta brotar num lugar mais improvável do filme, nos damos conta que a opressão não mata, mas sim só faz germinar galhos mais fortes contra ela.
Uma Noite de 12 Anos mostra a força de vontade de poucos, mas que pode no futuro mudar a vida de muitos.
Onde assistir: Cinebancários: Rua General Câmara, nº 424, centro de Porto Alegre. Horário: 15h.
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