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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: Primavera em Casablanca

Nota: filme exibido para associados no último sabado (08/09/18) na Casa de Cultura Mario Quintana de Porto Alegre.  

Sinopse: Cinco histórias separadas, uma ambientada na década de 1980, nas montanhas do Atlas, e as outras nos dias atuais, em Casablanca, Marrocos. No entanto, a distância temporal dessas narrativas não impede que a intolerância, a ignorância e a dificuldade em aceitar as diferenças, sejam as mesmas em todas elas. 

Independente de onde você esteja a política  influencia em parte a sua vida, pois não importa o quão  você irá navegar contra a maré, já que a correnteza um dia irá te pegar. Contudo, as atitudes de uma pessoa, mesmo que de forma irrisória, podem sim fazer a diferença, seja para consigo mesmo ou para as pessoas em sua volta. Primavera em Casablanca é a desconstrução  sobre o mito em que as mudanças da política não nos atinge e de como ela pode sim afetar o nosso percurso da vida.
Dirigido por  Nabil Ayouch (São eles os Cães) o filme conta cinco histórias separadas, sendo que elas são divididas em duas épocas distintas. Uma se passa nas montanhas do Atlas, enquanto as demais se passa nos dias atuais na famosa Casablanca de Marrocos. Não demora muito para nos darmos conta que todas possuem certa ligação em meio as mudanças da realidade de cada um que vai passando.
Embora aparente uma ambição ousada em sua proposta, Ayouch consegue a proeza de fazer com que nos identifiquemos facilmente com os personagens, pois independente deles pertencerem a um país distante, os seus dilemas são universais. Começando a trama nos anos de 1980, o filme toca em questões profundas, que vão desde a questão do aborto, machismo, prostituição, drogas, violência doméstica, preconceito contra artistas, desigualdade social, o embate político com judeus, a revolução política nas ruas, a disputa entre as línguas árabe e berbere, a brutalidade policial, a desilusão dos idosos, a cegueira dos adultos e a indiferença dos jovens.  Em tempos de crises políticas, tanto aqui no Brasil, como também em diversos países do mundo, o filme, portanto, poderia ter sido feito em qualquer outro país e que o resultado teria o mesmo efeito.
Contudo, o cineasta não procura incrementar o efeito borboleta em sua trama como um todo, mas sim fazer com que todos os seus personagens principais tenham o seu começo, meio e fim, independente do ato e consequência dos demais. Infelizmente alguns personagens surgem tardiamente na trama que, embora sejam interessantes, acabam tendo pouco espaço para serem melhores desenvolvidos. Isso não compromete o resultado final das coisas, mas deixando no ar aquele gostinho de quero mais.
Mas embora cada um tenha sua trama distinta uma da outra, Ayouch cria um curioso recurso onde todos os personagens, em seus momentos de maior conflito, acabam fazendo parte de  uma clássica música sendo tocada em cena e tornando esse um dos melhores momentos da trama.  É bem da verdade que a ideia não é nova, principalmente para aqueles que assistiram o já clássico filme Magnólia. Porém, principalmente para aqueles que forem fãs das musicas de Freddie Mercury, a cena se torna mais do que bem vinda. 
Mas talvez o ápice da obra talvez se encontre nos momentos em que o filme presta uma homenagem ao clássico Casablanca de  Michael Curtiz. Logicamente ouviremos a famosa “As Time Goes By”, mas não espere um endeusamento com relação a obra, mas sim uma desconstrução da alienação social, sendo uma versão idealizada e que não corresponde em nada às contradições da sociedade local.  O ato final, portanto, dá lugar ao mundo real de Marrocos, enquanto a fábula criada pelo clássico, por mais que ele seja importante, fica de lado e até mesmo para ser questionado.
Primavera em Casablanca é um mosaico de atos e consequências nas vidas das pessoas com relação as mudanças politicas, mesmo quando elas se encontram em segundo plano da trama.


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