Sinopse: 1998, Nalchik, sul da Rússia. Uma família experimenta momentos de explosiva tensão: o filho caçula não volta para casa junto com a noiva, desaparecidos sem nenhuma explicação. No dia seguinte o recebimento de uma carta pedindo alto resgate confirma o sequestro e a família começa então a abrir mão de todos os bens materiais para tê-los de volta.
Em 2011, Twilight Portrait era um retrato poderoso da forma peculiar de vingança de uma mulher após ser vítima de violação. Um retrato de emancipação, com algumas semelhanças com Elle (de Verhoeven), que valeu a Isabelle Huppert uma nomeação para o Óscar. Em 2017, Tesnota retorna com esses mesmos assuntos delicados, porém, necessários para serem debatidos.
Estamos em 1998, no Norte do Cáucaso, numa pequena comunidade judaica. Um jovem casal é raptado e é pedido às famílias um resgate. Acompanhamos os pais a e a irmã na dele no esforço de conseguir encontrar o dinheiro necessário para assegurar a libertação.
Tesnota entrelaça a falta de confiança nas autoridades, a ortodoxia judaica, o choque geracional, a relação promíscua entre dois irmãos, a discriminação das mulheres e a emancipação feminina ou os choques inter-religiosos e inter-étnicos na Rússia do virar do século. Tudo isso faz com que até esquecemos que há um resgate a ser pago, ao ponto que isso se torna oficialmente um assunto em segundo plano e para assim descortinar a real natureza da familia central da trama.
Há uma cena boa a expor o lado retrógrado da ortodoxia religiosa, em que os casamentos combinados ainda são prática corrente. E há boas interpretações femininas da jovem Ila e da mãe Adina, pelas atrizes Darya Zhovnar e Olga Dragunova, sendo que ambas juntas nos brindam com os melhores momentos do filme.
Tesnota vai construindo aos poucos uma atmosfera de tensão, onde o cinéfilo fica aguardando a cada momento uma grande tragédia, mas revelando algo muito além de suas cortinas.
Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram
Nenhum comentário:
Postar um comentário