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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: As Herdeiras


Sinopse: Chela (Ana Brun) e Chiquita (Marrgarita Irún), herdeiras de uma família abastada no Paraguai, vivem confortavelmente há 30 anos. Porém, ao chegar na terceira idade, percebem que o dinheiro não é mais suficiente e começam a vender seus bens. Quando suas dívidas chegam ao ponto da Chiquita ser presa por cobranças fraudulentas, Chela começa a providenciar um serviço local de táxi para um grupo de senhoras ricas. Enquanto Chela se acostuma com a nova realidade, ela conhece a jovem Angy (Ana Ivanova) e juntas embarcam em uma transformação pessoal.



Enquanto no cinema dos EUA ainda se acredita que os filmes protagonizados por mulheres ainda se necessita de um rosto jovem, os demais cinemas de outros países, por sua vez, comprovam que o papel da mulher da terceira idade pode render sim bons frutos cinematográficos. Filmes como, por exemplo, o  brasileiro Aquarius, o chileno Glória, além do francês Ellen, comprovam que os dilemas vividos por uma mulher de terceira idade perante ao complexo mundo contemporâneo pode render debates acalorados e dos quais não devem a nenhum filme protagonizado por jovens atrizes que possuem, por vezes, só um rosto bonito. As Herdeiras se destaca na questão da mulher de terceira idade em saber domar as adversidades complexas do mundo de hoje e obter sua independência nas escolhas que almeja.
Dirigido pelo estreante Marcelo Martinesse, o filme tem como protagonista Chela (Ana Brun) que assiste, com sua companheira de longa data Chiquita (Margarita Irún), a dilapidação da sua herança, uma vez que a venda dos bens é a única fonte de renda de ambas. Após a prisão de Chiquita por problemas fiscais, Chela, acostumada a ser servida e cuidada, precisa passar por um processo de reinvenção e redescoberta de si mesma, ante à ausência de sua companheira e aos problemas financeiros que enfrentam. Quebrando a postura passiva delineada no início do filme, passa a prestar serviço de motoristas para vizinhas e amigas, atividade que a coloca em movimento e em contato com outras mulheres, dentre elas Angy (Ana Ivanova), por quem desenvolve uma relação marcada por curiosidade, deslumbre e desejo.

Embora aparente ser uma trama simples, o filme ganha a sua complexidade graças as reações de sua protagonista principal, onde ela encara as mudanças que surgem a partir da prisão de sua parceira, o surgimento de uma decadência financeira e o nascimento pelo desejo em experimentar coisas novas. O filme trata, assim, de pequenos dramas pessoais, dos quais as pessoas facilmente se identificam na tela, pois ela é contada de uma forma realista e, principalmente, de uma forma intimista e agradável ao ser assistida. 
Com uma presença forte do começo ao fim, a atriz Ana Brun (premiada no Festival de Berlim por esta atuação) cumpre com louvor a difícil missão de construir esta personagem introspectiva através de grandes silêncios e olhares expressivos, porém, profundos e cheios de sentimentos. Assim como eu destaquei no início do texto, o filme quebra o preconceito contra o protagonismo da terceira idade, além de tratar da questão homossexual com naturalidade e respeito. Retratadas, quase sempre e quando muito (afinal, o cinema americano costuma apagar mulheres protagonistas depois dos 40 anos de idade), como figuras  frágeis e sem perspectiva, as mulheres destes filmes são mais do que mães, esposas e avós: são indivíduos com desejos, erros, sexualidade plena e complexidade emocional.
Com um final em aberto, porém, cheio de significado, As Herdeiras é o retrato da mulher da terceira idade de tempos atuais, onde cada vez mais deseja abraçar os seus desejos que antes nunca haviam sido alcançados.  



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