Para aqueles que
acompanham o meu blog, num primeiro momento pode até acharem estranho eu falar
aqui de HQ. Mas o caso que mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer, pois eu
além de ser amante de cinema, cresci lendo bastantes gibis quando criança e na
minha adolescência, mesmo eu tendo pegado o barco de uns piores períodos de
falta de criatividade que essa arte teve que foi nos anos 90. Além disso, o
cinema e HQ andam atualmente de mãos dadas, numa lucrativa onda de adaptações de
HQ e que faz com que esse casamento tão cedo não irá ruir.
Com isso, decidi
começar a escrever sobre uma das minhas HQ preferidas, que em vez dos típicos super
heróis que nos conhecemos, aqui os protagonistas são gente como a gente, em que
seus conflitos, amores e dramas, nos fazem identificar com eles imediatamente. Abaixo,
solto um pouco sobre o inicio dessa humana e incrível historia.
Estranhos no Paraíso:
Volume 1
"Minha vida são
paginas rabiscadas, rasuradas e mal determinadas ao entardecer. Se há algo que
aprendi é que não se pode voltar atrás..nem podemos sempre ser felizes. Que, sem
amor, não somos mais do que Estranhos no Paraíso."
Sinopse: Conheça
Francine, que ama Freddie porque ainda não descobriu que ele só quer transar
com ela! Conheça Katchu, que ama Francine. Além de David, que gosta de Katchu
apesar de ela ter ameaçado dar o saco dele pro gato comer.
Quando Estranhos no
Paraíso aterrissou por aqui em 1998 pela editora Abril, ela dividiu as atenções
dos leitores com o casamento do Superman na época. Embora a competição pela atenção
desse como certa a vitoria do herói escoteiro, Estranhos no Paraíso acabou
conquistando uma boa fatia do publico, que estava mais do que cansado de ler
tantas HQ de super heróis, cuja as tramas não levavam mais para lugar algum.
Criado pelo escritor e desenhista Terry Moore, acompanhamos a historia de
amizade e amor de Katchoo, Francine e David, que formam na verdade um triangulo
amoroso inusitado: David ama Katchoo, que por sua vez ama sua melhor amiga
Francine e que essa ultima não sabe bem a quem amar.
A trama começa no
passado, onde vemos Francine participar de uma peça de teatro (Estranhos no Paraíso),
mas um súbito e constrangedor imprevisto, faz com que ela se torne posteriormente
numa pessoa insegura, tanto com relação a si mesma, como também na vida
amorosa. Como eu peguei Estranhos no Paraíso a partir do arco Love me Tender,
eu fiquei até surpreso como a forma que Francine se apresentava aqui, que
embora adulta, suas ações infantis no desespero de não querer ficar sozinha
chegam até irritar, principalmente que ela faz de tudo para ficar com o seu
namorado Freddie, que durante toda a série sempre se apresentou como uma pessoa
machista e que trata as mulheres como objeto de desejo.
Mas esse é um dos
pontos fortes da série de Terry Moore, onde vemos os seus personagens mudando
gradualmente em suas ações, perante os obstáculos que surgem em suas vidas e é que
fazem deles tão humanos. Katchoo por exemplo é uma personagem cheia de camadas,
sendo que nesse primeiro arco não temos uma exata idéia de onde ela andou nos últimos
anos depois da peça Estranhos no Paraíso, mas de cara vemos que ela sente um
amor gigantesco por Francine e que faria de tudo por ela, mesmo que (aparentemente)
a insegura personagem não corresponda com os sentimentos de sua amiga rebelde e
pintora. Embora o homossexualismo já existisse de uma forma discreta naquele período,
Katchoo e Francine talvez tenham sido o primeiro casal gay das HQ a ganhar grande
carinho do publico, onde o preconceito foi direto para o escanteio.
Mas muitos ficavam na
duvida se elas vingariam como casal, pois o surgimento de David na trama fez
com que Katchoo se dividisse nos sentimentos que sentia. Alias David no
principio sempre foi um ponto de interrogação na trama, pois embora aparente
ser uma boa pessoa, cujos sentimentos que sente por Katchoo sejam genuínos, Terry
Moore foi habilidoso em somente de uma forma gradual, apresentar à verdadeira e
trágica origem do personagem. Isso fez com que o publico simpatizasse com ele,
mesmo quando a maioria acreditava que ele era um mero empecilho para atrapalhar
a união das garotas.
Sendo lido hoje esse
primeiro arco da série, percebemos que ela tanto poderia continuar, como também
ter se encerrado ali, mesmo com algumas pontas que ficaram em aberto (como o
passado de Katchoo). Na realidade a série nem fez muito sucesso quando estreou,
mas graças a critica positiva dos especialistas da área e pela fidelidade do
publico que leu, Terry Moore prosseguiu com a série, mesmo com todos os obstáculos
que o atrapalhavam, como no caso de trocar duas vezes de editora (algo similar
com que aconteceu com a série por aqui). Com um traço que por vezes lembra manga,
cartoon e embalado com momentos de puro humor, drama e belos poemas que por
vezes surgem do nada durante a historia, Estranhos no Paraíso: Volume 1 é pequena
e bela armação de palco, para algo muito melhor que estaria por vir.
NOTA: Esse primeiro
arco foi publicado em três partes pela editora Abril 1998 e posteriormente foi
republicado num único volume pela Pandora Books em agosto de 2003. Nessa republicação
alias, há uma pequena e divertida historia, onde mostra as duas protagonistas
apresentando em pensamentos as suas perspectivas com relação ao homem em si. De
quebra, as ultimas paginas do álbum apresentam as primeiras tiras em que Terry
Moore havia criado e o primeiro surgimento de Katchoo e Francine, mas de formas
completamente diferentes que conhecemos atualmente.
Quem tiver a fim de
fazer uma peregrinação nos sebos à procura desse primeiro volume, vai valer
cada esforço que fizer.
2 comentários:
"o cinema e HQ andam atualmente de mãos dadas, numa lucrativa onda de adaptações de HQ"
Grande verdade... e essa parecria ainda vai longe pelo visto (graças a deus)!!!
falar nisso, ENP bem q poderia render um belo seriado de TV se fosse adaptado de forma idêntica à HQ, hein?
uma ótima série mesmo e q eu só fui descobrir agora a pouco (graças à suas dicas)...
Valeu!!
PS: no aguardo da parte 2....
Se tudo der certo, a parte 2 será publicada hoje.
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