ATÉ AONDE VAMOS DEVIDO A FALTA DE AFETO?
Sinopse: Lukas é um
cientista que foi escolhido para fazer parte de um experimento baseado em
transferência neural: as informações neurais de uma garota em coma serão a ele
transferidas, fazendo com que, de alguma forma, ele seja inserido na mente da
garota. O bem-sucedido experimento leva Lukas a um mundo surreal habitado por
uma linda mulher, por quem imediatamente se torna obcecado. Então, ele decide
não partilhar todos os resultados com os cientistas, de forma a ser plugado
continuamente para poder encontrar sua paixão.
Hoje vivemos numa sociedade que
está cada vez mais difícil se relacionar, onde nos simplesmente não conseguimos
achar uma conexão correta para conseguirmos realmente amar a pessoa próxima, ao
ponto de que certos valores que tanto nos valorizamos no passado, acaba indo
por terra. É esse pensamento que me veio
ao assistir o filme Aurora da cineasta Kristina Buozyté: aqui temos o protagonista (Marius
Jampolskis, ótimo), que não consegue mais sentir amor pela mulher, ao ponto de
se entregar a pornografia da internet para sentir algum prazer. Mas esse quadro
muda quando ele é escolhido em um experimento em transferência neural, para
ajudar uma garota em coma chamada Aurora (Jurga Jutaite) e estudar sobre o que se passa na cabeça
de uma pessoa quando esta neste estado.
Quando o protagonista entra
nesse universo da mente humana, somos brindados com belas imagens, onde a câmera desfila
suavemente por um cenário surreal, onde a edição de arte e fotografia cumpre com
o seu propósito, em proporcionar uma verdadeira viagem dentro da consciência humana.
Neste universo surreal, Lukas gradualmente vai conhecendo Kristina, sendo que a
relação de ambos começa de uma forma gradual, mas explosiva. É neste ponto em
que a cineasta quis passar ao espectador uma espécie de metáfora de como o ser
humano atual vive numa realidade de carência e falta de afeto. Entrar na mente
humana, para assim ter a sensação do verdadeiro calor humano (e do amor),
talvez seja a ultima fronteira até aonde podemos chegar para não nos sentirmos sozinhos.
Lukas fica cada vez mais
depende das viagens dentro do subconsciente de Aurora, ao ponto que a relação
se torna tão intensa, que eles necessitam se fundir um ao outro, em cenas oníricas
em que o corpo deles (e de outros que surgem), se torne argila ou barro, para
que então aja uma fusão, devido à necessidade de eles quererem se sentir um pelo
outro. No final das contas, é um filme que representa a necessidade das pessoas
terem e sentirem o amor pelo próximo, pois como já diz o ditado, “sem amor
somos estranhos no paraíso”.
Os minutos finais fortalecem isso, que embora
não vá agradar a todos, a produção cumpre com a proposta que quis passar para o
espectador e nos faz sair da sala do cinema com as incríveis imagens que nos
presenciamos dentro de nossas mentes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário