ESTRANHOS NO PARAÍSO:
TEMPOS DE
COLÉGIO
Sinopse: Tempos de Colégio,
o sexto volume da série, mostra como Katchoo e Francine se conheceram no
segundo grau e os conturbados acontecimentos em suas vidas.É uma história sobre
a inquietude dos sentimentos e a desolação diante de um mundo que parece não
ser o seu. Sobre relações familiares desestruturadas, seja em tons de
preto-e-branco ou sob um fino véu cor-de-rosa. E é sobre perda. Mas
principalmente, como é a tônica de toda a série, sobre encontrar o abrigo e o
amor que nos fazem continuar. Ainda, retornando ao presente das garotas veja
uma história em que, após bater a cabeça, Katchoo se imagina num mundo no qual
Francine é Xena, a Princesa Guerreira, e ela sua fiel ajudante.
Embora esse seja o sexto
volume da série, Terry Moore surpreendeu em dar uma pausa nas tramas vistas no
presente e viajar então no tempo, mais precisamente nos dias em que Katchoo e
Francine se conheceram na escola. Embora a trama interrompa o percurso dos
acontecimentos que estavam acontecendo, o volume é muito bem vindo, pois serve
como ponto de partida para aqueles que não haviam lido as edições anteriores e
explora ainda mais os motivos que levaram a dupla central há ter uma ligação de
amor e amizade tão forte ao longo dos anos.
Sabiamente, Terry Moore
apresenta a dupla central ao mesmo tempo, mas em quadrinhos separados e em seus
respectivos lares. Aqui, vemos como essas duas são bem diferentes uma da outra: Francine (aparentemente) parece uma adolescente perfeita, com uma família perfeita
e com todos os desejos comuns que uma jovem americana deseja ter. Já Katchoo, vemos
que a vida dela é um tanto que rebelde e de cara vemos que sofre nas mãos de um
padrasto inconsequente São dois lados completamente diferentes, onde aparentemente
não existia nenhuma possibilidade de que haveria um contato forte entre as duas,
mas bastou um momento na sala de aula que mudasse esse quadro. Após um
desastroso poema apresentado por Fred
Femurs (o futuro e chato ex namorado de Francine), a professora pede para
Kachoo apresentar o seu poema:
Esta Mascara que eu uso.
Por Katchoo
Está máscara que uso por você
me foi dada
em uma noite de inverno, sob
as arvores,
o azul e negro dela são uma
mortalha em minha vida
envolvendo meus olhos e
toldam meu olhar.
Esta máscara que uso finge
que estou aqui
e me esconde do terrível pavor
de que você possa achar meu
coração
e tomá-lo também sob as
arvores.
Está máscara que eu uso para
me esconder da dor.
é tudo que tenho para manter
a sanidade
Foi só um tombo, é o que
você e manda dizer
nenhuma palavra pode este
inferno deter
Está máscara com a qual,
rezo a Deus, por que
ele tanto me odeia para me
ver morrer
um pouco mais a cada
madrugada
em que este homem vem e
minha alma é violada
Mas a garotinhas, meu amigo,
crescem
e aprendem os maldosos
caminhos dos homens.
Está máscara que eu uso
cairá no dia
em que a máscara que uso
sobre seu tumulo repousar
Por fim, enquanto todos
ficaram paralisados (para logo em seguida ignorarem), somente Francine é que
teve coragem de ir até Katchoo e elogiar
o seu poema. Neste exato momento, os dois universos que pareciam completamente
diferentes um do outro, começaram a enxergar as qualidades que ambos tinham. A relação
de amizade e futuro amor começa com as visitas de Katchoo batendo na janela de
Francine, onde ambas conversam sobre a peça (Estranhos no Paraíso) no qual Francine
irá participar.
Nesse momento se cria um “porto
seguro” em que ambas enxergam uma na hora, pois no final das contas, ambas eram
solitárias em seus respectivos mundos: Francine parecia à menina perfeita, mas
bem da verdade não tinha amigos, sendo que poderia facilmente servir de alvo de
gozação dos outros alunos e tudo dava á entender que sua família estava a
caminho de uma crise. Já Katchoo além de ser rebelde e ter opinião própria, já
sofria certo preconceito sobre os boatos de ser lésbica. A relação de ambas deu
certo desde o principio, porque elas jamais colocaram em primeiro plano
os seus defeitos, mas sim as suas qualidades e respeito que sentiam uma pela outra.
Infelizmente nem tudo foram
flores para as duas garotas, pois Francine atuaria na peça (Estranhos no Paraíso),
onde aconteceria um embaraçoso imprevisto (visto no primeiro arco) e que a tornaria
alvo de gozação de toda a escola. Já Katchoo seria brutalmente espancada e
estuprada pelo seu padrasto, sendo um acontecimento que a marcaria pelo resto
da sua vida. Ambas em um inferno astral, Terry Moore cria um pouco de alivio, quando
Katchoo (toda ferida) vai em busca de refugio nos braços de Francine, que vive
também o seu pior momento na vida.
Após ambas viverem pesadelos
reais, as duas protagonistas nada podem fazer, a não ser encarar o dia seguinte,
mas por caminhos diferentes: enquanto Francine encara toda a escola, Katchoo
toma a difícil decisão de abandonar a cidade, principalmente após ter sido
ignorada por uma mãe negligente. Nas ultimas paginas, Terry Moore nos brinda
com um dos melhores e mais tristes momentos da série, que embora saibamos que
ambas voltariam a se reencontrarem nas historias do presente, isso não impede de nos sentirmos aquela
sensação de aperto na garganta e de tristeza, principalmente quando Francine se da
conta que finalmente havia achado a sua melhor amiga, mas que
infelizmente ela teria que ir embora.
Os últimos quadros fecham
com chave de ouro o arco, onde mostra uma Francine mais velha, vista pela ultima vez no
inicio do arco Love Me Tender e observando o seu amor de longe. Mesmo sendo o
arco mais curto da série, Terry Moore criou uma bela historia sobre o amor e amizade de uma maneira
tocante, sincera e que explora os significados que levam os opostos se atraírem
de uma forma tão forte. Uma historia que não se leva em conta as diferenças que
cada um de nos temos, mas os sentimentos puros isso sim é o que contam.
Nota: Além dessa tocante
historia, no final do álbum há uma pequena homenagem que Terry Moore faz a
série Xena: A Princesa Guerreira, que estava fazendo sucesso na época e que por
coincidência, as protagonistas de Estranhos no Paraíso tem muito mais em comum
com as protagonistas daquela série do que podíamos imaginar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário