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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 29 de março de 2024

Cine Especial: Revisitando 'O Pacto dos Lobos"

Antigamente se dizia que filmes franceses eram lentos e que não eram que nem os filmes norte-americanos. Claro que quando eu ouvia isso era somente de pessoas que não se aprofundavam do cinema de uma forma mais universal, mas que apenas consumiam o que era vindo somente de hollywood. Com o tempo eu aprendi que o cinema francês é muito mais cinema que os americanos produziam.

Se é para citar o melhor período da França em termos de cinema basta pegarmos como exemplo o movimento Nouvelle vague, do qual revitalizou o cinema de lá no final dos anos cinquenta e fez com que jovens críticos saíssem do estúdio e revelasse algo mais cru e poético de suas ruas parisiense. Porém, esse pensamento ingênuo do cinema de lá persistiu por um bom tempo, mas bastou um único filme para mudar esse quadro. "O Pacto dos Lobos" (2002) pegou o mundo de surpresa de uma maneira jamais vista e provando que filmes de ação e aventura não se restringe somente ao que hollywood faz todo o santo dia.

Dirigido por Christophe Gans, que na época era conhecido por ter dirigido "O Combate - Lagrimas de um Guerreiro" (1995), a trama se passa durante o reinado de Luís XV, onde uma estranha criatura começa a causar pânico e morte na área rural da França. Conhecida na época como a Besta de Gevaudan, ela atacava mulheres e crianças e causando um rastro de mortes em que ninguém conseguia deter. O rei decide enviar então enviar um biólogo Gregóire de Fronsac (Samuel Le Bihan) e seu irmão não de sangue Mani (Mark Dacasco) para investigarem o estranho caso.

Recentemente eu assisti no youtube o Canal PeeWee, em que os apresentadores questionaram a questão de que nem todos os filmes que se dizem baseados em fatos são realmente verdadeiros em alguns pontos da história. É bem na verdade que estamos falando de cinema e que, por mais que tenha sido levados fatos verídicos para as telas, sempre haverá pontos nos roteiros para serem romanceados e que possua uma maior linguagem cinematográfica. Embora a besta de  Gévaudan tenha existido muitos fatos até hoje permanecem obscuros, mas o filme se encarregou de transformá-lo em um verdadeiro filme de ação, luta e aventura.

Por mais que essa mistura possa parecer um tanto estranha "O Pacto dos Lobos" é aquele típico filme que os Deuses do cinema sorriram para ele e fizesse com que tudo desse certo. É notório, por exemplo, Christophe Gans ter bebido muito da fonte de diversos clássicos para criar a sua obra, pois pegamos como exemplo a cena de abertura, onde uma jovem é pega pela criatura em um rochedo e fazendo dela uma simples boneca de pano sendo jogada de um lado para o outro para então ser morta e levada durante o processo. A cena em si é uma clara homenagem que o realizador faz a cena da primeira vítima do clássico "Tubarão" (1975).

Além disso, o filme é recheado de artes marciais em pleno território francês e onde o realizador cria um belíssimo balé coreografado, com direito a muita câmera lenta e que me lembrou a fase de ouro do diretor Chines John Woo. Tudo isso moldado com uma ótima edição de arte e fotografia e que nos transmite um ar mórbido com relação aquele local em declínio. Vale destacar o ótimo figurino que me encheu os olhos na época e fico me perguntando do porquê o filme não tenha sido indicado nestas partes técnicas.

Curiosamente, é um filme que nos mostra o declínio de uma sociedade movida pelas regras de igreja e cuja mesma faz de tudo para ainda manter os seus seguidores. O lobo, ou a besta conforme ficou conhecida, pode ser interpretada como uma forma da população ser aterrorizada e ficar cada vez mais presa em suas crendices, quando na verdade sempre haverá o dedo do homem para tais fatos inexplicáveis. Nada mal para um filme que possui uma salada de vários gêneros, mas que consegue a proeza de fazer com que o cinéfilo pense sobre o assunto.

A produção também teve a proeza de fazer com que eu assistisse algo estrelado pelo ator Mark Dacascos. Era o final dos anos noventa e o início do século vinte e um e Dacascos era um de muitos ex atletas e lutadores de artes marciais ao tentar carreira em  hollywood, mas cujo seus filmes nada significava para mim. Porém, ele se tornou conhecido por possuir uma grande semelhança com o ator Brandon Lee, que morreria durante as gravações do filme "O Corvo" (1994) e sedo então convidado para uma versão em uma série de tv. Sinceramente eu assisti a série por gostar da mitologia do personagem, mas quem diria que posteriormente o veria novamente e justamente em um filme francês.

Em termos de cenas de ação e luta Mark Dacascos é o melhor em cena, sendo que está mais do que a vontade em fazer as suas acrobacias e nos despejando todo um charme do qual se encaixa ao interpretar um personagem de poucas palavras, mas cuja sua herança indigna fala por si. Porém, o verdadeiro protagonista é mesmo Samuel Le Bihan que, ao interpretar o personagem Grégoire De Fronsac, cria para si um típico herói bem ao estilo Indiana Jones e que procura usar a lógica perante fatos inexplicáveis. Quando Mark Dacascos sai de cena, Samuel Le Bihan surpreende nas cenas de luta, principalmente ao transmitir uma fúria incontrolável em uma determinada cena.

O filme também me marcou pois foi nele que finalmente me chamou atenção o ator Vincent Cassel, que aqui constrói para si um vilão bastante peculiar e cujo papel dentro da trama se torna até mesmo surpreendente. O filme também marcaria com a presença da bela Monica Bellucci, sendo que ela e Cassel se conheceram nesta produção e posteriormente se casaram. Ambos retornariam a contracenarem juntos no perturbador "Irreversível" (2002) de Gaspar Noé.

Revisto hoje se percebe que "O Pacto dos Lobos" envelheceu muito bem, ao conseguir misturar o gênero aventura, ação com pitadas de horror na medida certa e embalado com diversas cenas de luta. Vale destacar que era um tempo que o uso do CGI não era ainda ao extremo e, portanto, vemos em cena o uso desse recurso para ajudar na trama e ao mesmo tempo se casando com perfeição na criação da criatura e da qual era moldada também com animatrônicos. É tudo o que a maioria dos filmes norte-americanos de ação e aventura não tem hoje em dia, sendo que a falta de peso nas cenas devido ao CGI fará com que muitos desses títulos envelheçam mal no seu devido tempo.

"O Pacto dos Lobos" é uma aula de como o cinema francês faz filme de ação, aventura e horror na medida certa e fazendo com que os grandes estúdios de hollywood comem poeira. 


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