Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

sexta-feira, 8 de março de 2024

Cine Especial: Revisitando 'Depois das Horas'

Era mais um dia qualquer de Paul Hackett (Griffin Dunne). Ele iria para casa, entediado, assistir TV. Mas, por alguma razão, ele optou em sair para tomar um café e ler seu Trópico de Câncer, de Henry Miller. De repente alguém fala com ele, sendo uma bela garota chamada Marcy, que também havia lido o livro. Assim sendo, ele pega o telefone da casa da amiga Kiki (Linda Fiorentino), uma artista plástica, pois Marcy (Rosanna Arquette) mora com ela. Ambas moram em SoHo, Nova York, um bairro dominado por artistas, punks e homossexuais. Assim, Paul vai até lá para, se possível, ter algo de diferente nesta noite para sair um pouco de sua vida rotineira.

É assim que esta incomum obra de Martin Scorsese começa. A meu ver, o filme é uma análise sobre uma Nova York dos anos oitenta construída pelo cineasta assim como ele fez com "Taxi Drive" (1976) e que fazia uma síntese sobre os anos setenta. Uma homenagem aos seus habitantes, principalmente as suas minorias que nunca eram vistas pelas pessoas que moravam no andar de cima. O filme tem seu personagem principal um simples processador de textos. A amiga de Marcy é uma artista, o filme está cheio de homossexuais e punks... enfim. Não é exagero dizer que Nova York é uma personagem dentro desta complexa obra, porém, da qual a gente se identifica, pois sempre temos aquele desejo de saímos da rotina, mas não pensando nas possíveis consequências.

O que difere principalmente dos demais filmes do cineasta é que ele foge dos cenários em que o realizador gostava de revisitar, ou seja, o universo do gangster, ou com relação ao papel do cidadão italiano comum perante as promessas vindas dos EUA. Não é apenas um filme sobre um cara que vai passar a noite com uma garota, mas sim um filme sobre o comportamento humano diante do medo e das frustrações, e inclusive do fim da vida. Eu sou da teoria que o filme é uma representação sobre a maior interrupção sexual da história do cinema. Algo que só pode ser comparado à Stanley Kubrick e seu"De Olhos Bem Fechados"(1999). Essa observação não é para poucos certo? Eu não sei ao certo, mas o filme pode ser até mesmo sobre o comportamento humano diante da interrupção sexual. Um belo exemplo disso é a cena em que Paul está dentro de um banheiro e olhando para o desenho de um homem com o pênis sendo mordido por um tubarão. Uma cena curta, mas que diz tudo sobre a obra.

Griffin Dunne faz o melhor e talvez o papel mais conhecido de sua carreira como o acoado e assustado Paul Hackett. Rosanna Arquette faz um bom trabalho como a bela e misteriosa Marcy, ao contrário de Linda Fiorentino, que está apenas morna, porém, não menos bela. Scorsese não é exatamente um diretor de comédias, mesmo que este filme tenha sido lançado logo após " Rei da Comédia" (1982) e por conta disso o filme não é exatamente 100% perfeito. Porém, o seu humor sombrio, suas situações inusitadas, que beira até ao surrealismo, fazem com que a gente se divirta de tal forma que não desejamos que o protagonista consiga voltar para casa, pois queremos que ele adentre ainda mais nas entranhas dessa cidade que muda no decorrer de sua noite esplendida.

E como não poderia deixar de ser Michael Ballhaus é rei. Sua fotografia é inigualável, e, mandando para as favas todos os outros diretores de fotografia com quem Scorsese já trabalhou, um legítimo Scorsese só funciona com ele. Talvez nem legítimo, mas acho que Scorsese só amadurece de fato quando trabalha com ele pela primeira vez, e é neste filme. Aqui você nota todas as características técnicas dos dois. Dollys, closes, whipes, tomadas de ângulos improváveis, ou mesmo sequências improváveis, sendo que a cena do molho de chaves caindo e a câmera vindo atrás em bungee jump é magistral diga-se de passagem.

Concluo, portanto, que "Depois das Horas" é o filme menos conhecido da carreira de Martin Scorsese, mas não menos genial e nos levando para uma noite inesperada na vida de um cidadão comum. 

Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok  

Nenhum comentário: