Sobre o Filme:
Giuseppe Tornatore havia conquistado o mundo através da sua obra prima "Cinema Paradiso" (1988), do qual falava sobre amizade de um projetista de cinema e um menino que se apaixonaria pela sétima arte por toda a vida. A arte, por sua vez, não serve somente para revelar grandes talentos, como também faz com que nós conheçamos o mundo através do que realmente nos identificamos e colocamos em prática. "A Lenda do Pianista do Mar" (1988) fala sobre um grande talento que desde o início ele colocou em prática o que mais amava e fazendo com que o resto se tornasse um mero detalhe em sua vida.
O filme conta a história de uma criança que nasceu em alto mar, precisamente em um grande navio e sendo acolhido por trabalhadores braçais. Ganhando o nome do ano que nasceu, 1900 (Tim Roth), a criança cresce navegando mundo a fora, mas jamais pisando em terra firme, pois o que ele mais se importava era continuar a bordo e tocar um piano que acabou se tornando a paixão de sua vida. Sua história é contada através do seu melhor amigo, um trompetista chamado Max (Pruitt Taylor Vince) e deseja que 1900 desembarque para conhecer o mundo.
Quando o filme havia sido lançado o mundo estava focado em um navio, mas não neste em que ocorre a trama, mas sim em "Titanic" (1997) de James Cameron. Talvez por conta disso, eu quase nunca ouvi falar sobre esse filme na época, mas antes tarde do que nunca para conhecê-lo, já que Giuseppe Tornatore possui uma filmografia que não pode ser ignorada e sendo apontado por alguns especialistas como um dos grandes cineastas da Itália. Embora sendo um filme falado em inglês nota-se que o ritmo se diferencia das obras criadas pelo cinema americano da época, mesmo ele possuindo certos ingredientes que fazem dele aqueles típicos longas que concorrem ao Oscar.
Nota-se que o filme é protagonizado por um personagem incomum que faz com que os demais em volta se sintam afetados pelo que ele provoca, mesmo quando ele não possui nenhuma ambição de riqueza e glória. A riqueza de 1900 se encontra quando ele toca o seu piano, onde as músicas fluem através dos seus dedos e criando melodias quando ele foca determinada pessoa e fica conhecendo sobre como ela é através de sua obra. Vale salientar que boa parte de sua trilha sonora foi composta pelo maestro Ennio Morricone e que sentimos a sua e essência na tela nos primeiros acordes que ouvimos no longa.
Tim Roth nos brinda com uma ótima atuação e fazendo me corrigir quando eu sempre dizia que as suas melhores atuações eram quando atuava nos filmes de Quentin Tarantino. Roth sabe construir para si um personagem que transita entre a serenidade e uma determinada loucura contida, como se o personagem somente funcionasse naquele universo particular e não desejando pisar em terra firme e fazendo disso para si um mero detalhe. Já Pruitt Taylor Vince é o que nos conduz para essa curiosa história e fazendo com que nos simpatizemos com ele, pois sentimos o mesmo desejo de ver o protagonista se desafiar e tentar conhecer o restante do mundo que o aguarda.
Porém, acima de tudo, o filme fala sobre o poder da arte como um todo, de como ela faz com que determinada pessoa seja feliz com tão pouco, pois a verdadeira riqueza se encontra no que realmente estava destinado em colocar em prática desde o início. O mundo é vasto para ser explorado, porém, assim como o cinema, a música serve como uma janela para conhecermos o nosso "eu" verdadeiro, assim como também o restante do mundo. A pessoa pode até ser limitada, mas enquanto prezar por essas artes o mundo estará lá quando precisar.
"A Lenda do Pianista do Mar" é um belíssimo filme a ser revisitado, onde mostra o poder da música como um todo e como ela pode moldar a vida das pessoas perante o mundo.
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