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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 4 de março de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Duna - Parte 2'

Sinopse: Paul Atreides se une a Chani e aos Fremen enquanto busca vingança contra os conspiradores que destruíram sua família. Enfrentando uma escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo, ele deve evitar um futuro terrível que só ele pode prever. 

Por muito tempo a obra prima literária "Duna", escrita por Frank Herbert, era considerada por muitos como algo infilmável. Vários anos atrás, por exemplo, David Lynch levou para as telas a sua versão mutilada pelo estúdio e devido aos recursos limitados o filme jamais alcançou a plenitude que o livro passava para os fãs. Tudo isso mudou quando entrou em cena Denis Villeneuve.

Responsável por títulos indispensáveis como "Incêndios" (2010) e "A Chegada" (2016), Villneuve ousou em realizar uma continuação do clássico "Blade Runner" (1982) e por conta disso não é de surpreender do mesmo em ter aceitado em fazer uma nova adaptação para o cinema sobre "Duna". Para a sua sorte vivemos tempos em que o CGI cria mundos fantásticos, mas cabe o realizador nos passar determinado peso nas cenas e sendo algo que não se vê muito nas telas hoje em dia. Porém, "Duna -Parte 2" (2024) não é somente superior a primeira parte também comandada por Villeneuve, como também nos passa a sensação de que aquele universo é real e ao mesmo tempo nos transmitindo questões que são debatidas há décadas e que perduram até nos dias de hoje.

A trama começa exatamente onde a primeira parte havia se encerrado, onde vemos o jovem Paul Atreides (Timothée Chalamet) se unindo ao povo Fremen para se reerguer após a sua casa  Atreides ter sofrido um duro golpe vindo do próprio imperador. Em sua jornada ele começa a obter visões, o que faz dele a grande possibilidade de ser o predestinado que o povo Fremen tanto estão esperando. Porém, nem tudo é de acordo como nós imaginamos.

Embora possua uma visão autoral na realização dos seus filmes é impressionante como Denis Villeneuve consegue unir a sua arte de contar histórias com uma saga já existente no imaginário das pessoas que amam a leitura. O filme é fiel as diversas passagens do livro, mesmo tendo algumas adaptações que o realizador faz para que o longa flua melhor e nos passe algo mais cinematográfico do que literário. Em termos de cinema, o filme é um belo espetáculo que eu não testemunhava já um bom tempo.

Nunca um deserto cheio de areia foi tão vivo como agora, assim como os efeitos visuais que fazem daquele mundo soar mais verossímil e nos passando a sensação de até mesmo ter sido rodado em outro planeta. Tudo é gigantesco, nos passando a sensação de voltarmos no tempo, quando desfrutarmos de grandes épicos como "Lawrence da Arábia" (1962), que eram feitos tudo na mão e na força de vontade dos realizadores da época. Com uma fotografa sublime, além de uma edição de arte primorosa, o filme é desde já dono de um dos melhores visuais cinematográficos do ano e isso não é pouco.

É difícil até mesmo escolher qual é a minha cena preferida, mas destaco especialmente duas. A cena em que vemos Paul cavalgar em cima de um imenso verme da areia nos faz prender a respiração de forma imediata e se você for assistir em uma ótima sala de cinema terá espetáculo redobrado em todos os sentidos. Porém, a cena em que nos é apresentado o vilão Feyd-Rauth Harkonnen, interpretado por Austin Butler, em uma batalha mortal no meio de um grande coliseu é de um espetáculo do qual não se via há tempos e cuja fotografia quase em preto e branco me fez respirar ainda mais fundo.

Mas se o filme é um espetáculo visualmente, o enredo e assim como os seus personagens, fazem com que a obra obtenha coração como um todo. Acima de tudo, "Duna" é uma trama sobre jogo político, onde um passo em falso faz com que um personagem acabe sofrendo um grande golpe, pois ele pode não servir nas ambições de outros neste grande jogo de xadrez. É um filme que fala de questões que vai desde a colonização desenfreada que continua até hoje, como também a dizimação de povos que são quase riscados do mapa ao longo dos séculos. Portanto, o escritor Frank Herbert não somente escreveu uma ficção que falasse sobre os tempos que ele testemunhava no seu presente, como também criando uma trama que prevaleceria até nos dias de hoje.

E não é só isso, pois a história nos fala sobre até que ponto as crenças podem servir para ajudar um povo, sendo que ela pode ter algum fundamento, como também sendo apenas uma cortina de fumaça que oculta o seu verdadeiro proposito. É neste ponto, por exemplo, que o filme toca ainda mais em assuntos espinhosos, principalmente em tempos atuais em que vemos o mundo ser dominado por uma extrema direita que usa a palavra de Deus para obter aliados, seguidores absorvidos por crenças e fazendo a gente sofrer sérias consequências. Em tempos em que somos cada vez mais afogados por franquias vazias, ao menos o filme vem para nos dar certa esperança ao fazermos refletir sobre a nossa própria realidade em volta.

E como não poderia deixar de ser, o filme é moldado por grandes personagens e que cada um fala por si. Paul é aquele típico predestinado cético com relação ao seu destino, mas que usa a ideia para ajudar em seus verdadeiros propósitos e fazendo a gente conhecer uma outra faceta de sua pessoa. Já a sua mãe, interpretada por Rebecca Ferguson, novamente nos passa uma imensa ambiguidade, pois nunca sabemos ao certo as suas reais intenções com relação ao seu filho e principalmente sobre quais os seus objetivos futuros. Porém, é curioso como a personagem Chani, interpretada por Zendaya, cresce na medida em que a trama avança, pois nos identificamos devido ao seu ceticismo com relação a profecia e que enxerga tudo como uma grande armação política.

Acima de tudo, é um filme que nos faz questionar o mundo em que vivemos, onde se encontra cada vez sendo mais soterrado através de guerras, cobiça e do desejo de grandes potências em consumir os recursos de outras terras para se sustentar, nem que para isso acabe com tudo em volta. Portanto, ao vermos a personagem Chani abraçar um difícil caminho, constatamos que abraçar a razão é um desafio mais árduo para se obter, mas também recompensador para aqueles que anseiam por algo mais lúcido na vida ao invés de se afogar através das ambições de outras pessoas. Uma jornada de herói complexa, mas que tem tudo a ver com as nossas vidas.

Novamente com uma épica trilha sonora de Hans Zimmer, "Duna - Parte 2" é verdadeiro espetáculo cinematográfico, onde em um futuro universo distante existe uma trama de um grande jogo político e do qual  se torna a síntese do nosso próprio mundo real que se encontra sempre em conflito.  

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