Confiram abaixo quais
são as duas ótimas opções que se encontram em cartaz no Cinebancários de Porto
Alegre.
Sueño
Florianópolis
Sinopse:Buenos Aires,
Argentina, verão de 1990, Pedro (Gustavo Garzón) e Lucrécia (Mercedes Morán),
separados após vinte e dois anos de casamento, decidem viajar de férias com
seus dois filhos adolescentes rumo ao litoral Sul do Brasil. Motivados pelo
câmbio favorável, caem na estrada em um Renault 12, sem ar-condicionado, e
viajam 1.750 km até Florianópolis (Santa Catarina). Juntos, porém separados,
conhecem Marco (Marco Ricca) e Larissa (Andrea Beltrão). Pouco a pouco vão
descobrindo qual é o sonho de cada um.
Foi-se o tempo de
rixas entre Brasil e Argentina. Numa época em que o conservadorismo político
tenta frear certos avanços alcançados, é sempre bom ver como o cinema lança uma
proposta da “boa vizinhança” entre os povos e que possuem mais em comum do que
nós imaginamos. Sueño Florianópolis procura discutir a relação familiar dos
tempos contemporâneos em meio ao encontro de culturas diferentes, mas que podem
aprender algo em comum de ambas as partes.
Dirigido por Ana Katz
(Minha Amiga do Parque), o filme acompanha a viagem de uma família argentina
indo em direção ao litoral Sul do Brasil. Pedro (Gustavo Garzón) e Lucrécia
(Mercedes Morán), separados após vinte e dois anos de casamento, decidem viajar
de férias com seus dois filhos adolescentes e para ver se conseguem se
reconciliar na relação. Durante a viagem conhecem Marco (Marco Ricca) e Larissa
(Andrea Beltrão) e desse encontro fará com que a família argentina desfrute de
experiências significativas nessa nova fase da vida.
Embora traga alguns
assuntos espinhosos para a trama, Ana Katz tem a proeza de tratar tudo de uma
forma mais delicada, para que todos que forem assistir possam, ao menos, se
identificar em alguns momentos durante a história. Aqui não há lugar para
estereótipos negativos com relação aos brasileiros ou argentinos, mas sim vemos
pessoas comuns com a chance em descobrir uma nova cultura, mas cujas diferenças
ficam, por vezes, só na língua. Transitando entre humor e o drama, o filme nos
passa uma sensação gostosa durante a sessão, fazendo até mesmo a gente se
relembrar de nossas próprias viagens do mundo real e nos identificando com
situações familiares vistas nesta ficção.
Embora Marco Ricca e
Andrea Beltrão tenham presenças fortes em cena, principalmente pelo fato de
seus respectivos personagens movimentarem, mesmo que indiretamente, a história,
Gustavo Garzón e Mercedes Morán são os verdadeiros corações do longa. Aliás, os
seus respectivos personagens dão de encontro com as nossas perspectivas com
relação a um casal em crise, onde ambos demonstram total amadurecimento, sejam
com relação à fidelidade, ou com relação na forma ao discutir certos assuntos
em família. Em tempos de hoje, onde cada vez mais a família tradicional
brasileira vive só pelas aparências, essa família hermana, ao menos, nos diz de
que maneira se podem manter os laços familiares em meios as diversidades e a
crises da vida.
Com um final em
aberto com relação ao futuro, Sueño Florianópolis nos brinda com uma pequena e
agradável experiência cinematográfica, da qual nos dá um pouco de frescor ao
sairmos da sessão de cinema e fazer a gente esquecer um pouco das adversidades
da vida.
A
misteriosa morte de Pérola
Sinopse:Um suspense sobre
uma jovem estudante que deixa seu país, casa e namorado para estudar arte em
uma cidade francesa. Ela mora sozinha em um belo,porém sombrio e antigo
apartamento, onde os quadros a encaram e as portas parecem ter vida própria.
Ela está solitária, e lentamente perde-se em nostalgia e medo, fundindo sonhos,
fantasia e realidade.
Roman Polanski (O
Pianista) realizou durante os anos 60 e 70, a sua “trilogia do Apartamento”,
onde foi formada por títulos como Repulsa do Sexo(1965), O Bebê de Rosemary(1968)
e fechando com O Inquilino(1976), sendo que esse último foi estrelado pelo próprio. Embora o segundo nos
passe, aparentemente, uma trama do gênero sobrenatural, os três filmes tem em
comum por explorarem os significados de uma mente perturbada e se criando o
subgênero intitulado “terror psicológico” que fez escola e que pode ser visto em outros
títulos como, por exemplo, Cisne Negro (2009), de Darren Aronofsky. A
misteriosa morte de Pérola segue essa tendência, ao criar um filme obscuro
dentro de um apartamento, onde se explora os significados da solidão e as peças
que elas nos impõem e gerando certa aflição.
Dirigido pelo casal
Guto Parente & Ticiana Augusto Lima, o filme conta a história de uma jovem
(a própria Ticiana Augusto Lima) que decide abandonar família, namorado e
estudar arte na França. Ela se hospeda em belo, porém, sombrio apartamento, do
qual possui inúmeras pinturas fascinantes, porém, peculiares. Não demora muito
para que sonhos, delírios e realidade acabem se chocando no decorrer da obra.
Pelo fato da trama se
localizar na França, os realizadores já prestam aqui uma homenagem explicita ao
clássico de horror francês Os Olhos Sem Rosto (1960) Georges Franju que, por
sua vez, serviu também de inspiração para o filme A Pele que Habito (2011) de
Pedro Almodóvar. Até aqui, se percebe que o casal bebeu muito da fonte do
gênero de horror para a realização do seu filme. A diferença, entretanto, está
no fato da sua obra ser bem experimental, quase amadora, o que faz com que ela
tenha, então, vida própria.
Ao optarem por uma
fotografia muita escura, o cinéfilo acaba por exigir de si mesmo uma total
atenção, já que os cenários do ambiente escondem diversas figuras misteriosas e
das quais nos faz se perguntar de suas reais naturezas. Ao mesmo tempo, a
protagonista transita entre a solidão e apreensão, onde tenta a todo modo ter
contato com o exterior, mas não aliviando a sensação de estar sendo observada.
A transição entre realidade e o sobrenatural(?) flui sem aviso e fazendo com que o
cinéfilo tenha atenção cada vez mais em dobro, pois muito que acontece na tela
pode não ser algo que nós imaginávamos num primeiro momento.
Do segundo para o
terceiro ato final, o filme se dirige para algumas soluções pelo que foi
apresentado até aquele momento, mas gerando, aparentemente, mais dúvidas do que
respostas para nós. Aliás, como a palavra experimental dá as ordens por aqui, o
terceiro ato se encerra com epílogo imprevisível, onde irá dividir
a opinião da crítica e do público. Contudo, isso não diminui a experiência de
assistir a um filme experimental e que não se envereda para nenhum momento pelo lado
convencional.
A misteriosa morte de
Pérola é um filme experimental, do qual irá conquistar aqueles que procuram
algo um pouco mais original e que não consiga cair na vala comum.
Onde assistir: Cinebancários:
Rua General Câmara, nº 424, centro de Porto Alegre: Horários: Sueño Florianópolis: 15h e 19h. A misteriosa
morte de Pérola: 17h.
2 comentários:
O filme Argentino me deu vontade de ver mas os de morte, suspense estão tão bem contados que já me deu medo na sinopse!
Assista os dois se puder pois são bons em suas propostas.
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