Nota: filme será exibido no
próximo domingo (02/12/18) para associados as 10h15min na Casa de Cultura de
Porto Alegre.
Sinopse: No
verão de 1981, o rock underground chegava na Rússia Soviética, mais
precisamente em Leningrado, onde hoje localiza-se a cidade de St. Petersburg. O
jovem Viktor Tsoi ganhou fama internacional e tornou-se o primeiro grande
representante russo do gênero. Além da música, ele também ficou conhecido pelas
polêmicas relacionadas a sua vida pessoal, como o triângulo amoroso que viveu
junto com o seu mentor musical, Mike, e a esposa dele, Natasha.
Visto
como símbolo capitalista do ocidente, principalmente vindo dos EUA, o rock foi
por muito tempo algo subversivo nos tempos da União Soviética. Contudo, isso
começou a mudar, gradativamente, nos primeiros anos da década de 80, já que
naqueles tempos deu início a políticas de liberação e diálogo. As bandas puderam finalmente sair das sombras
e foram liberadas a gravarem álbuns, revolucionando, assim, o cenário musical russo.
O
filme Verão, dirigido por Kirill Serebrennikov, retrata o
nascimento do rock underground na Rússia Soviética, mais especificamente em Leningrado, onde hoje se localiza a
cidade de St. Petersburg, nos apresentando músicos provavelmente pouco
conhecidos pelo grande público. Simplificando,
o filme é uma cine biografia de Viktor
Tsoi (Teo Yoo) e de
seu mentor Mike
(Roman Bilyk), grandes representantes da música russa, ainda que se preocupe menos com este
fato, confirmado apenas ao final da obra, e mais com a própria música, da qual
se sobressai aos seus criadores e se torna o grande destaque da obra. Mike e Viktor viveram suas carreiras num contexto de
passagem, um momento anterior ao processo de abertura política.
Ainda que
pudessem se apresentar, seu trabalho estava sujeito ao controle dos poderosos
da época. O acesso a artistas internacionais, por
exemplo, era restrito; nos shows, seguranças não permitiam nenhuma resposta
vibrante com relação aos músicos, pois um simples cartaz, por exemplo, poderia ser censurado e letras precisavam ser explicadas para serem aprovadas
pelos censores. É aí que a música ganha o seu espaço como elemento anarquista e
revolucionário.
Embora os protagonistas quase não manifestem suas opiniões
sobre aquele universo que vivem, vale a ideia de que toda a vida se vale
pela política. Os artistas se colocam no mundo através da música, invertendo
as regras e expressando os sentimentos de raiva e paixão por elas. Há
também certa nostalgia com relação a época onde se passa o filme, fortalecida
por sua belíssima fotografia em preto e branco e que remete os tempos mais
dourados do cinemão russo do final dos anos 70.
O lado convencional da trama é
quebrado no momento em que os protagonistas cantam músicas famosas, e por
representar um filme amador em cores, com cenas do verão em que eles se
conheceram, e onde teve início o triângulo amoroso formado por Mike, sua esposa
Natasha e Viktor. Há
na tela sempre aquele desejo no ar, porém, nunca consumado. A felicidade é
projetada num passado idealizado ou num momento imaginado.
Essa sensação geral
que o filme transmite pode estar relacionada também com seu próprio processo de
produção. Infelizmente o cineasta Kirill Serebrennikov foi acusado pelo atual governo russo
de apropriação indevida dos fundos orçamentários de um teatro que ele
administra, e finalizou o trabalho em prisão domiciliar, sem contato algum com
o restante da equipe. Mas,
mesmo em uma situação difícil, Serebrennikov fez um belo filme, sensível e
vibrante com as cenas musicais.
Foi certa também a decisão de
ficcionalizar em cima de fatos verídicos. A liberdade criativa em Verão se destaca, pois é pela criatividade
que nos salvará, ou que pelo menos nos trará conforto em tempos retrógrados.
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