Sinopse: Em
1978, Ron Stallworth, um policial negro do Colorado, conseguiu se infiltrar na
Ku Klux Klan local. Ele se comunicava com os outros membros do grupo por meio
de telefonemas e cartas, quando precisava estar fisicamente presente enviava um
outro policial branco no seu lugar. Depois de meses de investigação, Ron se
tornou o líder da seita, sendo responsável por sabotar uma série de
linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.
Na
“era Bush” foi fácil para Spike Lee fazer ótimos filmes, já que foram tempos em
que o preconceito aflorava através do típico “cidadão do bem”, principalmente devido os
eventos do “11 de Setembro de 2001”. É então que o cineasta lançou títulos como
A Última Noite (2003) e O Plano Perfeito (2005), sendo obras em que o preconceito
era revelado, não de uma forma explícita, mas sim sempre surgindo onde menos se
esperava. Eis que, então, veio a “era Obama” onde o sonho da união de todos os
americanos, independente de raça ou crença, pudesse ser, enfim, concretizado.
O
que não significava um mar de rosas para alguém que gosta de expressar a sua opinião forte, mas que sempre dependeu das engrenagens da sétima arte. Num tempo em que um
homem negro trabalhava no cargo político mais importante do mundo, Spike Lee meio
que relaxou e fazendo a gente se perguntar como teve a coragem de cair de
cabeça em projetos dispensáveis como, por exemplo, a refilmagem americana de Old Boy. Contudo, infelizmente, voltamos para os tempos retrógrados, onde na “era
Trump’ os discursos de ódio voltam aflorar no povo americano, mas fazendo também com
que Spike Lee lançasse Infiltrado na Klan e se tornando, talvez, a sua
melhor obra depois de muitos anos.
Baseado em
fatos verídicos, a trama se passa no ano de 1978, onde vemos Ron Stallworth (John
David Washington), um policial negro do Colorado, conseguir se infiltrar na Ku
Klux Klan da época. Esse grande feito só foi obtido através de telefonemas e
cartas, mas quando precisava estar fisicamente presente enviava um policial
branco chamado Flip (Adan Drive dos recentes capítulos de Star Wars) no seu lugar. Depois de
algum tempo de investigação, Ron se tornou um dos líderes da seita, ao ponto de
ir longe e impedir os membros em praticar certas atrocidades.
Aqui, Spike Lee não se intimida em começar já alfinetando a mão que o alimenta, ou seja, o próprio cinema. Nos primeiros minutos, por exemplo, testemunhamos uma cena clássica do filme E o Vento Levou (1939), onde mostra as consequências da Guerra Civil Americana. Embora seja um dos filmes mais importantes de todos os tempos, Spike Lee cobra neste momento da sétima arte, além de seus realizadores, os anos em que a própria retratou de forma errônea nas telas, tanto o povo negro, como também os índios que sempre foram vistos como selvagens e não donos de suas próprias terras.
Ao mesmo tempo, o cineasta aproveita para fazer uma belíssima reconstituição de época com relação aos últimos anos da década de 70, onde a sua fotografia e edição de arte remetem aos bons tempos dos filmes policiais barra pesada de antigamente. Aliás, é óbvio que se veja na tela uma conexão direta com o subgênero blackexpoitation, filmes protagonizados por atores negros e que marcou aquele período. Ron Stallworth, por exemplo, não deve em nada ao clássico personagem policial Shaft e fazendo com que a gente desejasse revê-lo numa futura nova missão investigativa.
Aqui, Spike Lee não se intimida em começar já alfinetando a mão que o alimenta, ou seja, o próprio cinema. Nos primeiros minutos, por exemplo, testemunhamos uma cena clássica do filme E o Vento Levou (1939), onde mostra as consequências da Guerra Civil Americana. Embora seja um dos filmes mais importantes de todos os tempos, Spike Lee cobra neste momento da sétima arte, além de seus realizadores, os anos em que a própria retratou de forma errônea nas telas, tanto o povo negro, como também os índios que sempre foram vistos como selvagens e não donos de suas próprias terras.
Ao mesmo tempo, o cineasta aproveita para fazer uma belíssima reconstituição de época com relação aos últimos anos da década de 70, onde a sua fotografia e edição de arte remetem aos bons tempos dos filmes policiais barra pesada de antigamente. Aliás, é óbvio que se veja na tela uma conexão direta com o subgênero blackexpoitation, filmes protagonizados por atores negros e que marcou aquele período. Ron Stallworth, por exemplo, não deve em nada ao clássico personagem policial Shaft e fazendo com que a gente desejasse revê-lo numa futura nova missão investigativa.
Contudo, o seu
companheiro Flip não fica muito atrás com relação em obter a nossa atenção e
muito se deve ao ótimo desempenho de Adam Drive em cena. Sendo judeu, Flip
conhece de perto o horror vindo do preconceito, mas não se intimidando nesta missão suicida e pelo seu olhar já imaginamos muitas histórias que ele poderia
vir a nos contar. Não me surpreenderia, portanto, se Adam Drive venha estar entre
os possíveis indicados ao Oscar de melhor ator coadjuvante no ano que vem.
Transitando de
forma sublime entre o humor sombrio e momentos de pura tensão, o ato final nos
reserva uma verdadeira montanha russa, cujas consequências podem se tornar irreversíveis
para os seus respectivos personagens. É aí que Spike Lee aproveita para
discursar através dos seus personagens contra o racismo, onde testemunhamos um
velho veterano falar sobre os tempos de perseguição e se intercalando com cenas
onde ocorre um ritual do Ku Klux Klan. É aí que surge em cena o filme Nascimento
de Uma Nação (1915) de D. W. Griffith, sendo que, embora seja o primeiro
grande clássico do cinema norte americano, o filme veio a se tornar errôneo para os
olhares de muitos ao longo do tempo.
Curiosamente, Spike Lee nos prega uma surpresa extra nos minutos finais em seu epílogo. Quando parecia que o filme terminaria de uma forma convencional,
eis que ele joga os seus respectivos personagens, além de nós que assiste, para
testemunharmos os horrores causados pelo racismo de ontem e hoje. Aliás, a
forma que ele obtém esse feito fez me lembrar do filme em animação francesa Waltz
with Bashir (2009), onde em seu derradeiro final descobrimos os motivos que
levaram o protagonista a não conseguir se lembrar mais dos horrores que veio a
testemunhar numa guerra sem sentido.
Em tempos cada vez mais retrógrados, tanto nos EUA como vistos aqui no
Brasil, Spike Lee lança Infiltrado na Klan para nos dizer que os monstros do
passado ressuscitaram através de discursos inflamados e politicamente
incorretos. Depois de muito tempo, Spike Lee fez a coisa certa e em boa hora.
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2 comentários:
É um filme bom e muito interessante, sinto que história é boa, mas o que realmente faz a diferença é a participação de Adam Driver neste filme. O elenco deste filme é ótimo, eu amo tudo onde Adam Driver aparece, o ultimo que eu vi foi em um filme bom de comedia chamado Lucky Logan Roubo em Família, adorei esse filme! De todos os filmes que estrearam, este foi o meu preferido, eu recomendo, é uma historia boa que nos mantêm presos no sofá. É espetacular. Pessoalmente eu acho que é um filme que nos prende, tenho certeza que vai gostar, é uma boa história. Definitivamente recomendado.
Que bom que gostou Alondra. Continue acompanhando o cinema cem anos de luz
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