Nos
dias 07 e 08 de Julho eu estarei participando do curso A Construção do Personagem,
criado pelo Cine Um e ministrado pelo ator, diretor e professor de teatro
Juliano Rabello. Atividade irá abordar, dentre outras coisas, o método chamado Sistema
Stanislavski. O método é inspirado no ator e grande entusiasta da arte da
representação, que não estava satisfeito com a forma melodramática de
declamação do teatro da época. Apenas poucos atores chamados "gênios"
conseguiam verdadeiramente uma atuação realista, que convencesse em cena.
Inconformado, este ator passou a sistematizar o trabalho dos artistas que
admirava, negando toda forma de inspiração ou talento, e partindo de
pressupostos técnicos e sistemáticos. Este era Constantin Stanislavski, pai da
pedagogia do ator, e criador do mais conhecido e importante estudo de
interpretação, o chamado Sistema Stanislavski.
Os estudos de
Stanislavski se popularizaram no mundo inteiro ao longo do século 20 e chegaram
à Hollywood em meados de 1930, pelas mãos de Elia Kazan. Em parceria com alguns
nomes do teatro e do cinema norte-americano, Kazan fundaria o Actor's Studio.
Lee Strasberg, a partir de 1950, no comando do Studio, foi um dos grandes
responsáveis pela popularização do Sistema Stanislavski, que a partir da visão
estadunidense, ganhou status de "método", ou melhor ainda, "O
Método".
Quando eu ouço sobre esse método de
interpretação me veem na mente muitos talentos do universo cinematográfico que
se dedicaram ao extremo para interpretar os seus respectivos personagens. É
claro que há um preço a se pagar, com o fato da possibilidade do mesmo
ficar marcado para sempre devido a um personagem, por vezes, tão complexo. Alguns surpreendem, onde cada
personagem que interpreta se diferencia dos demais trabalhos que havia feito
anteriormente. Mas qual seria o melhor papel de cada grande ator/atriz?
Pensando nisso, deixo abaixo o
meu top 5 sobre grandes atores e atrizes e seus respectivos personagens
que os considero os melhores de suas carreiras.
Top 5: Grandes atores em seus
respectivos melhores personagens.
1º Marlon Brando como
Don Corleone
Brando vivia uma fase meio que
decadente entre final dos anos 60 e começo dos anos 70. Porém, Copolla fez
questão de trazê-lo de volta a luz, num projeto que se tornaria um dos filmes
mais importantes da história do cinema. Embora
não tenha tanto tempo em cena, Brando é o verdadeiro protagonista desse
primeiro capitulo da família mafiosa, pois basta ele surgir em cena nos
primeiros minutos da obra que ele consegue colocar o filme no seu bolso e o
resto é história.
Para interpretar o personagem, Brando se dedicava
ao trabalho 100%, ao ponto que alguns momentos icônicos de sua atuação foram
improvisados pelo próprio ator no momento das filmagens. Bom exemplo é no
início da abertura, onde um gato estava passando pelo cenário e Brando decidiu
pega-lo no colo enquanto estava interpretando. Essa cena acabou entrando no
filme e entrando no imaginário dos cinéfilos de todo o mundo. Leia mais sobre a
trilogia clicando aqui.
2º Daniel Day Lewis como Daniel Plainview
Sangue Negro uma
verdadeira crítica ao consumismo de petróleo desenfreado que existe, tanto
ontem como atualmente e a típica história que dinheiro não é tudo, mas que aqui
funciona a dedo.
Não tem como não
deixar de se lembrar dos primeiros dez minutos de filme, onde simplesmente não há
palavras dos personagens que se apresentam na trama, sendo que unicamente as
coisas ficam acontecendo na tela, embalado com uma bela trilha sonora e que as
imagens apresentadas falam por si, sendo algo raro no cinema atual. E, logicamente,
os minutos finais da trama são dignos de nota, onde Day Lewis discursa sobre as
engrenagens do seu universo envolta do petróleo, no qual é encerrado de uma
forma primorosa e desconcertante. Lewis acabou levando o seu segundo Oscar (o
primeiro foi por Meu Pé Esquerdo), sendo uma das premiações mais justas da
academia dos últimos anos.
Um filme que será lembrado a
cada ano que passar. Leia mais sobre o diretor Paul Thomas Anderson clicando
aqui.
3º Rutger
Hauer como Roy Batty
Ao perdemos certos valores
que antes nos éramos importantes, eles se tornam valiosos, para seres que a
recém começaram a aprender a viver, que no caso do filme, são os “replicantes”
que representam o que nos fomos um dia, de ter o desejo de viver ao máximo no
dia a dia, mas que por azar deles, tem pouco tempo de vida. E quem melhor que o
personagem Roy (brilhantemente interpretado por Rutger Hauer), que é o melhor
em cena, passa para nos esse doloroso
fardo que carrega, mas que vai até o fim
buscando um meio, seja para ganhar mais tempo, ou para fazer algo
significativo em sua curta vida e que valesse a pena. Seus últimos momentos em
cena estão entre os momentos mais inesquecíveis e surpreendentes da 7ª arte e
que gera múltiplos sentimentos para quem assiste. Até hoje, essa cena gera
inúmeros debates, sendo não somente ela, como também as inúmeras cenas que
antecedem essa e que acabaria gerando outros inúmeros textos até melhores do
que esse que vos escrevo. Leia mais sobre Blade Runner clicando aqui.
4º Heath Ledger como Coringa
Se em 2006 Heath Ledger ousou
ao interpretar o caubói gay em O Segredo em Brokeback Mountain de Ang Lee, aqui
ele simplesmente desaparece no personagem tornando um ser humano assustador e
imprevisível que deseja nada mais além do mais puro caos. Leia mais clicando
aqui.
5º Robert de Niro
como Jack Lamotta
Direção, roteiro e interpretação
extraordinários. Oscar de ator (De Niro, que engordou vinte quilos para fazer o
papel), e montagem. Foi eleito, em muitas publicações, como o melhor filme dos
anos 80. Reconstituição histórica perfeita, com uma belíssima fotografia em
preto e branco, que realça a extrema violência das lutas em cena. Leia mais
clicando aqui.
Top 5: Grandes atrizes em seus respectivos melhores personagens.
1º Vivien Leigh como Blanche
DuBois
A grande
alma do filme Uma Rua Chamada Pecado é Vivien Leigh. Sua personagem quando se
apresenta em cena, já demonstra ser uma pessoa que enfrenta seus demônios
interiores, querendo segurar das maneiras mais possíveis os desejos que sente
principalmente a certa atração sugestiva que tem com o cunhado, mas essa
atração irá lhe custar caro, em um dos grandes clímax da película, onde ficamos
nos perguntado o que realmente aconteceu. Leia mais sobre o filme clicando aqui.
2º Gloria Swanson
como Norma Desmond
Hollywood é
alvo direto desse filme, onde se faz uma verdadeira critica a essa indústria do
entretenimento, onde deixa a carreira da pessoa no auge, mas depois o mastiga e
deixa ao esquecimento. Isso o que acontece com os personagens principais da
trama, principalmente para Norma Desmond, interpretada magistralmente pela
atriz Gloria Swanson que, curiosamente, tem algo de muito em comum com a
personagem, já que ambas eram da época do cinema mudo e foram esquecidas com o
tempo. Sempre quando a atriz surge com o seu personagem ela simplesmente rouba
a cena, com o seu jeito de louca excêntrica e ao mesmo tempo esperançosa,
acreditando completamente que irá voltar a fazer filmes. Leia mais sobre o
filme clicando aqui.
3º Ellen Burstyn como Sarah
Réquiem
Para Um Sonho não é aconselhável para os espectadores sensíveis: o segundo
trabalho do diretor Darren Aronofsky (que realizou anteriormente o elogiado PI)
é uma incomoda descida ao inferno da dependência química. O longa faz um bom
uso da tecnologia digital para criar as imagens que traduzem tanto os momentos
de euforia como também a angustia provocada pelo consumo de drogas pesadas.
Quase um filme realista de terror, uma inquietante investigação sobre a
decadência moral e social dos EUA, com uma trilha sonora escolhida a dedo e um
constante clima de pesadelo. O diretor extraiu o melhor desempenho em anos de Ellen Burstyn (O Exorcista), que foi indicada ao Oscar de
melhor atriz.
4º Bette Davis como Baby Jane
Bette Davis
num dos melhores momentos de sua respeitada carreira, onde a sua personagem
provoca ódio no espectador, mas também momentos que podemos sentir até pena da
mesma. A atuações dela e de Joan
Crawford são elementos fundamentais para sustentar a narrativa, sem deixar de
mencionar a atuação de Victor Buono como o pianista fracassado Edwin (indicado
ao Oscar como ator coadjuvante). Interessante que as duas atrizes, famosas
também por serem grandes inimigas nos bastidores, neste filme duelam nas telas
(tanto em atuação em si, quanto no fato de encarnar personagens que brigam
entre si).
5º Meryl Streep como Sophie Zawistowski
Filmes
sobre os horrores do campo de contração em que judeus eram massacrados por
nazista tem aos montes. Porém, os melhores se destacam por sempre se
diferenciarem um do outro e A Escolha de Sofia, Meryl Streep interpreta uma
polonesa que sofre por guardar um terrível segredo que lhe marcou durante o
terrível período durante a 2ª Guerra Mundial. Streep nos brinda com uma das
mais fortes interpretações de sua carreira e capaz de dilacerar o coração de
qualquer um que assiste. Oscar de melhor atriz.
Leia mais clicando aqui.
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