Nota: filme exibido
para os associados no último sábado (14/07/18) no Cinebancários.
Sinopse: Em 1860, um
aventureiro francês de 35 anos partiu para Araucanía, uma região inóspita no
sul do Chile, com o intuito de fundar um reino. Ele partiu com o aval do chefe
indígena da região, Mañil. Porém, ao chegar, descobre que este morreu. Sem seu
apoio, é preso pelo governo chileno, que vê no estrangeiro um perigo, e tem que
justificar sua viagem para não ser preso e exilado.
A cada ano que passa o
cinema Chileno vem se destacando por um cinema autoral, criativo e por vezes crítico.
Em tempos em que a sombra do conservadorismo autoritário que ameaça a democracia
de muitos países do mundo, é sempre interessante ver um filme que retrate um
passado longínquo, mas que ecoe com relação ao males de tempos contemporâneos. Rei
possui um incrível visual experimental para se contar uma trama aparentemente
simples, mas que faz a gente pensar em todas as imagens que testemunhamos no
decorrer do filme.
Dirigido por Niles Atallah
(Lucía), o filme acompanha a cruzada de um aventureiro francês chamado Antoine
de Tounens (Rodrigo Lisboa), que decide viajar para America do sul e conhecer
as partes mais remotas do Chile. Lá conhece Araucanía, local comandando pelo indígena
Manil e prometendo para aquele povo que se tornaria rei da região e tornando
eles livres. Porém, o governo Chileno o captura por considerá-lo extremamente
perigoso e iniciando assim um julgamento.
Embora o filme comece de uma
forma convencional, logo se percebe que Niles Atallah não está nenhum pouco disposto
em apresentar algo que ressoe familiar, mas sim que se diferencie de outros
filmes com temáticas similares. Os governantes que julgam o protagonista, por
exemplo, são representados com curiosas máscaras, como se todo o julgamento que
vier em seguida não passe de um grande teatro a ser encenado e para que logo o protagonista
seja condenado. Porém, curiosamente, nessas passagens o próprio Antoine é
representado por uma máscara e fazendo a gente se perguntar o quão ele é
verdadeiro em suas ações ou se não passa também de uma farsa de um show
politicamente circense elaborado por ambas as partes.
Em meio a essas dúvidas
sobre a real natureza do protagonista, Niles Atallah faz uma crítica feroz
contra os colonizadores do passado, seja ele do Chile como também do restante
do mundo. Para isso, o cineasta cria uma curiosa edição, onde acontece uma
transição de cenas fictícias, verídicas e até mesmo com filmes mudos e perdidos
pelo tempo. Ele vai ainda mais além, ao recriar partes do filme como se fossem
rolos perdidos e que algum momento da história havia sido redescoberto por
historiadores entendedores do assunto.
De um filme experimental, ele
se encaminha para algo de níveis abstratos e que, por vezes, cada um terá um
entendimento pessoal com relação aos seus significados. Em meio a isso, Rodrigo
Lisboa faz o que pode para o seu desempenho se sobressair em meio às impressionantes
cenas vistas na tela, mas se tornando em alguns momentos apenas uma figura
complexa de muitas que surgem até o seu derradeiro final da obra. O final, aliás,
irá fazer muitos se perguntarem o que acabaram de testemunhar e fazer com que a
gente debata após o encerramento da obra.
Rei é aquele típico filme
experimental, cinematograficamente falando, do qual você ama ou abandona de
imediato.
Onde assistir: Cinebancários.
Rua General Câmara, Nº424, centro de Porto Alegre. Horário: 15h e 19h.
Siga o Clube de Cinema de Porto Alegre através das redes sociais:
twitter: @ccpa1948
Instagram: @ccpa1948
Nenhum comentário:
Postar um comentário