Sinopse: Auto de Resistência é um documentário sobre homicídios praticados pela polícia contra civis, no Rio
de Janeiro, em situações inicialmente classificadas como legítima defesa. O
morto é acusado de ser traficante e ter trocado tiros com a polícia, mas a
narrativa policial é posta em cheque pelo surgimento de vídeos e pela luta de
mães que tentam provar a inocência de seus filhos.
No cinema direto, como documentários
recentes como, por exemplo, O Processo, a câmera tornasse apenas observadora,
mas fazendo com que a gente se torne testemunha de situações em que a realidade
bate em nossa cara. Em tempos retrógrados, onde os direitos humanos são cada vez
mais jogados para debaixo do pano, esse tipo de obra deve ser obrigatoriamente
cada vez mais assistido, analisado e debatido. Auto de Resistência é mais do
que um cinema direto, como também uma obra que denuncia o lado fascista que se
esconde em meio a policiais profissionais e elevando um número cada vez maior
de vitimas inocentes em meio a uma guerra não declarada.
Dirigido por Natasha Neri e
Lula Carvalho, o filme acompanha os julgamentos de policiais que foram acusados de
atirar e matar civis enquanto faziam as suas patrulhas nas favelas do Rio de
Janeiro. Ao mesmo tempo acompanhamos a luta árdua de mães que perderam os seus
filhos de uma forma absurda e que buscam por justiça por meios legais dos quais
o estado prega. Porém, a justiça parece em alguns momentos falha e que,
infelizmente, tarda.
Dividido por algumas linhas
narrativas, onde acompanhamos determinados casos, Natasha Neri e Lula Carvalho obtêm
registros precisos dos verdadeiros fatos de cada situação, onde testemunhamos a
reconstituição dos dois lados, mas colocando na tela algo muito além dos
depoimentos. Para começar, os cineastas conseguiram registros precisos, seja do
celular das vítimas, ou das câmeras dos próprios policiais e obtendo um quadro
preciso do que realmente aconteceu em situações que quase nunca são pegas em flagrante.
Em dois casos, por exemplo, testemunhamos policiais dentro de sua viatura onde
atiram em jovens que estavam correndo na rua desarmados e de policiais fortemente
armados que, dentro de um helicóptero, disparam inúmeras vezes quando
sobrevoavam uma favela e causando consequências desastrosas.
Mesmo que de uma forma
indireta, o documentário também entra no terreno dos subgêneros dos filmes de tribunais,
onde acompanhamos os julgamentos que, por vezes, terminam em bate boca entre
promotoria e a defesa dos acusados. Isso faz com que se gere uma tensão em
determinados momentos e que, ao mesmo tempo, gerando uma preocupação cada vez
mais crescente em meio aos familiares das vítimas que observam atônitos uma
justiça cada vez mais parcial e falha contra eles. O ápice disso é observamos
as inúmeras pilhas de processos vistos na tela que, na maioria casos, são
arquivados por falta de provas ou pelo desinteresse de um governo carioca cada
vez mais sem noção sobre o que realmente fazer contra a violência que aflige os
seus moradores no seu dia a dia.
Com a participação da defensora
dos direitos humanos Marielle Franco (morta no último mês de março), Auto de Resistência
é um legitimo “cinema denúncia”, onde testemunhamos alguns casos criminais para
serem solucionados, mas representando inúmeros outros que nunca alcançam uma
luz no fim do túnel.
Onde assistir: Cinebancários:
Rua General Câmara, nº 424, centro de Porto Alegre. Horários: 17h e 19h.
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