Nas ultimas horas,
foi anunciado que o mais novo filme de Paul Thomas Anderson ("The Master") irá concorrer no próximo festival
de Veneza. Embora tenha ainda uma filmografia pequena, Anderson chamou muito
atenção pela sua ousadia, forma de filmar e o talento por saber comandar um
super elenco, onde cada personagem é fator importante para desenrolar da trama.
Lembrando disso, solto abaixo os principais e melhores filmes da carreira desse
engenhoso diretor.
Boogie Nights -
Prazer Sem Limites
Sinopse: Eddie (Mark
Wahlberg) é um ator novato que acaba sendo descoberto por Jack Horner (Burt
Reynolds), um diretor de filmes pornográficos que considera seu trabalho uma
forma de arte. A partir daí, Eddie muda seu nome e passa a se envolver cada vez
mais em um mundo de prazer e drogas.
No seu segundo longa
metragem, o cineasta Anderson fez um raro mergulho do cinema convencional no
pornô de Hollywood. Sem moralismo, ele expõe esse mundo tão polêmico com ternura.
Mesmo distante de problemas práticos, com advento do video nos anos 80
alternando a conduta dos produtores, os integrantes do cinema erótico mantêm,
segundo Anderson, uma união efetiva quase familiar. Finalista em três
categorias do Oscar (roteiro original,
atriz coadjuvante para Julianne Moore e ator coadjuvante para Burt Reynold), o
filme ainda reserva a presensa de um dos grandes mitos do pornô, que é a bela
veterana Hartley, que no filme é uma ninfomaníaca esposa de um técnico, interpretado pelo
ator William H. Macy (A Vida em Preto e Branco).
Embora com elenco
cheio de rostos conhecidos, muitos se lembram que esse foi o filme que
consagrou Mark Wahlberg (Os Infiltrados) e até hoje é considerado o melhor
desempenho da carreira do ator. A cena em que ele se descontrola perante todos
e seus últimos minutos em cena (fazendo uma referencia ao clássico Touro Indomável,
mas de uma forma desconcertante), são dignas de nota.
Magnólia
Sinopse: A história
se desenvolve em Los Angeles, nos arredores da rua Magnólia, acompanhando um
dia na vida de nove personagens, que moram na mesma área e cujas histórias se
cruzam por coincidências do destino. O filme aborda diversos temas polêmicos,
como incesto, homossexualidade, drogas e violência.
Clássico do
inesquecível ano de 1999 continua sendo arrebatador e com um dos finais mais
enigmáticos de todos os tempos. Ousado mosaico dramático dirigido e escrito por
Anderson que chamou a atenção da critica por Boogie Nights. A semelhança de
Shorts Cuts, de Robert Altman, o roteiro apresenta vários personagens do inicio
desconexos. A excessiva duração do filme é a proposta do diretor, que quis
compor um épico sobre dramas comuns. O roteiro pesado, alguns espectadores
testarão os seus nervos ou usarão muitos lenços. Atuações surpreendentes, onde
se destaque Cruise, vencedor do Globo de Ouro 2000 de ator coadjuvante, ótimo
papel de um guru dos machistas.
É um filme que possui
inúmeros momentos magistrais, sendo que um todo mundo conhece, só não vou dizer
aqui para não estragar a surpresa daqueles que não viram, mas adianto que, como
eu disse acima, acontece nos minutos finais e com certeza é das coisas mais imprevisíveis
que já vi num filme. A outra cena é aquela em que todos os personagens da
trama, fragilizados perante as situações difíceis que andam passando, começam a
cantar a bela musica “Aimee Mann - Wise Up”. Curtam esse momento abaixo.
Curiosidades:O filme faz várias
referências ao número 82. Este número se refere a uma passagem da Bíblia, mais
especificamente ao livro do Êxodo, 8:2. Jason Robards (Era
uma vez no Oeste), em seu último papel no cinema, vindo à falecer pouco depois
do fim das filmagens.
Sangue Negro
Sinopse: Virada do
século XIX para o século XX, na fronteira da Califórnia. Daniel Plainview
(Daniel Day-Lewis) é um mineiro de minas de prata derrotado, que divide seu
tempo com a tarefa de ser pai solteiro. Um dia ele descobre a existência de uma
pequena cidade no oeste onde um mar de petróleo está transbordando do solo.
Daniel decide partir para o local com seu filho, H.W. (Dillon Freasier). O nome
da cidade é Little Boston, sendo que a única diversão do local é a igreja do
carismático pastor Eli Sunday (Paul Dano). Daniel e H.W. se arriscam e logo
encontram um poço de petróleo, que lhes traz riqueza mas também uma série de
conflitos.
O Cidadão Kane do século 21.
Exageros a parte, o filme é ótimo por dois motivos: 1) Paul Thomas Anderson,
que desde maravilhoso, Magnólia, não fazia um filme tão marcante. 2º) Daniel
Day-Lewis que em cada filme que atua, age como se fosse seu ultimo desempenho
da carreira e que acaba dando tudo de si numa atuação extraordinariamente
assustadora. O filme é uma verdadeira critica ao consumismo de petróleo
desenfreado que existe, tanto ontem como atualmente e a típica historia que dinheiro
não é tudo, mas que aqui funciona a dedo.
Não tem como não deixar de
se lembrar dos primeiros dez minutos de filme, onde simplesmente não a palavras
dos personagens que se apresentam na trama, sendo que unicamente as coisas
ficam acontecendo na tela, embalado com uma bela trilha sonora e que as imagens
apresentadas falam por si, algo que é muitíssimo raro no cinema atual. E
logicamente, os minutos finais da trama são dignos de nota, onde Day Lewis
discursa sobre as engrenagens do seu universo envolta do petróleo, no qual é
encerrado de uma forma primorosa e desconcertante. Lewis acabou levando o seu
segundo Oscar (o primeiro foi por Meu Pé Esquerdo), sendo uma das premiações mais
justas da academia dos últimos anos.
Um filme que será lembrado a cada ano que
passar.
E em breve:
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