Nos dias 28 e 29 de
Julho eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, participando do curso
Storytelling: Os Fundamentos da Narrativa, criado pelo Cine Um e ministrado
pelo roteirista Cris Derois. Enquanto os dias da atividade não chegam destaco
aqui os principais filmes que serão analisados durante a atividade e sobre o
que eles tem em comum um com o outro.
APOCALYPSE
NOW (1979)
Sinopse: Capitão
(Martin Sheen) tem a missão de encontrar e matar coronel (Marlon Brando), que
aparentemente enlouqueceu e se refugiou nas selvas do Camboja, onde comanda um
exército de fanáticos.
O projeto de
Apocalypse Now teve início quando os Estados Unidos ainda estavam envolvidos na
Guerra do Vietnã. Seria a primeira produção da American Zoetrope, empresa
criada por Francis Ford Coppola e George Lucas, em 1969. Lucas queria dirigir o
roteiro, escrito por John Milius, (que faria mais tarde Conan: O Bárbaro),
Coppola como produtor, tentou levantar dinheiro, mas nenhum estúdio quis
apostar em um filme sobre uma guerra impopular e ainda arriscar a vida de
técnicos a atores em uma zona de guerra. Anos mais tarde, embalado com o
sucesso de Poderoso Chefão, 1 e 2, Coppola retornou ao projeto.
Lucas já havia começado a fazer Guerra nas Estrelas, e Coppola assumiu a direção e a produção. Mesmo com a retirada das tropas americanas, em 1973, e o fim da guerra, dois anos depois, o Exército americano não deu apoio á produção. Em fevereiro de 1976, Coppola começou a filmar nas Filipinas, onde a geografia é semelhante á do Vietnã e as Forças Armadas tinham equipamentos iguais aos usados na guerra. Sua intenção era rodar o filme nas mesmas condições em que a história é contada.
Ou seja, equipe, elenco teriam de enfrentar a selva. Por pouco não entra também na luta armada. O governo Filipino combatia uma guerrilha comunista no sul do país. Houve ocasiões em que as batalhas reais ocorreram a menos de 20 km dos locais de filmagem. Por vezes, pilotos e aeronaves tinham de combater a guerrilha e abandonavam o trabalho.
Com a frequente troca de pilotos, as cenas tinham de ser ensaiadas várias vezes. E esses não foram os únicos problemas. Logo nos primeiros dias de filmagens um dos atores principais foi substituído. Escolhido depois Steve McQueen, Al Pacino e Jack Nicholson recusaram o papel, Harvey Keitel faria o capitão Willard, mas voltou para casa após duas semanas de filmagem. As razões nunca foram explicadas.
Dizem que Coppola não gostou do desempenho de Keitel. Martin Sheen foi então escolhido. Aos 36 anos e fumando cerca de três maços de cigarro por dia, Sheen se considerava fora de forma, mas não viu problemas em enfrentar as 16 semanas previstas de filmagem na selva que seriam 34 no total. Não bastasse o calor da selva, atores e técnicos ainda sofriam com um roteiro constantemente reescrito por Coppola.
Para completar, em meados de maio, um tufão Olga atingiu as Filipinas, causando mais de 200 mortes entre a população e destruindo os cenários. Os trabalhos foram suspensos por dois meses. A imprensa, que já vinha noticiando os problemas da produção, chamava o filme de Apocalipse When (Apocalipse Quando) e Apocalipse Forever (Apocalipse para sempre). Segundo o diretor, a verdadeira razão para a má vontade dos jornalistas era o tema abordado.
No entanto, as complicações existiam de fato e eram muitas. Com orçamento e cronograma estourados, Coppola ainda queria mudar o fim da história-Wilard e Kurtz lutando juntos numa batalha contra os vietcongues que, segundo o diretor, não resolvia as questões morais propostas pelo filme. Porém, para reescrever o final, seria preciso adiar ainda mais a participação de Marlon Brando, que ameaçava abandonar a produção sem devolver o milhão de dólares que receberá adiantado. Nicholson, Pacino e Robert Redford foram cogitados, mas o papel não mudou de mãos. Em março de 1977, Martin Sheen sofreu um infarto agudo.
Chegou a receber a extrema-unção. Para não interromper as gravações, Coppola chamou Joe Estevez, Irmão de Sheen e também ator. Filmado de costas, em planos abertos, ele gravou uma parte da narração. Em meados de abril, Martin voltou para filmar seus closes. Quando Brando chegou, o roteiro ainda não estava definido, o ator não havia lido a novela que inspirou o roteiro de Milius-Coração das Trevas, de Joseph Conrad-e ao contrário do que prometerá, não tinha perdido peso. Coppola e o diretor de fotografia, Vitorio Storaro, decidiram filmar Brando na penumbra, e muitas cenas foram rodadas com monólogos improvisados.
Ao fim de 238 dias, produziram-se mais de 200 horas de filme, que ocuparam quatro editores por quase dois anos. Em 1979, Apocalypse Now foi exibido no Festival de Cannes ainda como um trabalho em andamento. Mesmo assim, levou a Palma de Ouro, prêmio dividido com Tambor (De Blechtrommel) de Volker Schlondorff. Com um orçamento estimado de 31 milhões e meio de dólares, o filme arrecadou mais de 150 milhões. Em 2001, foi lançado a versão Redux. Com 49 minutos a mais, traz cenas inéditas do tenente-coronel Kilgore (Robert Duvall), uma nova sequência com as coelhinhas da Playboy e o encontro com uma família de fazendeiros de borracha franceses, que combate os nacionalistas vietnamitas há gerações.
Só toda está história de como foi desenvolvido esse filme daria para fazer outro filme, mas Coppola fez todos os sacrifícios para o seu projeto seguir a diante, e chegou lá. O filme até hoje se encontra sempre nas listas dos melhores filmes de guerra e nos melhores filmes de todos os tempos. Apocalypse Now é uma prova para se fazer uma obra prima do cinema exigisse bastante esforço e empenho, quem dera que essas gerações novas de diretores cumprissem a mesma coisa, talvez eles temam o seu próprio Apocalipse.
Lucas já havia começado a fazer Guerra nas Estrelas, e Coppola assumiu a direção e a produção. Mesmo com a retirada das tropas americanas, em 1973, e o fim da guerra, dois anos depois, o Exército americano não deu apoio á produção. Em fevereiro de 1976, Coppola começou a filmar nas Filipinas, onde a geografia é semelhante á do Vietnã e as Forças Armadas tinham equipamentos iguais aos usados na guerra. Sua intenção era rodar o filme nas mesmas condições em que a história é contada.
Ou seja, equipe, elenco teriam de enfrentar a selva. Por pouco não entra também na luta armada. O governo Filipino combatia uma guerrilha comunista no sul do país. Houve ocasiões em que as batalhas reais ocorreram a menos de 20 km dos locais de filmagem. Por vezes, pilotos e aeronaves tinham de combater a guerrilha e abandonavam o trabalho.
Com a frequente troca de pilotos, as cenas tinham de ser ensaiadas várias vezes. E esses não foram os únicos problemas. Logo nos primeiros dias de filmagens um dos atores principais foi substituído. Escolhido depois Steve McQueen, Al Pacino e Jack Nicholson recusaram o papel, Harvey Keitel faria o capitão Willard, mas voltou para casa após duas semanas de filmagem. As razões nunca foram explicadas.
Dizem que Coppola não gostou do desempenho de Keitel. Martin Sheen foi então escolhido. Aos 36 anos e fumando cerca de três maços de cigarro por dia, Sheen se considerava fora de forma, mas não viu problemas em enfrentar as 16 semanas previstas de filmagem na selva que seriam 34 no total. Não bastasse o calor da selva, atores e técnicos ainda sofriam com um roteiro constantemente reescrito por Coppola.
Para completar, em meados de maio, um tufão Olga atingiu as Filipinas, causando mais de 200 mortes entre a população e destruindo os cenários. Os trabalhos foram suspensos por dois meses. A imprensa, que já vinha noticiando os problemas da produção, chamava o filme de Apocalipse When (Apocalipse Quando) e Apocalipse Forever (Apocalipse para sempre). Segundo o diretor, a verdadeira razão para a má vontade dos jornalistas era o tema abordado.
No entanto, as complicações existiam de fato e eram muitas. Com orçamento e cronograma estourados, Coppola ainda queria mudar o fim da história-Wilard e Kurtz lutando juntos numa batalha contra os vietcongues que, segundo o diretor, não resolvia as questões morais propostas pelo filme. Porém, para reescrever o final, seria preciso adiar ainda mais a participação de Marlon Brando, que ameaçava abandonar a produção sem devolver o milhão de dólares que receberá adiantado. Nicholson, Pacino e Robert Redford foram cogitados, mas o papel não mudou de mãos. Em março de 1977, Martin Sheen sofreu um infarto agudo.
Chegou a receber a extrema-unção. Para não interromper as gravações, Coppola chamou Joe Estevez, Irmão de Sheen e também ator. Filmado de costas, em planos abertos, ele gravou uma parte da narração. Em meados de abril, Martin voltou para filmar seus closes. Quando Brando chegou, o roteiro ainda não estava definido, o ator não havia lido a novela que inspirou o roteiro de Milius-Coração das Trevas, de Joseph Conrad-e ao contrário do que prometerá, não tinha perdido peso. Coppola e o diretor de fotografia, Vitorio Storaro, decidiram filmar Brando na penumbra, e muitas cenas foram rodadas com monólogos improvisados.
Ao fim de 238 dias, produziram-se mais de 200 horas de filme, que ocuparam quatro editores por quase dois anos. Em 1979, Apocalypse Now foi exibido no Festival de Cannes ainda como um trabalho em andamento. Mesmo assim, levou a Palma de Ouro, prêmio dividido com Tambor (De Blechtrommel) de Volker Schlondorff. Com um orçamento estimado de 31 milhões e meio de dólares, o filme arrecadou mais de 150 milhões. Em 2001, foi lançado a versão Redux. Com 49 minutos a mais, traz cenas inéditas do tenente-coronel Kilgore (Robert Duvall), uma nova sequência com as coelhinhas da Playboy e o encontro com uma família de fazendeiros de borracha franceses, que combate os nacionalistas vietnamitas há gerações.
Só toda está história de como foi desenvolvido esse filme daria para fazer outro filme, mas Coppola fez todos os sacrifícios para o seu projeto seguir a diante, e chegou lá. O filme até hoje se encontra sempre nas listas dos melhores filmes de guerra e nos melhores filmes de todos os tempos. Apocalypse Now é uma prova para se fazer uma obra prima do cinema exigisse bastante esforço e empenho, quem dera que essas gerações novas de diretores cumprissem a mesma coisa, talvez eles temam o seu próprio Apocalipse.
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