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segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Especial Halloween: 'O Exorcista II - O Herege'

"O Exorcista" (1973) é apontado pela maioria como um dos melhores filmes de terror de todos os tempos. A obra prima de William Friedkin arrastou multidões, chocou o mundo e gerando diversas imitações e das quais nenhuma deu certo. Com começo, meio e fim bem amarrados, o filme não precisava de uma continuação, mas diga isso para Warner que na época se encantou com os milhões que o clássico gerou nas bilheterias.

É bom lembrar que a obra é baseada no livro escrito por William Peter Blatty, do qual o mesmo jamais havia dado continuidade a sua obra, mas isso não impediu para que o estúdio quisesse uma sequência. O próprio William Friedkin não embarcou no projeto achando ridículo a ideia da continuidade e o mesmo vale para a atriz Ellen Burstyn que não via com bons olhos a possibilidade. Os únicos que toparam o retorno foram a própria Linda Blair e um relutante Max von Sydow.

Coube ao diretor John Boorman, do ótimo "Excalibur" (1981), e ao roteirista Rospo Pallenberg a tarefa, mas da qual sofreu diversos percalços durante as filmagens. Há quem diga que o roteiro foi reescrito diversas vezes, locações em que os realizadores queriam filmar não foram liberadas e fazendo com que eles criassem, por exemplo, o apartamento original em estúdio. Além disso, as cenas com diversos gafanhotos provocaram a morte dos mesmos, já que os insetos não suportavam a mudança brusca de temperatura de uma região para outra.

A trama se passa anos depois de Regan (Linda Blair) ter sido salva pelos padres durante o exorcismo. Porém, a igreja chama o padre Father (Richard Burton) para investigar o que levou o padre Merrin (Max Von Sydow) ter morrido durante o procedimento. Comandado pela Dra. Gne Tuskin (Louise Fletcher) Regan passa por uma hipnose para ver o que realmente aconteceu naquela terrível noite.

John Boorman sempre deixou claro que achava perverso o filme original, principalmente pelo fato de expor as dores que a personagem central passou durante a trama. Por conta disso, aqui não temos uma Regan sendo possuída, mas sim alguém especial e que até mesmo enfrentou o Demônio Pazuzu em outras vidas. É aí que talvez se encontre o principal erro do filme, ao dar uma explicação mais plausível sobre o porquê de ela ter sido possuída no passado, sendo que o mistério fazia muito mais sentido.

Aliás, se percebe que, ao ter que explicar demais, o roteiro acaba nos confundindo ao tentarmos compreender a trama como um todo, principalmente nas cenas em que se passam na África, cuja a montagem com certeza gerou uma grande dor de cabeça para os montadores na época. Para piorar, a ideia do leitor de mentes que a protagonista usa para se lembrar do exorcismo é uma das piores ideias que inventaram para a trama, sendo que ela reconstitui a cena de como Merrin morreu nas mãos de uma Regan possuída, mas sendo interpretada por uma outra atriz e fazendo da situação se tornar completamente ridícula. Vale destacar que Linda Bair exigiu não usar novamente a pesada maquiagem do filme original, mas cujo resultado acaba sendo ainda mais desastroso com uma dublê em cena e tornando tudo constrangedor.

Fico me perguntando o que levou Richard Burton e Louise Fletcher a embarcarem neste projeto, sendo que a última já havia ganho um Oscar pelo clássico "Um Estranho no Ninho" (1975). O próprio James Earl Jones faz uma ponta interessante como aquele que enfrentou o Demônio no passado, mas sendo desperdiçado em uma passagem da trama em que com certeza os montadores da edição passaram a tesoura para tentar ser melhor compreendida pelo público, mas que fez com que somente piorasse tudo. E o que dizer do ato final em que se passa novamente no quarto de Regan, com o direito de ela enfrentar o seu lado sombrio possuído, mas tornando toda situação bastante vergonhosa para a atriz em cena.

Fracasso de público e crítica na época, o filme é bastante esquecido para os fãs do longa original, sendo que até hoje muitos não ousam embarcar neste barco furado. A Warner, por sua vez, teve ainda a coragem de lançar "O Exorcista III" (1990) que há quem diga é até razoável, mas facilmente também esquecido. Ou seja, podem fazer todas as continuações que puderem, mas jamais conseguiram a perfeição que o clássico de William Friedkin obteve.

"Exorcista II - O Herege" é uma das piores continuações que eu testemunhei na vida e que com certeza merece ser esquecida. 


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