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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'O Aprendiz'

Sinopse: Retrato sobre o jovem Donald Trump, buscando se destacar em Nova York nos anos 1970, e sua influência por Roy Cohn, o advogado que ajudou a moldá-lo. 

Ali Abbasi é um diretor iraniano que pegou gosto na realização de filmes que retratam a desconstrução da figura do monstro, do qual pode ser extraído tanto da ficção como também do nosso mundo real. No genial "Border" (2018) ele nos leva para um conto de fadas sombrio que ocorre justamente em nosso mundo, enquanto "Holy Spider" (2023) o monstro é meramente humano e que pode estar muito mais próximo de nós do que imaginamos. "O Aprendiz" (2024) se entrelaça muito bem com o último citado, mas que infelizmente é o retrato real de alguém que obteve o poder máximo dos EUA.

Com roteiro de Gabriel Sherman, acompanhamos os primeiros passos da carreira do empresário Donald Trump (Sebastian Stan) e que posteriormente se tornaria o 45º presidente dos Estados Unidos da América. Na trama, acompanhamos ele erguer o império de negócios imobiliários da família enquanto tenta fugir de processos que o perseguem. Porém, é na relação que estabelece com o advogado Roy Cohn (Jeremy Strong) que Trump aprende as artimanhas e os truques necessários para se tornar poderoso.

É fácil ficarmos com o pé atrás antes de assistir a esse título, já que no passado tivemos vários longas que romancearam determinadas figuras do mundo político e que não correspondia com as nossas expectativas. Por outro lado, seria errôneo da nossa parte esperar um retrato de Donald Trump de um jeito mais estereotipado, ou bem vilanesco, assim como se fazia com Adolf Hitler nos filmes antigos. Porém, Ali Abbasi procura levar para as telas um Trump mais humano, o que não foge muito da figura contraditória que todos nós conhecemos.

No primeiro ato, por exemplo, assistimos um Trump querendo crescer no meio da elite de uma Nova York caindo aos pedaços, pois estamos nos últimos anos da década de setenta e cuja cidade vivia com inúmeras crises e que a deixava no fundo do poço. O jovem Trump tem a consciência que é preciso comer pelas beiradas para crescer neste cenário, nem que para isso venda a sua própria alma. Embora não seja o Diabo em pessoa  Roy Cohn, muito bem interpretado por Jeremy Strong, sabe muito bem quais as cartas que precisa usar para se manter no poder e aceita ser aliado de Trump para o mesmo crescer nos negócios, mas mal sabendo o que dali em diante estava criando.

Pode-se dizer que o primeiro ato o filme pertence a Strong, já que o seu Roy não possui escrúpulos e ensinando o futuro Presidente a jamais baixar a guarda nos seus investimentos, nem que para isso trapaceie e deixe até mesmo familiares pelo caminho. Com uma edição ágil, além de uma reconstituição precisa sobre o lado decadente da Nova York daqueles tempos, vemos ascensão de Trump crescer de forma gradual para entendermos como esse tipo de ser chegou ao maior poder do Planeta. Felizmente a sua figura não é algo caricato como nós imaginaríamos em um primeiro momento e muito disso se deve ao desempenho de Sebastian Stan.

Mais conhecido mundialmente como o Soldado Invernal do universo MCU, Sebastian Stan já demonstrou versatilidade nos seus trabalhos, pois basta pegarmos como belo exemplo "Eu, Tonya" (2017). Porém, o interprete simplesmente desaparece, ao saber construir para si um Trump no princípio inocente com relação aos negócios, mas também não escondendo a sua ambição de subir ao topo, nem que para isso comece a driblar as leis a todo custo. Vemos, portanto, a sua ascensão, possível queda, para então se dar conta que para sobreviver no sistema criado por lobos será preciso ser um caçador implacável.

Curiosamente, o filme é também um retrato sobre a promessa em obter a Utopia que os americanos tanto queriam naqueles tempos e que estava sendo prometido pelo Presidente Ronald Reagan. Donald Trump, por sua vez, era o garoto propaganda, que abriria Cassinos para atender aqueles que queriam obter dinheiro fácil e para assim ganhar grande prestigio. Mesmo sendo perseguido pela lei, Trump não recuava, tinha resposta na ponta da língua e sintetizando a personalidade televisiva que acabou se tornando um dia.

Claro que, no lado de cá da tela, o verdadeiro Trump irá odiar esse filme, principalmente ao revelar o seu lado frágil com relação as mulheres e na sua obsessão em jamais em demonstrar fragilidade. Ali Abbasi, por sua vez, falha um pouco na sua direção na reta final da produção, ao usar o personagem Roy como a figura arrependida ao dar vida a sua criatura maquiavélica, mas que contradiz sobre o que ele foi no início do longa. Trump, por sua vez, somente seguiu as regras do jogo, mas ao ponto de jamais recuar e obtendo um poder que coloca em xeque o futuro dos EUA e talvez do próprio planeta.

Embora irregular em alguns momentos, "O Aprendiz" se torna eficaz ao nos colocar diante dos ingredientes que moldaram Ovo da Serpente, ou melhor, o próprio Donald Trump. 

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