Damien Leone é um daqueles casos de talentos que surge do nada no cinema independente e logo chama atenção pela sua criatividade mesmo com um orçamento minúsculo de produção. Além disso, o cara é diretor, produtor e roteirista dos seus próprios filmes e por conta disso não me surpreenderia se ele não se vendesse para grandes estúdios, pois assim ele perderia a chance de fazer o que bem entender em seus projetos. Neste último caso, por exemplo, se nota que ele usa e abusa da violência ao extremo e isso é notado nos filmes onde o protagonista é sem sombra de dúvida a sua maior criação...Art, O Palhaço.
Para entendermos melhor como surgiu essa figura que está dando o que falar, vamos voltar no tempo começando pelo princípio.
All Hallows' Eve (2013)
Intitulado aqui no Brasil como "Terrifier O Início", aqui a trama começa quando uma babá cuida de duas crianças na noite de Halloween. Quando elas estão prontas para dormir é encontrado uma fita de VHS em um dos sacos doces das crianças, onde há um filme de terror com três contos diferentes, mas contendo em comum um palhaço assassino. A ficção, por sua vez, parece que começa adentrar no mundo real.
Se nota que o filme foi realizado com baixíssimo orçamento, com elenco praticamente amador e cujas interpretações são risíveis. Além disso, para o entendedor do gênero, o filme tem vários clichês já vistos em outros filmes, que vai desde "Jogos Mortais" (2004), "O "Chamado" (2004) e os mais diversos clássicos do estúdio Amicus e dos quais os longas eram moldados por antologias. Porém, o que nos chama atenção é a figura sinistra de Art, O Palhaço.
Nota-se aqui que inicialmente ele seria apenas uma figura que interliga as três tramas que acontecem dentro do VHS. Porém, devido ao seu visual peculiar e sinistro, o personagem logo foi chamando atenção pelos festivais e poucos cinemas que o filme passava. Se nas duas primeiras histórias ele tem pouco destaque, atenção para a terceira parte, da qual ele mostra para que veio e culminando em um prólogo bem criativo, mesmo nos passando aquela sensação de Déjà vu em alguns momentos.
"Terrifier O Início" era para ser mais um filme experimental, mas pelo visto a criatura nascida através da mente de Damien Leone queria o seu lugar ao sol.
Terrifier (2016)
Com a boca a boca do filme anterior, Damien Leone decidiu dar maior espaço ao seu palhaço assassino e dando a ele o seu próprio protagonismo. Lançado em 2016, o filme foi produzido com pouco mais de R$ 100 mil dólares, mas é interessante observar que, em termos de produção, o filme é muito melhor se for comparado a produção anterior. Porém, isso se deve à dedicação total ao realizador e demonstrando total perfeccionismo ao absurdo.
Talvez essa seja a palavra que melhor define a palavra como um todo, pois embora a trama aparenta ser simples, ela é recheada de violência explícita, muito sangue, gore e não recomendado para pessoas sensíveis. A trama começa com uma vítima do palhaço dando entrevista para um programa sensacionalista e destacando o seu rosto completamente desfigurado. Se sentindo humilhada, a vítima mata a apresentadora no camarim e a partir daí o filme volta no tempo e mostra o que realmente aconteceu anteriormente.
Mesmo com um elenco amador aqui há um cuidado maior em suas interpretações, mas ao mesmo tempo o diretor faz questão da produção nos passar a sensação de Filme B, sendo algo que me fez lembrar "Planeta Terror" (2007) de Robert Rodriguez. Mas talvez o maior trunfo da produção seja na escolha do ator em fazer Ar, O Palhaço, interpretado por David Howard Thornton, pois a sua presença é assustadora, onde o interpreta incrementa o uso de mímica e fazendo de sua construção para o personagem ainda mais interessante. Suas cenas onde ele massacra os demais em cena são dignos de nota, onde o mesmo trata tudo como uma grande brincadeira e tudo ainda mais peculiar na medida certa.
Não fica exatamente muito claro sobre o que é Art, O Palhaço, mas meramente um assassino está longe disso, principalmente na cena do necrotério que nos dá uma dimensão sobre até que ponto a criatura pode chegar.
Terrifier 2 (2022)
Com um orçamento bem maior, em torno de R$ 250 mil dólares, o filme acabou arrecadando 16 milhões em bilheteria e se tornando o melhor título da franquia. Aqui, Damien Leone procura nos passar algumas possibilidades sobre o que é Art, O Palhaço, ao inserir uma pequena personagem sinistra e que acompanha o assassino em sua cruzada sangrenta. Porém, diferente dos filmes anteriores, aqui temos um protagonismo feminino de destaque que recai na personagem Sienna Shaw, interpretada pela atriz Lauren LaVera. Sienna é uma jovem que cria uma fantasia de Arcanjo para uma festa de Halloween, mas ao mesmo tempo começa a ter pesadelos com um palhaço assassino e tendo ligação com os desenhos que o seu pai falecido havia feito.
Embora sucesso de crítica e de público, o filme foi apontado como um dos filmes mais violentos dos últimos tempos, onde há relatos de pessoas que passaram mal durante a projeção. Verdade seja dita, tudo é muito explícito, gore, com o direito de o palhaço matar e desmembrar as suas vítimas vagarosamente. Para os fãs de horror que acompanham franquias como "Invocação do Mal" pode ter certeza que essas pessoas não estão muito bem preparadas para a produção de Damien Leone.
Curiosamente, a vítima que havia sobrevivido no filme anterior, mas tendo assassinado a apresentadora sensacionalista, tem um papel curioso na reta final da trama. Porém, é somente uma peça a mais de mistério sobre o que é realmente o Palhaço, sendo que neste longa o teor fantástico é muito mais acentuado e culminando isso em uma cena em que Sienna está presa dentro de uma caixa cheia de água. Ao meu ver, não me admira se o próximo capítulo ir para o mesmo caminho de outras franquias como foi no caso "Sexta Feira 13".
Enfim, esse maligno Ar, O Palhaço veio pra ficar, ou seja, mais banhos de sangue ainda estarão por vir.
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