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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 8 de outubro de 2024

Cine Dica: Streaming -'Vingança'

Sinopse: Três homens ricos fazem anualmente uma espécie de caçada no deserto. Desta vez, um dos empresários decide levar sua amante, mas ela acaba sendo abandonada para morrer.  

Coralie Fargeat tem chamado bastante atenção recentemente pelo elogiado "Substância" (2024) e do qual é estrelado por Demi Moore. Alguns críticos, por exemplo, têm apontado semelhanças deste filme com o clássico "A Mosca" (1986), já que em ambos os casos fala sobre o indivíduo se deteriorando a partir de um passo em falso para obter os seus objetivos. Antes disso, porém, a cineasta teve a sua consagração através do filme "Vingança" (2017), cuja premissa não é muito diferente dos típicos filmes de ação, mas sendo que a sua direção autoral faz toda a diferença.

A trama fala sobre três homens bem sucedidos que decidem anualmente colocar em prática uma espécie de caçada no deserto. Desta vez, porém, um deles decide trazer a sua amante chamada Jen (Matilda Lutz). Quando ela é abandonada para morrer devido a uma série de situações horríveis, eles terão que lidar com as consequências de uma mulher que busca vingança pelo que fizeram contra ela.

Se fosse realizado por um outro diretor qualquer esse filme cairia no esquecimento de forma fácil, pois dentro do gênero ação e policial o termo vingança já é há muito tempo degustado. Porém, Coralie Fargeat usa a premissa simples para fazer uma análise sobre o consumismo, seja ele através de riquezas, comida ou do próprio corpo em si que é vendido como se fosse uma mercadoria. À primeira vista Jen parece ser uma patricinha mimada e que se vende fácil para aquele que der o valor mais alto.

Contudo, uma vez que ela é abusada em uma cena grotesca, eis que ela se revela como um ser frágil que tem o direito pelo seu próprio corpo e que não aceita ser tratada como mero objeto. Embora a cena do estupro não seja nada explicito Coralie Fargeat constroi um jogo de cenas engenhoso para que o momento se torne ainda mais angustiante, pois o que não se pode ver se torna ainda mais assustador do que se pode imaginar. Falando em jogo de cenas, o filme é todo moldado por uma edição caprichada, quase como se fosse um vídeo clipe e cuja uma mera situação banal se torna algo interessante de se ver.

Agora, convenhamos, é preciso assistir também o filme de mente aberta, pois a realizadora gastou litros e mais litros de sangue do qual nos passa a sensação de estar saindo para fora da tela. Aliás, o crime cometido contra a protagonista é tão inverossímil que a única maneira de aceitarmos aquilo é cair na real que estamos diante de somente um filme, mas que tem algo a dizer mesmo quando se curva para o absurdo. Uma vez aceitando isso aproveitamos a sessão ao vermos a protagonista sair viva de uma situação inusitada e fazendo a gente querer em começar a carregar um isqueiro por segurança.

Após isso, não é preciso ser gênio que a personagem partirá para a pura e simples vingança, onde atriz Matilda Lutz deixa de lado toda a sua beleza para se transformar em uma verdadeira caçadora em busca pela sua preza. Do elenco masculino, se destaca Kevin Janssens ao construir um ser extremamente machista e que não mede esforços para ficar acima de seus colegas e de sua própria amante para não se sentir rebaixado. O típico homem que tem tudo, mas que no fim se encontra podre por dentro.

Voltando a direção de Coralie Fargeat, pode-se dizer que não é muito difícil de comparar a sua forma de filmar com o lado autoral de David Cronenberg. Em ambos os casos, por exemplo, há um desejo em mostrar a pele dos protagonistas de uma forma quase obsessiva, principalmente quando as peles se encontram ensanguentadas e se alinhando com qualquer ferro que surge em cena. Contudo, esse alinhamento entre organismo e o ferro é algo recente visto no cinema da França e cujo títulos como "Titane" (2021) simplifica muito bem essa tendência vinda de lá.

Porém, creio eu, que  Coralie Fargeat não ficará presa somente pela tendência do momento e buscará realizar filmes com alma própria como um todo. Se há alguma dúvida sobre isso atenção para o ato final cujo um plano-sequência que acontece no cenário principal da trama é desde já uma das melhores cenas que eu já vi no cinema recente e provando que não é preciso pirotecnia para se criar incríveis cenas, pois basta criatividade e o desejo em domar a câmera. Neste último caso, ao meu ver, Coralie Fargeat fez o seu dever de casa.

"Vingança" é o filme de estreia de  Coralie Fargeat, mas que desde já demonstra uma visão particular sobre fazer cinema autoral de qualidade e que terá muito a dizer daqui para frente. 

Onde Assistir: Netflix.  

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