Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, Martin ganha um irmão judeu adotado. A época é difícil para todos, mas a família tenta suportar os obstáculos e permite que os garotos estudem música. Um deles desaparece, e as pistas surgem 45 anos depois.
A música é uma arte que energiza o ser humano por dentro e por fora e que faz com que exorcize os seus demônios interiores. Já a religião, talvez, tenha sido criada para que o homem possa acreditar em algo maior do que ele, quando na verdade existe a possibilidade de que nós mesmos possamos fazer o nosso próprio milagre. "O Cântico dos Nomes" (2019) transita entre a arte, a razão e a fé e das quais podem se alinhar dependendo da jornada de cada um venha a trilhar.
Dirigido por François Girard, o filme começa em meio à Segunda Guerra Mundial, na Europa, Martin (Misha Handley), um menino de 9 anos de idade estreita laços com seu mais novo irmão de consideração, Dovidl (Jonah Hauer-King), um judeu refugiado em Londres. A admiração de Martin com relação a Dovidl fica ainda maior quando ele descobre que seu irmão é um prodígio do violino. Anos depois, justamente no dia de um grande concerto de música, Dovidl foge sem deixar nenhuma pista, causando uma enorme insatisfação na família. Porém, mesmo com um cenário tão caótico, Martin mostra que somente a música pode ser capaz de resolver as mais difíceis situações.
Não faltam filmes em que a trama explora as motivações que levam uma pessoa desistir de tudo e embarcar em uma nova encruzilhada, pois basta pegarmos como exemplo o clássico "O Selvagem da Motocicleta" (1983) de Francis Ford Coppola. Porém, enquanto naquele filme não há uma explicação plausível qui a situação é inversa, principalmente pelos inúmeros flashbacks que moldam a trama e fazendo com que tenhamos uma ideia das motivações e sobre o que incomoda Dovidl. O diretor François Girard procura não deixar essas passagens complexas, pois deseja que o espectador siga o fio narrativo e alinhado com os seus respectivos atores e que se parecem com as suas contrapartes de três épocas diferentes.
Neste último caso o veterano Tim Roth é que se sai melhor em cena, pois ele consegue transmitir para nós toda a confusão mental que o seu personagem traz consigo por vários anos, pois busca de todas as formas compreender as motivações que levaram o seu irmão de criação em desistir de tudo. Por outro lado, é preciso reconhecer que os atores que interpretam as três fases da vida de Dovidl não ficam muito atrás, principalmente quando Clive Owen surge em cena mesmo na reta final da trama. Aliás, só acho uma pena vê-lo tão pouco no cinema e tendo se dedicado mais em produções para a tv nos últimos tempos.
Voltando ao filme, a trama transita por uma questão delicada com relação ao talento e a fé do homem que carrega consigo. Se por um lado o mundo da música é o que fez de Dovidl ser o que ele é, por outro lado, a religião é um território que o fez transitar entre a fé e a descrença, principalmente com relação as tragédias cometidas pela insanidade do homem em tempos de Segunda Guerra. Portanto, ao fazer da religião uma espécie corrente que puxa o protagonista para novos rumos isso faz com que a trama soe forçada em alguns momentos, principalmente em tempos em que o papel da religião anda corroendo os principais poderes do mundo.
Porém, há de se reconhecer que a cena que representa o título do filme como um todo é digno de nota, sendo muito bem filmada, possuindo um peso significativo e que que somente o povo Judeu reconhece o seu verdadeiro significado. Ao final, talvez a religião esteja em nossas vidas para dar um empurrão para sermos mais virtuosos em vida, mesmo tendo que sacrificar algo que estava sendo planejado ao longo de nossa estrada. No final das contas, independente de qual religião, todos iremos para o mesmo caminho, a diferença é qual será o seu tipo de percurso.
"O Cântico dos Nomes" é a busca pela verdade sobre as motivações do protagonista e do qual transita entre a razão, fé, descrença e loucura.
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