Segue a programação do Clube de Cinema nesta terça-feira.
CICLO COMÉDIA ROMÂNTICA
Sessão comentada Clube de Cinema
ENTRADA FRANCA
Local: Sala Redenção, Campus Central da UFRGS
Data: 09/05/2023, terça-feira, às 19:00 horas
"O Inventor da Mocidade" (Monkey Business)
EUA, 1952, 97 min, legendado, 12 anos
Direção: Howard Hawks
Elenco: Cary Grant, Ginger Rogers, Marilyn Monroe, Charles Coburn
Sinopse: Um professor e sua mulher desenvolvem uma pílula que retarda o processo de envelhecimento. Eles testam a droga em si mesmos e o efeito é inesperado: começam a agir como adolescentes inconsequentes e aprontam muitas confusões.
Sobre o filme:
Howard Hawks não possuia exatamente uma visão autoral na realização dos seus filmes, mas é peciso reconhecer que ele movimentou o cinema norte americano na medida em que ele abracava determinado gênero. O seu "Scarface, a Vergonha de uma Nação" (1932), foi um filme que, infelizmente, foi um dos responsáveis para a criação do O código Hays, fazendo com que o diretor decidisse se enveredar para outros gêneros como a comédia e realizando, por exemplo, "Levada da Breca" (1938). Em "O Inventor da Mocidade" (1952) ele turbina o termo "comédia" para o puro pastelão e onde os personagens se envolvem em uma montanha russa sem freios do começo ao final dela.
Barnaby Fulton (Cary Grant) é casado com Edwina (Ginger Rogers) e é um cientista obcecado em descobrir uma fórmula de rejuvenescimento. O projeto é acompanhado com atenção por Oliver Oxley (Charles Coburn), seu chefe, que prevê lucros imensos caso o produto funcione. Barnaby realiza testes com alguns Chimpanzés que mantêm em seu laboratório, sem sucesso até o momento. Um deles consegue escapar de sua jaula e mistura aleatoriamente os produtos químicos da bancada de Barnaby, jogando a fórmula no bebedouro local. Ao chegar Barnaby faz uma pequena alteração na fórmula em que trabalhava e, logo em seguida, bebe um copo d'água. A partir de então ele se sente cada vez melhor, passando a fazer brincadeiras com todos à sua volta e deixando o laboratório para se divertir. Para encontrá-lo Oxley envia Lois Laurel (Marilyn Monroe), sua bela secretária, que tem uma queda por Barnaby.
Na abertura do filme o diretor já nos deixa bastante claro para não levarmos a sério em nenhum momento a trama que virá em seguida. Sempre há erros de gravação ao longo do percurso para a realização de um filme, mas acredito que quando Cary Grant abre a porta antes do previsto o diretor deve ter gostado tanto que ele decidiu manter em sua abertura. Claro que nos dá aquela sensação da quebra da quarta parede, mas também é uma dica para não exigirmos nada do filme além de altas doses de humor pastelão. Mas é exatamente isso o que acontece, porém, de maneiras mais imprevisíveis e surreais possíveis.
Para começo de conversa, eu nunca achei Cary Grant exatamente um bom ator, mesmo tendo atuado em grandes clássicos como "Intriga Internacional" (1959). Porém, é preciso reconhecer que ele está mais do que a vontade ao interpretar um cientista meio distraído e com óculos que mais parecem que saíram do fundo de uma garrafa. Não me surpreenderia, por exemplo, se o seu personagem serviu de inspiração para que Jerry Lewis criasse o seu "O Professor Aloprado" (1966).
Howard Hawks também tem a proeza de sempre criar algo em cena para manter a nossa atenção, mesmo com a não presença de humanos e dando destaque aos Chimpanzés dentro da trama. É nesse momento que ficamos de boca aberta, pois o Chimpanzé visto na tela parece ter consciência sobre o que está fazendo, ao misturar os produtos químicos e coloca-los no bebedouro. O seu sorriso, por exemplo, nos deixa claro que ele quer aprontar e despertando em nós facilmente a nossa rizada.
A partir daí o filme se torna uma verdadeira montanha russa de humor desenfreado, com o direito de termos um Cary Grant agindo como um jovem rapaz e fazendo todas as loucuras ao lado da secretária interpretada por Marilyn Monroe. Curiosamente, não deixa de ser espetacular as cenas em que ambos se encontram correndo nas avenidas da cidade, com direito de quase sofrerem um acidente espetacular e não devendo nada aos filmes de ação. Bons tempos em que se fazia os filmes com a mão na massa e não deixando somente com o CGI como se faz hoje em dia.
O ato final nos reserva momentos em que tudo é jogado para o alto, principalmente pelo fato da personagem de Ginger Rogers também beber a fórmula e se transformar em uma verdadeira pirralha. Daqui em diante tudo perde a sua lógica, devido aos desencontros, Cary Grant brincando de índio com crianças e sendo confundido com um bebê na reta final da história. Em meio a tudo isso, temos uma Marilyn Monroe perdida sobre tudo o que está acontecendo, mas cuja a sua personagem serviria de modelo para a construção de sua carreira e entrando, enfim, para a história.
"O Inventor da Mocidade" é aquele clássico pastelão ingênuo em que você precisa desligar o seu cérebro para se divertir perante aos diversos absurdos que acontece na tela e cujo o humor inocente nos conquista.
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