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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 2 de maio de 2023

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Terceira Guerra Mundial'

 Nota: Filme exibido para os associados no dia 22/04/23

Sinopse: Depois de ter perdido a mulher e o filho num terramoto, Shakib (Mohsen Tanabandeh) sobrevive como pode com o parco dinheiro que ganha a trabalhar na construção civil. Sem lugar para morar, dorme onde calha. A única coisa que o prende à vida é Ladan (Mahsa Hejazi), uma prostituta surda. 

Até uns quinze anos atrás o cinema Iraniano era um tanto que restrito para os olhares do restante do mundo, sendo que quando a gente falava sobre os filmes de lá pensávamos somente em cineastas autorais ilustres como Abbas Kiarostami ou Jafar Panahi. Porém, nos últimos anos, cada vez mais realizadores tem chamado atenção do público e tendo os seus títulos distribuídos ao redor do mundo e sendo premiados em diversos festivais. "Terceira Guerra Mundial" (2022) possui uma trama emblemática da qual poderia ser criada em qualquer outro país, mas o cinema iraniano provou que deseja diversificar.

Dirigido por Houman Seyyedi, o filme conta a história de um sem-teto chamado Shakib (Mohsen Tanabandeh) que sobrevive com o que tem e tenta obter uma relação com Ladan (Mahsa Hejazi), uma prostituta surda. Em certa ocasião ele consegue um emprego em uma determinada construção. Logo se percebe que estão filmando e fazendo uma reconstituição dos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial.

Se você vai assistir ao filme com pouca informação isso faz com que se surpreenda com a obra como um todo, principalmente pelo fato de o título fazer com que tenhamos outro pensamento com relação ao conteúdo. O trabalho em que o protagonista se envolve, por exemplo, vai somente aos poucos sendo revelado, sendo que achamos em um primeiro momento de que se trata de um canteiro de obras, mas quando é revelado de que se trata de uma filmagem ela vem de surpresa. Curiosamente, chegamos até mesmo ficar tensos no início, já que o modo como tratam os figurantes é um tanto que bruto para dizer o mínimo.

A meu ver, o filme é uma crítica ácida aos tempos de hoje em que estamos vivendo, onde não temos exatamente uma nova guerra mundial, pois já convivemos com ela, seja na questão de sobrevivermos para obtermos o nosso pão do dia a dia, como também ao enfrentarmos um sistema cheio de regras e dos quais nos afeta de forma imediata. Embora a gente tenha poucas informações sobre o seu passado, Shakib nos passa através do seu olhar alguém que já havia obtido tudo, mas que perdeu por razões que os demais em cena não se importam, desde que ele trabalhe para que a máquina continue funcionando. Portanto, não podemos julgá-lo ao se apresentar como inocente demais com relação a personagem Ladan, pois a sua situação lhe dá o direito de sonhar mesmo quando os seus desejos sempre beiram a definhar.

No decorrer do tempo a situação fica cada vez mais tensa, principalmente quando ele esconde Ladan em um dos sets de filmagens e ao mesmo tempo um gigolo começa ameaçar ele e o extorquindo. Esses momentos acabam se tornando uma espécie de parábola com relação quando os Judeus se escondiam para não serem mortos pelos nazistas enlouquecidos nos tempos de campo de concentração. Aqui a guerra é outra, onde retrata o ser humano tentando obter o lucro através da violência, ou através de promessas das quais nunca serão compridas.

Na reta final, vemos o protagonista em um beco sem saída, onde tudo fica fora de controle e algumas verdades são expostas de uma forma jamais vista. Houman Seyyedi brinca com as nossas expectativas até o limite, ao ponto que nunca temos uma ideia precisa de como terminará a cruzada do protagonista. No final, a resposta vem de forma imediata, onde a imagem de Hitler se torna o símbolo do lado sombrio do ser humano e que pode despertar em qualquer um se não tomarmos cuidado com as nossas ações e com a do próximo.

"Terceira Guerra Mundial" testa a nossa tensão, ao fazer com que as filmagens de um filme se tornem um pesadelo psicológico e não devendo nada as verdadeiras grandes guerras do passado. 

Nota: O filme foi também exibido no último Fantaspoa de Porto Alegre. 

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