O Cidadão Ilustre
Sinopse: Um escritor
argentino e vencedor do Prêmio Nobel, radicado há 40 anos na Europa, volta a
sua terra natal, ao povoado onde nasceu e que inspirou a maioria de seus
livros, para receber o título de Cidadão Ilustre da cidade.
Vencedor do último Platino (O Oscar do cinema latino), nas categorias de melhor filme, roteiro e ator (o ótimo Oscar Martínez) O Cidadão Ilustre
levanta inúmeras discussões (como
retornar as raízes) em uma única trama,
com excelente roteiro, desfecho inteligente e boas atuações. Aliás, cinema
argentino tem esse poder: de contar histórias que se desmembram, que trazem
críticas à sociedade e que evidenciam a complexidade da natureza humana, os
seus sentimentos e atitudes que nem sempre são assim tão ‘nobres’ como parecem
ser.
O Cidadão Ilustre é
uma película que mistura humor sarcástico com drama em um teor áspero, que
convida o espectador a pensar sobre diversos aspectos acerca da sociedade
atual, seus interesses e condutas. Não é um filme de risadas gratuitas, mas tem
a dose certa de humor, é instigante e prende a atenção do início ao fim.
Os Campos Voltarão
Sinopse: No final da Primeira Guerra
Mundial, um grupo de soldados italianos enfrenta os horrores da guerra. A
tensão aumenta entre os homens, que aguardam novas ordens, sem saber até quando
vão sobreviver.
Nesse trabalho, Ermanno
Olmi volta à primeira grande Guerra de 1914 a 1918, explorando dramaticamente aquele período num
único cenário e o faz com bastante emoção e perfeccionismo. A indefinição quanto
àquilo que se passa, ao espaço onde se combate e à possibilidade da vida durar
não mais que um segundo são as bases nas quais se apoia Os Campos Voltarão.
Olmi opta por fazer um filme de guerra sem ação, sem combates, explorando
essencialmente o estado psicológico dos personagens principais.
Com isso, o cineasta explora
de forma dramática e imagem de forma a transmitir ao cinéfilo a torturante sensação
de noite sem fim nas trincheiras. Se a manipulação digital das imagens, da qual
parte o trabalho fotográfico Fabio Olmi (filho de Ermanno), traz uma palheta de
cores artificial que pode não ser esteticamente chamativa, por
outro lado essa artificialidade consegue reforçar as intenções de Olmi quanto a
transmitir o absurdo da situação que despe os personagens de um naturalismo,
mas reforça sua carga de humanidade.
Em tempos onde o humanismo em cinema está mais associado a uma exploração quase pornográfica e
piegas de dramas individuais, é bom sermos lembrados que Ermanno Olmi ainda é
um cineasta que pode ser considerado um humanista sincero, pensando acima de
tudo, e de forma quase sempre crítica, em como a raça humana consegue manter
sua dignidade acima desses dramas. Nem
sempre acertando de todo, como pode ser evidenciado por um excesso de monólogos
literários nesse Os Campos Voltarão. Mas conseguindo ainda compor quadros e
momentos de emoção pura que justificam as razões para as quais assistir ao seu
novo filme se configure numa experiência ainda intensa e gratificante.
Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram
Nenhum comentário:
Postar um comentário