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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 6 de julho de 2020

LUTO: Ennio Morricone: 1928 - 2020


O mestre  Ennio Morricone, maestro e compositor de trilhas sonoras que entraram para a história do cinema, escreveu o próprio obituário, segundo revelou seu advogado e amigo Giorgio Assuma para a imprensa italiana.  Nesta segunda-feira, na Itália. Ele estava internado há alguns dias em uma clínica em Roma após sofrer uma queda e fraturar o fêmur. Segundo Assuma, o maestro queria escrever sobre sobre si e sua morte em primeira pessoa.
No texto, Morricone se despede de sua esposa, Maria Travia, de seus filhos, netos, amigos e do diretor de cinema Giuseppe Tornatore e declara seu amor.

Leia, abaixo, o obituário escrito por Morricone:

"Ennio Morricone está morto. Anuncio a todos os amigos que sempre estiveram próximos de mim e também aos que estão um pouco distantes e os saúdo com muito carinho.
Impossível nomear a todos. Mas uma lembrança especial vai para Peppuccio e Roberta, amigos fraternos muito presentes nos últimos anos de nossa vida. Há apenas uma razão que me leva a cumprimentar todos assim e a ter um funeral privado: não quero incomodá-los.
Saúdo calorosamente Inês, Laura, Sara, Enzo e Norbert por terem compartilhado grande parte da minha vida comigo e com minha família. Quero lembrar com carinho as minhas irmãs Adriana, Maria, Franca e seus entes queridos e que elas saibam o quanto eu as amava.
Uma saudação completa, intensa e profunda aos meus filhos Marco, Alessandra, Andrea, Giovanni, minha nora Monica e aos meus netos Francesca, Valentina, Francesco e Luca. Espero que eles entendam o quanto eu os amava.
Por último mas não menos importante (Maria). Renovo a você o extraordinário amor que nos uniu e que lamento abandonar. Para você, o adeus mais doloroso."

Entre as mais de 500 trilhas sonoras para cinema e televisão em seu currículo, há composições para filmes como "Três Homens em Conflito", "A Missão", "Era uma Vez na América", "Os intocáveis", "Cinema Paradiso", entre outros. Ao longo da carreira, Ennio ganhou dois Oscars e dezenas de outros prêmios, incluindo Globos de Ouro, Grammys e BAFTAs.

Confira neste video as melhores trilhas sonoras desse inesquecível gênio do cinema e que ficará guardado para sempre em nossos corações cinéfilos por toda a vida.   

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sexta-feira, 3 de julho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: ‘Poderia me Perdoar?’

Sinopse: Uma escritora de biografias de celebridades não consegue mais ser publicada pois seu estilo saiu de moda. Para voltar às graças do público, ela começa a falsificar cartas de famosos.

A vida de um grande talento transita por momentos em que ele colhe os seus frutos como também tem que enfrentar os seus inúmeros percalços. Alguns trabalham em outros empregos para obter algum sustento, enquanto a sua verdadeira vocação acaba se tornando aos poucos um hobby indispensável. “Poderia Me Perdoar?” explora os fracassos de uma grande escritora, cuja a sua cruzada é redescobrir o seu dom na escrita de uma forma inusitada.
Dirigido por Marielle Heller, do filme “Caçada Mortal” (2014), o filme conta a história da jornalista Lee Israel (Melissa McCarthy) de “Missão Madrinha de Casamento” (2011), que sofre com problemas financeiros e não consegue a inspiração para criar um novo livro. Certo dia ela encontra a carta de uma personalidade falecida e decide forja-la para vender em troca de um valor alto. Com ajuda do seu amigo Jack Rock (Richard E. Grant) de “Logan” (2017), ela começa a ganhar bastante dinheiro mas, paga um preço muito alto durante o percurso.
Embora o filme possua uma temática diferente, não tem como a gente deixar de compará-lo com a série mais do que cultuada “Breaking Bad”, já que em ambos os casos são sobre dois grandes talentos em suas profissões, mas que se veem presos em suas escolhas e na luta para dar a volta por cima. Raramente ficamos julgando as ações de Lee, já que no seu mundo particular ela se vê em ruínas e sem muitas expectativas. Uma vez que ela começa a cometer crimes quase imperceptíveis, ela começa também a voltar a sentir gosto pelo que faz e reacendendo um fogo a muito tempo esquecido.
O filme fala sobre os grandes talentos que a gente encontra durante a vida, mas que, infelizmente, damos pouco crédito a elas. Jack Rock, por exemplo, é um desses talentos cujo próprio corpo não lhe suporta gerando posteriormente sérias consequências. Richard E. Grant dá um verdadeiro show com o seu personagem e coloca o filme no bolso sempre que aparece.
Revelada para o mundo através das comédias de sucesso, Melissa McCarthy vem desempenhando uma carreira curiosa, onde a sua transição de atriz comediante para papéis mais desafiadores vem atraindo a atenção daqueles que a assistem. Talvez a sua personagem Lee Israel venha a ser um dos seus melhores papéis até aqui, já que é uma personagem que se apresenta para nós de uma forma pouco sociável, mas que aos poucos se revela um ser desconstruído através dos seus próprios erros e do seu entorno implacável. Não há como não se emocionar em duas cenas cruciais da trama, uma que acontece em seu apartamento e outra na reta final, onde ela faz um discurso lúcido, diante do precipício que ela mesmo criou.
Com uma belíssima reconstituição da época dos anos 90, “Poderia me Perdoar?” é sobre grandes talentos presos em suas próprias bolhas e os caminhos imprevisíveis pelos quais enveredam.

Onde Assistir: Google Play Filmes.  

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quinta-feira, 2 de julho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: ‘O Chão sob os meus pés’

Sinopse: Aos 30 anos de idade, Lola (Valerie Pachner) controla sua vida pessoal com a mesma eficiência implacável que usa para otimizar os lucros em seu trabalho como consultora de negócios de alta potência. Ninguém sabe sobre a história de doença mental de sua irmã mais velha, Conny (Pia Hierzegger), ou de sua família.

Devido as inúmeras situações complexas que acontecem em nosso mundo real isso faz com que os realizadores fiquem atraídos cada vez mais por esses tempos atuais para buscar inspiração na realização dos seus filmes.  Em um mundo em que tudo é movido para obter lucro, por exemplo, é notório que isso acabe gerando ideias em que se explore os limites do ser humano perante situações em que sua mente, por vezes, fragmentada acabe se tornando o seu principal inimigo. "O Chão Sob os Meus Pés" explora mais ou menos isso, onde pessoas são movidas para obter os seus tão sonhados sonhos, mas não escapando das consequências durante esse percurso.
Dirigido por Marie Kreutzer, o filme conta a história de Lola (Valerie Pachner). Aos trinta anos de idade, ela controla sua vida pessoal com a mesma eficiência implacável que usa para otimizar os lucros em seu trabalho como consultora de negócios de alta potência. Ninguém sabe sobre a história de doença mental de sua irmã mais velha, Conny (Pia Hierzegger), ou de sua família. Mas quando um evento trágico força Conny de volta a sua vida, o domínio de Lola pela realidade parece desaparecer.
O primeiro ato do longa mostra uma apresentação gradual de sua protagonista e fazendo a gente se perguntar qual é sua real natureza dentro da história. Na medida em que a trama avança, constatamos que ela possui problemas familiares, mas ficamos na dúvida se esses problemas se restringem somente a sua irmã ou algo a mais vindo dela. Por conta disso, os realizadores nos colocam na dúvida sobre o que acontece na história, mas até certo ponto.
Infelizmente o filme se perde um pouco com relação a que tipo de gênero ele pertence e isso acontece um pouco principalmente em seu primeiro ato. É nele, por exemplo, que sentimos que o filme irá se enveredar por uma espécie de suspense psicológico, já que a protagonista sofre por estar, ou não, sendo perseguida pela sua própria irmã que está internada dentro do sanatório. Porém, o filme muda de tom e se torna um drama psicológico e como se aquele suspense jamais tivesse existido.
Se por um lado isso possa parecer um ato falho, do outro, isso é contornado quando constatamos que os roteiristas começam a explorar os males de uma mente prejudicada e de como ela pode afetar a pessoa e seu próximo. Ao mesmo tempo, o filme explora as consequências da pessoa presa as engrenagens do capitalismo, onde a própria deseja chegar ao ponto mais alto, mas correndo sério risco de fazer um grande estrago consigo própria. Isso acaba se tornando ainda mais verossímil graças ao desempenho de Valerie Pachner como Lola, pois sua personagem mantém a imagem de total controle, mas não escondendo em seu olhar uma certa confusão mental pronta para explodir devido aos problemas pessoais vindos de sua irmã.
Falando nela, Pia Hierzegger rouba a cena mesmo nos poucos momentos que surge na tela e fazendo de sua personagem e Lola se tornarem dois lados da mesma moeda. Quando as duas se encontram se percebe um jogo de persuasão uma contra a outra e fazendo a gente se perguntar sobre quem quer dominar quem nessa história. Ao final dela, constatamos que ambas acabam se tornando vítimas de suas próprias escolhas ao longo da vida, sendo que a própria Lola terá que conviver com as cicatrizes que obteve ao querer chegar a um poder que, talvez, não pudesse exatamente controlar.
"O Chão sob os meus pés" fala sobre os desafios de adquirir bons status ao longo da vida, mas pagando um alto preço ao longo dessa jornada. 

Onde assistir: Em breve no Now.  

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quarta-feira, 1 de julho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'My Happy Family'

Sinopse: My Happy Family conta a história de uma senhora de 52 anos, a Manana, professora, que mora na mesma casa que a família toda dela, pais, marido, filhos, e decide, repentinamente se mudar e morar sozinha. A decisão vai chocar sua família, até por ser uma família mais tradicional e patriarcal georgiana.

Mais uma ótima dica internacional para ser vista e revista pela Netflix. A obra escancara os dilemas que as mulheres passam em uma sociedade patriarcal com intensidade e com ótimos toques de humor. Embora se passe na Georgia, o longa dirigido por Nana Ekvtimishvili e Simon Groß possui uma trama universal ao colocar na mesa tabus reconhecíveis ao universo da mulher, colocando para fora a realidade de uma mulher depressiva perante uma realidade que ela decide virar a mesa e com um belo olhar crítico sobre a vida dela.
Com roteiro assinado pela própria Nana Ekvtimishvili, "My Happy Family" nos desvenda de forma gradual os atritos da sua curiosa protagonista. Ao contrário da sua enorme família, Manana se expressa através do seu olhar e dos seus gestos que falam como um todo. Além do incrível desempenho Ia Shugliashvili, principalmente por retratar a coragem de uma mulher disposta a romper os laços de um conservadorismo vindo de sua própria família, os realizadores propõe ao fazer um profundo estudo sobre aquela realidade. Em um retrato natural, Nana e Simon são eficazes ao traduzir o complexo dia a dia da protagonista, ao estabelecer a penosa relação entre ela e sua família, usando este quadro como ponto de ignição para que possamos entender os seus dilemas mais profundos. Embora opte por não explicitar os sentimentos da protagonista, o enredo é delicado ao expor a sua solidão, a sua falta de voz e a sua inércia dentro desta família que se encontra sempre em movimento. de forma dinâmica, os cineastas permitem que o cinéfio entenda as motivações por detrás de tamanha mudanças de atitudes, transformando o envolvente primeiro ato da trama na melhor parte do filme. Sem dar muitos detalhes, mas o embate da protagonista com os seus pais principalmente, nos rendem momentos de puro humor, pois há situações que a gente assiste e se identifica e fazendo desses momentos preciosos durante a sessão.
"My Happy Family" é um filme universal, que fala sobre família, tradições e até que ponto os laços de sangue podem moldar a vida de uma pessoa ao longo de sua história.  


Onde Assistir: Netflix 

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terça-feira, 30 de junho de 2020

Cine Especial: 'Perfect Blue' - Uma Fonte de Inspiração

Sinopse: Mima Kirigoe é membro de uma banda de música pop japonesa (j-pop), chamada "CHAM!", que decide deixar a banda para se dedicar à carreira de atriz. Alguns fãs ficam descontentes com a repentina mudança de carreira, pois Mima, sendo um ídolo pop, é vista como uma menina inocente e angelical. 
Alguns ótimos filmes acabam se tornando uma forte fonte de influência para elaboração de outros ótimos filmes que vieram a nascer mais adiante. O clássico longa de animação japonesa "O Fantasma do Futuro" (1995), por exemplo, serviu como uma verdadeira fonte de ideias para que as irmãs  Wachowski criassem alguns anos depois "Matrix" (1999). "Perfect Blue" (1997) segue esse meu raciocínio, pois ao assisti-lo se percebe que o filme serviu de base para a realização de, ao menos, dois ótimos filmes do diretor Darren Aronofsky.
Dirigido por  Satoshi Kon, do filme "Paprika" (2008), o filme conta a história de Mima Kirigoe, uma cantora pop de uma banda CHAM!, mas decide se tornar uma atriz, tendo como primeiro projeto uma série de crime dramática. Muitos de seus fãs ficam chateados com sua decisão e uns deles, obcecado por Mima, começa a persegui-la e a enviar mensagens a chamando de traidora. Decidida a ignorar tais fatos, ela se preocupa com sua personagem na série que sofrerá um sequestro em um dos episódios. Sem ter noção da possibilidade de ser afetada pela cena, Mima fica traumatizada e começa a não saber distinguir a realidade da ficção. Seu problema maior começa quando seus colegas de trabalho são assassinados e as provas apontam para ela mesma.
Tendo criado um universo rico de detalhes em seu filme "Paprika", o diretor Satoshi Kon novamente nos surpreende com o seu traço simples, mas cheio de detalhes em diversas cenas e que servem até mesmo de pistas sobre o que irá acontecer mais pra frente no decorrer da trama. Embora seja uma animação japonesa o filme não é para todos, já que ele transita para momentos de suspense psicológico, cenas fortes de violência e das quais deixaram muitas pessoas chocadas. Ao mesmo tempo, o filme é uma dura crítica sobre a máquina do sistema que faz celebridades instantâneas, mas que nunca se pergunta se a mesma realmente desejava essa vida.
Como dito acima, o filme serviu de forte inspiração para que Darren Aronofsky criasse seus filmes como, por exemplo, "Réquiem para um Sonho" (2000) e, principalmente, "Cisne Negro" (2009). Aliás, a situação de Mima é extremamente semelhante com a situação da personagem de Natalie Portman, já que ambas começam a ter crises de identidade, mania de perseguição e fazendo elas duvidarem de suas próprias realidades. Se alguns achavam que "Cisne Negro" lembrava o clássico "A Repulsa do Sexo" (1965) é porque não conhecia a real paixão de  Darren Aronofsky.
Além disso, o filme é um verdadeiro quebra cabeça, sendo rico em diversas situações que nos faz perguntar quando é real e quando é fantasia da protagonista. Em alguns casos, por exemplo, temos a sensação de estarmos assistindo a um filme dentro de um filme, já que a personagem deseja se tornar uma atriz, mas não separando para nós quando está sendo ela mesma ou a sua personagem. Por essa observação, não me surpreenderia se o filme tivesse também servido de fonte de inspiração ao realizador David Lynch ao criar o seu filme "Império dos Sonhos" (2006).
Com diversos momentos de pura tensão, o filme nos prende na cadeira e fazendo com que aflição da protagonista se torne a nossa. Em sua reta final, o filme pode até entregar algumas respostas, mas fazendo levantar inúmeras outras perguntas e fazendo com que tenhamos o desejo de revisita-lo novamente. "Perfect  Blue" é uma viagem extra-sensorial cinematográfica, a frente de sua época e sendo até hoje uma forte fonte de inspiração. 

Onde assistir: Youtube. 

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segunda-feira, 29 de junho de 2020

Cine Dica: Live Seriada #1 - "François Truffaut Revisitado"


Série especial de Lives que vai analisar a filmografia do cineasta francês.
A cada Live dois filmes do realizador serão analisados pela curadora de cinema e pesquisadora da obra de Truffaut, TÂNIA CARDOSO.

NÃO PERCA!
PARTICIPE. É GRÁTIS. ACESSO LIVRE.
Live Seriada #1: "FRANÇOIS TRUFFAUT REVISITADO" com TÂNIA CARDOSO

* Filmes: 
"OS PIVETES" (Les mistons, 1957)

Curta-metragem.
Durante um verão fervoroso, cinco garotos se dedicam a espiar Bernadette e Gérard, um casal de amantes. Aproveitando que o homem vai em uma expedição alpinista, os jovens enviam para a moça um cartão provocante.

"OS INCOMPREENDIDOS" (Les quatre cents coups, 1959)
O filme narra a história do jovem parisiense Antoine Doinel, um garoto de 14 anos que se rebela contra o autoritarismo na escola e o desprezo de sua mãe e de padrasto (Gilberte e Julien Doinel). Rejeitado, Antoine passa a faltar as aulas para frequentar cinemas ou brincar com os amigos, principalmente René. Com o passar do tempo, vivenciará algumas descobertas e cometerá pequenos delitos em busca de atenção até ser aprisionado em um reformatório, levado pelos próprios pais

* QUANDO: Terça-feira - Dia 30 / Junho
* HORÁRIO: 20 horas
* ONDE: Instagram - @cardoso.taniac

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Cine Especial: 'TUBARÃO' - 45 ANOS DEPOIS


Se um filme sobrevive ao longo do tempo muito se deve ao empenho e perfeccionismo dos envolvidos. Muito disso, claro, se deve ao cineasta que se dedica de corpo e alma ao projeto, não para obter somente o lucro, mas sim para a obra ser lembrado conforme o tempo vai passando. Quarenta e cinco anos já se passaram, mas "Tubarão" (1975) continua sendo uma obra criada pelo esforço e determinação e isso muito se deve a Steven Spielberg.
Contratado pelos produtores Richard D. Zanuck e David Brown, Steven Spielberg estava vindo do sucesso que colheu pela sua realização do telefilme "Encurralado" (1971), do qual contava a história de um cidadão comum sendo perseguido sem motivo algum por um caminhão controlado por um motorista que jamais vimos o seu rosto ao longo da história. Com planos-sequências mirabolantes, além de pitadas de suspense bem ao estilo Alfred Hitchcock, Spielberg chamou atenção dos produtores logo de cara e recebendo carta branca para fazer da sua maneira o filme baseado no livro "Tubarão" escrito por Peter Benchley. Porém, mal sabia ele dos percalços que teria para realizar a sua primeira grande obra prima.
Além das dificuldades de se filmar em alto mar, os realizadores tiveram um grande problema de controle do tubarão mecânico em alto-mar, pois a água salgada fazia com que ele não funcionasse direito durante as filmagens. A solução para contornar esse problema foi criar uma verdadeira aura de suspense, onde no primeiro ato da trama quase não se vê a imagem da criatura, mas sim somente a sua barbatana e suas terríveis consequências. Dentre outras soluções também foi o uso dos barris amarelos dentro da trama e substituindo o uso do tubarão mecânico em muitas tomadas.
Basicamente o filme é dividido em dois atos, onde no primeiro é apresentado o cenário dos acontecimentos, seus personagens principais e a situação até então inédita na fictícia praia  Amity. Já o segundo ato é onde começa a caçada iminente, onde os três protagonistas, o xerife Martin (Roy Scheider), o pesquisador Hooper (Richard Dreyfyss) e o caçador Quint (Robert Shaw) vão a caça do tubarão em alto-mar. Em ambos os casos há cenas inesquecíveis, onde se há uma construção de suspense caprichada e fazendo a gente temer pelo próximo ataque que irá ocorrer.
Cinéfilo como ninguém, Steven Spielberg não esconde o seu carinho pela forma como Alfred Hitchcock filmava os seus filmes que se tornaram verdadeiros clássicos, principalmente com relação a sua obra prima "Vertigo" (1959). É por esse filme, por exemplo, que Spielberg se inspirou ao usar o mesmo recurso que o mestre do suspense havia usado, em sequência de zooms e afastamento da câmera, que dá ao público a sensação profundidade. Isso pode é visto na sequência em que uma criança se torna a segunda vítima do tubarão durante a trama.
Mas sem sombra de dúvida, em termos técnicos, o maior trunfo do filme se encontra em sua trilha sonora composta pelo mestre John Williams. Com apenas duas notas sinistras, Williams criou mais do que uma trilha sonora, como também uma espécie de alerta para toda vez que o tubarão se aproxima e fazendo com que o público fique a frente dos protagonistas com relação a sua aproximação. Em várias ocasiões Steven Spielberg sempre deixou muito claro que metade do sucesso do filme se deve ao trabalho de Williams e do qual ganhou um Oscar pela categoria merecidamente.
Mas é claro que nenhum grande filme não se sustenta se não houver um bom elenco e é isso que esse grande clássico possui através do seu trio central de protagonistas. Tanto Roy Scheider como Richard Dreyfyss estão ótimos em seus respectivos personagens, sendo ambos os dois lados da mesma moeda com relação a uma situação que testa os seus próprios limites no segundo ato da trama. Porém, Robert Shaw rouba a cena toda vez que seu personagem Quint abre a boca e seu discurso sobre o seu passado no navio USS Indianapolis é disparado o meu momento favorito da trama.
Lançado em 20 de junho de 1975 nos EUA, o filme foi contra todas as expectativas daqueles que achavam que ele se tornaria um verdadeiro fracasso. Fora o fato dos inúmeros problemas que o filme havia passado durante a sua realização, para muitos, lançar um filme na época de férias, em que muitos americanos iriam para as praias seria um tremendo tiro no pé. Ao invés disso o filme se tornou um grande sucesso, tanto de público como de crítica, se tornando o primeiro filme a chegar a marca de cem milhões de dólares de bilheteria nos EUA e inaugurando a era dos Blockbuster do verão americano.
Durante quarenta e cinco anos houve continuações, imitações, mas nenhuma superou o brilho de "Tubarão", filme que tinha tudo para dar errado, mas que acabou se tornando um grande marco cinematográfico. 

Assistir aonde: Youtube, Google Play filmes e Netflix. 

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