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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 12 de março de 2020

Cine Dica: Em Cartaz: 'Fim de Festa' - Brasil em melancólica

Sinopse: Breno e Penha conhecem Ângelo e Indira, um casal que veio da Bahia para festejar o Carnaval. Em uma confraternização, os quatro jovens se reúnem na casa de Breno, mas a Quarta-Feira de Cinzas traz uma má notícia. 

Após o golpe político de 2016 o Brasil vive uma espécie de transe, ou na melhor das hipóteses de uma ressaca moral. A sensação que se dá é que o povo participou de uma espécie de orgia das grandes, onde se podia extravasar tudo o que podia, mas se sentindo arrependido, mesmo nunca admitindo. "Fim de Festa" fala de uma sociedade desorientada, mas que tenta manter do pouco que havia sido construído em um passado mais dourado.
Dirigido por Hilton Lacerda, do filme "Tatuagem", (2013), o filme conta a história de Breno (Gustavo Patriota) e Penha (Amanda Beça) que conhecem Ângelo (Leandro Villa) e Indira (Safira Moreira), um casal que veio da Bahia para festejar o carnaval. Em uma confraternização, os quatro jovens se reúnem na casa de Breno, mas a quarta-feira de cinzas traz uma má notícia: uma jovem francesa é brutalmente assassinada por asfixia. O crime faz com que o pai de Breno (Irandhir Santos), um policial civil, retorne mais cedo de suas férias para investigar o caso.
Prestando pequenas homenagens ao clássico "O Bandido da Luz Vermelha" (1968), Hilton Lacerda cria um pequeno mosaico sobre os desdobramentos após o misterioso assassinato da francesa. O legal disso é que o realizador consegue criar uma boa crítica ao jornalismo sensacionalista, principalmente em tempos em que a internet cheia de fake news acaba tendo mais relevância do que um jornalismo profissional. Devido a isso sentimos uma sensação de fadiga entre os personagens principais e cujo o tal crime acaba se tornando irrelevante em algumas ocasiões.
Ao mesmo tempo o filme revela a face hipócrita do povo brasileiro, principalmente aquele que se diz cidadão de bem, mas que detesta o que a democracia havia criado, seja a liberdade de expressão, ou no direito de ir e vir da maneira como quer. A trama se passa horas após o encerramento do carnaval de Pernambuco, onde todos podiam fazer o que bem entender, mas revelando o lado até mesmo pouco patriótico de determinadas pessoas que se dizem brasileiras, mas que odeiam a nossa cultura. Há, por exemplo, figuras que desejam morar em países que se dizem civilizados, ou aqueles que se viram obrigados a voltar a uma terra que um dia havia sido a sua casa.
Nesse cenário, portanto, o crime acaba ficando em segundo plano na linha narrativa, mas ganhando relevância graças ao desempenho de Irandhir Santos em cena. Seu personagem, aliás, nada mais é do que uma representação de uma parcela do povo brasileiro que se encontra cansado perante a tanta hipocrisia e das mudanças diversas que ocorrem, tanto em sua vida pessoal, como também na realidade de fora do seu círculo natural. Porém, Breno é também uma representação daquele brasileiro que tenta manter ainda com o que tem, mesmo quando as mudanças invadem a sua vida, mas contornando a situação com certa desenvoltura.
O ato final transita pelo lado previsível, mas ao mesmo tempo sendo algo esperado, principalmente por querer dialogar com realidade do lado de cá da tela. O que vemos, portanto, são personagens seguindo em frente em um Brasil saído dos trilhos, mas tendo que continuarem sobrevivendo, mesmo quando outros lhe dizem ao contrário. Ao final a sensação é melancólica, mas ao mesmo tempo justa.
"Fim de Festa" fala sobre um povo brasileiro cansado, mas que se vê disposto em seguir em frente mesmo em meio aos destroços. 


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